sábado, 7 de dezembro de 2013

EU SOU FUBÁ



Prato de comida

Por um prato de comida,
Deixa-se a terra natal,
Na Araguari prometida
A fome iria se dar mal.

De nove, os três pequenos,
Por um prato de comida,
Provariam do veneno
De uma avó sempre mordida.

Era um de dura lida,
Não sabia o que fazia,
Por um prato de comida
A Vódrasta obedecia.

Pra trás ficaram três,
Com a fome ainda ardida,
“Ponham pouco todos vocês,
O prato é raso de comida.”

Por um prato de comida,
Mal se quis à avara avó.
Sara então esta ferida,
Jesus desmancha este nó.

Na cidade Sorriso,
Por um prato de comida,
Fazer de tudo foi preciso,
Toda a família investida.

Uns à toa na torcida,
Ficavam de boca aberta,
Por um prato de comida,
Avançavam sempre alertas.

O pai com mínimo salário,
Invernou-se na bebida.
Partiu com meio centenário
E rareou o prato de comida.

Por um prato de comida,
A mãe com outro se ajuntou
E os filhos na repartida,
Com a filha mais velha ficou.

Abandona-se então a escola,
Pra ganhar o prato de comida,
O que o mundo mais esfola
É a fome sem medida.

A Lei de Deus foi cumprida,
Com pranto suor do rosto,
Teve –se o prato de comida
Recheado a todo gosto.

Quando a fome aperta
Troca-se por uma jazida.
Simples mingau de fubá
Vira o melhor prato de comida.

Boia fria como prato de comida,
Desce bem no agricultor.
No restaurante é sortida,
Mas que pesa na hora de por.

No quartel vai-se engajar,
Por um bandejão de comida.
Sobre o estômago a marchar
Assim é nossa vida.

Um menu de boa pedida,
Pra não ter mais sede e fome,
É encontrar a verdadeira comida,
O Poço que abastece os homens.

O Prato Nosso de cada dia,
Merece uma boa esculpida,
De suor, lágrimas e alegria
De uma alma agradecida!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Mengo, há quem não Aprov.




REGATAS

Teve um tempo que só se ouvia futebol pelo rádio e, neste tempo, eu ganhei uma camiseta do Cruzeiro, coisa simples, mas que meus coleguinhas babavam principalmente os do time sem camisa. Todos, inclusive eu, pobres um tanto e não sabíamos devido a uma felicidade gratuita.
Aquela camisa azul era envergada por grandes nomes como Dirceu Lopes, Nelinho, Tostão e o goleiro Raul em princípio de carreira, mas eu ainda não era torcedor. A bendita TV Globo, ainda em preto e branco chuviscado, começou a transmitir o futebol carioca e o paulista. A sardinha puxada para a brasa do carioca desde o sempre.
Devemos muito à Globo e sua telinha maravilhosa que nos trouxe o circo, o espetáculo, o mundo... Um idealismo pode se transformar num capitalismo para sobreviver, por isto uma corrente de intelectuais difamam a Rede Globo, mas é a selvageria dos ricos negócios que maculam mandatário, atletas e tevês.
Então com a TV eu vi o Flamengo. Havia um driblador esculachado que me chamou a atenção – Paulo César Caju. Sempre gostei do esculacho, mas depois dele veio o Zico e toda esta história onda do Clube de Regatas Flamengo.
Fui ao Maracanã na última conquista. Não sou mais aquele menino pobre, mas não posso me dar ao luxo de sair do interior goiano para simplesmente ver o Mengo a mil e duzentos quilômetros. Consegui um passageiro para dividir comigo as despesas de combustível e pedágios.
Meu filho terminou um curso militar coincidente com o jogo e fui à sua formatura. Matar dois coelhos com uma cajadada e ainda levei um cartaz de cunho político para lançar um protesto sobre o executivo araguarino. Araguari é minha mãe adotiva.
Eu já morei no Rio em 82 e 91 e frequentei o velho Maracanã. Gostava mais dele que do atual. Futebol era de pessoas mais humildes, menos em alegria desdentada. Havia vendedores ambulantes de todo jeito e que entravam gratuitamente. Vendiam cervejas, água, amendoim torrado, geladão (nome do picolé), mate gelado e outros petiscos infantis. Hoje a polícia e guarda municipal confisca tudo, mesmo fora do Maraca. Cerveja, o principal combustível do torcedor, só na Copa do Mundo. Só o bilhete de entrada custou duzentos e cinquenta reais e o transporte até o estádio ainda é caótico aquele trem. Comprar ingressos pela internet democratizou e ampliou as vendas, mas tornou-se seleto também.
A torcida é uníssona, ainda que sem maestro aparente. No jogo da final iríamos vibrar muito com apenas o zero a zero, mas duas bolas com endereço certo carimbou a faixa e ficamos sem noção, tri-campeão, nunca poucos sempre roucos, multidão.
O novo Maracanã treme menos, pois não tem coração acelerado, bolso e bolsa. Nesta final da Copa do Brasil meu vocabulário só tinha a palavra Mengo enquanto que noutros dicionários curriculares omitem este povo, esta nação de vasto território e mares, cercada de inimigos por todos os lados.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Maitê Tética


