segunda-feira, 16 de março de 2009

Um dos meus seguidores


Quero repetir por aqui uma crônica minha que foi publicada no "Blog do Aloísio", quando se chamava Panorama Araguari. É uma homenagem a um amigo, seguidor deste meu Blog, que pode não ter a noção do quanto ajudou na construção do meu destino.

OS TRÊS MOSQUETEIROS

No cardápio da infância o prato principal e mais saboroso sempre será as brincadeiras.

Tive três amigos escolares incríveis pelos quais devoto uma simpatia eterna.
O primeiro era o Antonio Marques da Silva Filho, um desenhista de primeira – chegava a produzir gibis. Sabia tudo da Segunda Grande Guerra. Lembro-me de brincarmos de “Hi, Hitler”, ele que inventou isso. Estivéssemos onde estivéssemos se fosse pronunciada tal saudação o outro tinha que largar tudo que tinha nas mãos para levantar o braço em riste, respondendo como o mesmo brado. Eu chegava cedo na sala de aula e me escondia atrás da porta para pegá-lo na brincadeira.
O pai dele foi maquinista de trem. Morreu num incêndio e o único órgão que ficou inteiro, segundo o Antonio, foi a língua. Cruzes credo!
Eu, depois da aula, ficava na casa dele, na Vila Goyas, para brincar, estudar e, o primordial – almoçar.
O segundo era o Wassil Carrero de Melo Junior, filho de um barbeiro que atendia próximo à Praça Manoel Bonito, mas morava muito afastado... lááááaaaa na Vila Paraíso.
O Wassil era craque de bicicleta e com ela íamos distante.
Eu, depois da aula, ficava na casa dele, para brincar e estudar pouco. Ele não era muito de estudar. O legal era o almoço.
O terceiro é, veja o tempo, o Adnan Assad Youssef Filho, fruto de um amor palestino e com brasileira. Morava perto da Matriz.
Engraçado, meus melhores amigos eram Filhos ou Júnior...
Foi com o Adnan que evoluí. A mãe dele pagou-me um curso de datilografia e me comprou uma máquina de escrever.
Eu e o Adnan sonhávamos em fazer um safári pela Amazônia, amávamos os indígenas. Ele sabia tudo sobre o assunto e, inclusive, era assinante da Revista “Interior”, uma edição do Ministério do Interior. Eu acabei ganhando uma assinatura que me acompanhou a vida inteira, até reformarem pra nada tal Ministério.
Não sei quando nos separamos, mas acho que ele foi pra Uruguaiana, onde o pai tinha um comércio. Ou então foi o Exército que me incorporou...
Sei que recente o localizei pela Internet em Boa Vista-RR, fazendo Antropologia. Numa viagem que ele fez a Goiânia, com escala em Brasília, nos encontramos no Aeroporto. Foi por pouco, não deu pra matar a saudade, mas tonteou.
Durante quinze anos ele trabalhou de motorista para os “Armazéns Martins” e percorreu a Amazônia. Eu também percorri um pouco, mas, pelo alto, nas asas da FAB.
Quando somos filhos de Deus nossos sonhos acontecem. Com o Adnan minha vida era um sonho.

0 comentários:

Postar um comentário