PT SAUDAÇÕES

Maitê, a respeito da subjetividade conceitual que se recai sobre o Partido dos Trabalhadores eu não posso concordar, mas jamais impedi-la de flamular esta bandeira. Não é caso pessoal, mas coletivo. O PT nasceu dentro da Igreja e tem caminhado aparentemente sem Deus. Vai ver é porque ainda tem o Lula e brilha uma estrela lá lá, trá lá lá, tró ló ló. Não posso precisar desde quando tenham seguido esta estrela cadente, que cai.
Se hoje criticam os intelectuais é sabido aos quatro ventos que muitos desses foram seus generais. O PT não nos legou nada de novo às exceções da esperança que se eterniza e o fanatismo de correligionários marsupiais arraigados na teimosia. Estes que ora o nosso Supremo condena, muito brando por sinal as penas, haverão de perante a existência de Deus, em última instância, declararem-se inocentes e, em uníssono o grito de guerra: Eu não sabia.
Houve um tempo em que a palavra pacto foi amplamente difundida por este grupo e caiu em desuso sob a batuta deles no comando. Quando devíamos satisfações ao FMI, havia uma carta de intenções sociais que se concretizavam em grande parte por nossos soberanos. Hoje amargamos falácias das falsas promessas e compromissos de boca pra fora, sem que fiscal algum dê jeito. Mandatários dividem entre si fatias recheadas do bolo onde migalhas saltitam nas mesas dos demais.
Seu pai, dono de bar, tinha o costume de testar a honestidade dos funcionários deixando, como que distraidamente, uma nota sob uma garrafa de 51 e ficava observando, como uma águia, por sobre os óculos, isca e vítima. Petistas contentavam-se com a garrafa de 51, mas hoje também levam a nota.
O PT virou um time e os correligionários, são como torcedores de futebol. Pouco importa se o gol foi contra, se o juiz roubou ou se a sorte ajudou, mas o importante é o resultado. No fim arrotam superioridade e, nem que a vaca tussa, trocam de time.
Quando o Cristovam Buarque deixou o Partido, por exemplo, pensei que outros intelectuais o seguiriam, mas alguns “boffs” ficaram com o estigma da desculpa: Deus ainda está conosco!
Não me venha falar que outros partidos, como o PSDB, estejam contribuindo sorrateiramente para difamar o PT, pois todos são aproveitadores desde seus estatutos e derrocar o outro é o mandamento maior.
O PSDB também foi usuário de mensalões ou mensalinhos? Claro que foi. Isto é Brasil onde tudo começou com negociatas e escravidão. O certo é que o PT é a bola da vez e devemos concentrar nesta bola vermelha, como a sinuca, para depois encaçapar a azul, noutra tacada. Se fôssemos hábeis daríamos uma tacada só, mas falta giz até para nossos professores e o buraco é mais embaixo.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Somos todos hipócritas – Viva o Prefeito!


Somos todos hipócritas – Viva o Prefeito!

Assim como existem eclesiásticos pedófilos, também, de santinhos, políticos têm apenas aquele papelzinho fajuto de campanha, com imagem retocada, inclusive eletronicamente, e feitos, ou a fazer, maiores que os trabalhos mitológicos do semideus Hércules.
Somos conscientes da demagogia e que, dum jeito ou de outro, bandeiraremos pelo que mais poderá fazer por nós, no particular ou no coletivo, preferência no particular.
Não existe governo bom, na realidade, em qualquer caso, nós que somos os bonzinhos e que estamos fazendo pra eles.
Por quê gastam mais na campanha que no somatório dos salários de todo o mandato? Qual a vantagem de ser ridicularizado, julgado e condenado como o mais vil dos criminosos? Não existem analfabetos políticos. Quanto mais bobo mais apaixonado e influente no sufrágio.
Os corruptos também ficam magoados e sua contrapartida ao desafeto também entra para o rol da impunidade.
A função política é uma negociata diuturna de quem dá mais. É um troca-troca, dança de cadeiras, traições e mazelas repugnantes. Ao cidadão de ponta de linha sobram choros, xingamentos e voto repetido.
Atiramos no Tiririca o voto vingativo e acertamos uma meia dúzia de mensaleiros fichas limpadas por desembargadores infringentes. O apelido do palhaço abestado deveria ser legendário e, pasmo-me, será reeleito. Se todos os congressistas fossem palhaços, ainda assim, a gente ficaria tiririca, sem alegria, portanto.
Torço para que o Caixa Dois seja zerado e quitadas todas as dívidas escusas de campanha e que surja um novo tempo democrático. Não peques mais. Que a regeneração ocorra e que, de verdade, o interesse do povo venha conforme o merecimento.

Eu sempre vou trabalhar gratuitamente em favor de um candidato de meu conhecimento e torcer pra não ser eleito político, assim o terei sempre como amigo eleito, afinal não desvirtuar é quase impossível.
Existem uns poucos bons, mas normalmente, ao longo de milênios, são crucificados e ainda dão o paraíso aos ladrões, bons ou maus.

domingo, 27 de outubro de 2013

ALAOR DOS MACACOS


ALAOR DOS MACACOS

Existem certas pessoas em que não há a necessidade de conhecer pormenores de sua existência para simpatizar-se com elas. O Alaor era meu freguês na padaria. Toda tarde ele fazia um lanche composto de um guarazinho Mineiro acompanhado de um pedaço de bolo ou outra quitanda. A propósito eu sempre dava um desconto considerável. Alguém como ele, já de idade, sempre a pedalar há de ter a minha admiração, mas Alaor ia além – Ele tinha uma carretinha na bicicleta. Nesta carreta eu o vi fazer até mudança de pobres como ele, mas o trabalho principal da carretinha era recolher lixo reciclável, um complemento financeiro de grande monta. Ele me contou que recolheu, por encomenda, uma boa porção de mini coca-cola para alguém que estava a vender pinga nesse vasilhame, mas, depois de tanto trabalho, na hora da entrega, o freguês “roeu o caroço” e não mais quis. Ele teve que ir até o lixão descartar tal carga, bem fora da cidade, em difícil trajeto. Tempos atrás poderia jogar num local próximo específico que a Prefeitura levava, mas o caminhão de lixo não faz mais este ponto.
Alaor era chamado por este apelido porque num tempo mais remoto ele tinha dois macaquinhos domésticos que faziam a felicidade dos garotos. Atualmente sua paixão estava voltada para os cachorros abandonados e, quase sempre, ia até o Lixão apenas para brincar com os cães que moram por lá. Outro dia estava muito triste, pois o caminhão do lixo esmagou uma destas criaturas. Algum desalmado deixou uma ninhada de filhotes na porta de sua casa e encontrei com ele quando buscava leite para alimentá-los. Grande Alaor!
No princípio da semana eu havia conversado com o Dr João Bernardes dos Reis, dono do Supermercado Goiandira, para dar a tarefa de entregar as compras feitas no seu comércio para o Alaor, afinal ele conhecia todos os endereços e todas as pessoas de nossa cidade. Ainda havia a vantagem de nem sequer registrá-lo, pois era aposentado com benefício. João gosto e aprovou a ideia. Na quarta-feira encontrei com o Alaor e comentei desta possibilidade de trabalho e ele ficou radiante, pois não estava compensando e nem mais dando conta de se melhorar pelo lixo.
Na Sexta à tarde veio a fatalidade ao homem bom que ajuntou tesouros nos céus. Necessariamente deve se ter feito uma força descomunal para produzir-lhe um infarto fulminante que o transportou para uma morada do Pai, onde tudo novo e cheirando a tinta, nada de lixo.
Aquele simpático senhor que trazia gratuitamente cascas de barbatimão pra se banhar a ferida da minha cadela tornou-se ausente para tantos que dele necessitavam. A arca do Noé, toda repleta, deve ser a sua vizinhança mais próxima nas alturas.
Quando cheguei ao velório, movimentado como se de rico fosse, já haviam fechado a tampa, mais ainda ouvi a história de que, há bem pouco tempo, aquele homem só, havia encontrado num garoto a possibilidade de ser seu filho. Pediu exames e comprovou. Pouca herança fica, mas uma riqueza sem fim de bons exemplos e humildade.
Até a eternidade, Alaor dos Humanos!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Toda imagem merece algumas palavras

FIGURA UM E FIGURA DOIS


                 
            Reza a lenda que uma imagem vale por mil palavras e, certa vez, em homenagem ao Dia do Fotógrafo, baseado então numa só imagem, escrevi um texto com mais de mil palavras. Comprovei então que pode valer por mais de mil palavras, mas seriam todas verdadeiras? Nem sempre a imagem reflete o que se imagina à primeira vista.
            A primeira imagem, típica do interior, pode revelar a famosa fofoqueira ou bisbilhoteira que está sempre à janela tomando conta do que se passa, mas no caso presente é uma distinta dama da sociedade vinculada a entidades caritativas e da prática intensa da religiosidade. Alguém que, como vizinha, ultrapassa todas as perspectivas do bom relacionamento e do bem servir, sendo mãos que ajudam e afagam, lábios que orientam e suplicam.
            O que levou nossa personagem para a janela, atabalhoada de afazeres, foi uma manifestação de Congada na casa da vizinha protegida. A Congada é uma dança teatral religiosa em homenagem a Nossa Senhora do Rosário. Aparentemente sem ritmo, parecendo mais uma batucada desconexa, arrasta uma multidão e é a estrela maior da Quermesse. Gente simples trajada como nobres fidalgos e com galões de generais. A falta de dentes em alguns deles não impede os dançarinos de entoar, a plenos pulmões, cânticos de louvor verdadeiro oriundos de uma devoção do fundo do coração.



            As roupas, confeccionadas com exclusividade para a ocasião, reluzem e a bandeira tremula o amor materno celestial. Há ainda cavalgadas e outras homenagens que se ajuntam aos festejos de uma semana, encerrando-se numa procissão gigantesca, sendo até decretado feriado municipal.
Além de Nossa Senhora, os santos negros, Efigênia e Benedito, são aclamados. Ao que parece uma turba de pobres ufanos, a figura dois nos mostra um jovem de cútis clara onde reside a mesma fé. Trata-se de um adorador desde criancinha, professor universitário e doutorando em ciências médicas. Ele é o segundo capitão deste Terno de Congada e, esteja onde estiver, nesta época, é como o judeu que sobe à Jerusalém para a festa.

Imagem não é tudo, mas ornadas com algumas palavras ao rodapé, não precisam ser milhares, ratifica-se toda a beleza e veracidade.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ninguém nasce grande



VERDADEIROS JORNALISTAS

            O Jornalista Márcio Marques, do Gazeta do Triângulo, generaliza a sua indignação com tabloides, talvez por covardia ou então ele seria Porta-Voz de alguma Associação de Grandes Jornais Receosos Araguarinos ou de meandros do Governo local. Hipótese levantada por que tal Governo, em qualquer tempo ou mandato, jamais será poupado pelo maior técnico em finanças públicas de Araguari. Antonio Marcos de Paulo é nosso maior patrimônio e o resto a gente vai melhorando.
            Talvez meus textos sejam incoerentes e repudiados, mas alguma coisa já desfilou pela Feira de Literatura Internacional de Parati, mas meu maior orgulho foi meu primeiro texto, em 1976, então com quinze anos, ter ocupado meia página deste jornal, Gazeta do Triângulo, ao qual nutro o maior respeito em qualquer tempo.
            Somos um tabloide, talvez de quinta, mas sai as sextas, enquanto pudermos, às nossas custas. Não vislumbramos um fim próximo, mas caso ocorra, teríamos que ter tentado e isto não foi como criado agora, instantaneamente, como diz o gazetense.
            Convidamos nosso amigo Aloísio Nunes de Faria, também do Gazeta, outra estirpe, para compor nosso grupo, mas o mesmo não vive mais só por ideal, mas principalmente pela remuneração. Quem sabe não podemos contratá-lo um dia!
            Eu me lembro do Gazeta de um homem só e um cubículo inóspito; olha o conglomerado de hoje! Benzadeus, é um negócio e tanto de poucos.
            Foi aquele libanês que, tipo por tipo, editou meu primeiro trabalho. Obrigado, Afif Rade! Nunca esquecerei a sua dactilografia com apenas os indicadores na rapidez e precisão decidactilar que eu tinha obtido, do outro lado da esquina, com a Latifa Cafrune. Você, Afif, era um tipógrafo movido pela perseverança, um ancestral desta imensa raça que povoa os noticiários temendo os visionários. Para uma criança intrometida, como eu, a tua cara sempre parecerá de um zangado. Vi você usando avental de couro e algo por sobre a têmpora, talvez um turbante, ou um boné, não me lembro direito, mas deve ser algo totalmente contraditório às convicções do intruso que frequenta asperamente as linhas do seu espólio numa arrogância de dono da verdade. Afif, se você “aparecesse” por aí, deste jeito, seria repudiado.

            Meu amigo Mario Nunes, dispa este seu sucessor da camisa da vaidade!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Onde houver água há vida


22/03 – Dia Mundial das Águas


                Há vinte e um anos a ONU, mui sabiamente, brindou o mundo com a Declaração Universal dos Direitos das Águas e este dia ficou consagrado a este líquido classificado em incolor, inodoro e insípido. Com o lugar merecido de pai sei que um bebê fala primeiro o nome da mãe e a seguir o nome da água. Mina é onde existe riqueza ou água.
            Os Direitos da Água, em visão criteriosa, talvez sejam mais importantes que os Direitos Humanos, afinal onde há água há vida, o que torna todo o planeta usuário.
            O progresso, em ritmo de lucro fácil, acabou por levar a níveis mínimos nosso estoque potável. Nossos mananciais tornaram-se esgotos industriais e acumuladores de poluentes domésticos, inclusive sólidos. A manipulação inadequada de pesticidas e extração de minérios destruiu espécies de nossos rios. Em breve estaremos na fase crítica de lidar com a escassez, coisa cotidiana de nossos irmãos nordestinos.
            A água, símbolo batismal em tantas crenças, ou benta ou fluídica, é pura mágica quando desce dos céus em disparada para o mar. Nada a aprisiona: ela fura pedras pra encurtar o caminho, mata a sede e é devolvida por animal ou vegetal, evapora, faz barulho, ilumina-se com raios e é soprada pelos ventos. Assim continua, como colocado nas Escrituras, tal como a Palavra de Deus criando novos caminhos e emoldurando montanhas.
            Em qualquer estado físico da matéria ela se encontra em pleno trabalho. Quando vapor, por exemplo, movimenta máquinas. Na forma líquida movimenta turbinas. Na forma sólida conserva a vida ou alimentos. Impulsionada rompe metais. É a maior ferramenta depois das nossas próprias mãos.
Os egípcios tinham três capitais à beira do Rio Nilo e, conforme suas cheias, eles iam mudando de capital, coisa que não aprendemos e, a cada chuva, desastres e prejuízos incalculáveis são atribuídos à calamidade e segue o bonde do esquecimento.
A mesma água que nos dá segurança alimentar remove as nossas montanhas e esburacam as nossas vidas devido à dependência de mandatários temporários descompromissados.
Não deixemos nossas águas passarem em brancas nuvens. As mulheres tornam-se, nesta luta diária de salvamento do planeta, em protagonistas ao cuidarem do lixo da maneira conveniente e do bom uso do líquido sagrado. Vamos beber bastante água, extensivo a todas as idades, mas sem esquecer que “dia de muito é véspera de nada”.


terça-feira, 2 de julho de 2013

A messe é grande



TRABALHADORES, ONDE ESTÃO?



Fechem os olhos, por favor.
Fazer silêncio é oração,
Na seara do amor,
Trabalhadores, onde estão?

Ouça bem cada palestra,
Pois a verdade não se esconde.
O Servir é mola mestra,
Trabalhadores estão onde?

O Estudo é entendimento
Das causas das nossas dores,
Mas também é alimento
Onde estão trabalhadores.





O acolhimento fraterno
É dever do Coração.
Se a vida é frio inverno,
Trabalhadores, onde estão?

Culto no lar ao acamado,
Pegue carona neste bonde,
Não há alimento sem arado,
Trabalhadores estão onde?

Passe adiante e oração,
A água contra as mil dores,
Toda a nossa evolução
É cruz de trabalhadores.


sábado, 29 de junho de 2013

Aqui e Ali Jaz


EDSON FRANCISCO PEREIRA


Chega um momento da nossa vida que sentimos a nossa realidade tão efêmera e principiada de fins. Amigos da nossa faixa etária começam a partir do campo material. O Edson Francisco Pereira, quando muito, tinha três anos a mais que eu. Esta sua partida aparentemente precoce está voltada a uma deficiência leucêmica, xeque vital ainda longe de recursos médicos ou financeiros do nosso mundo. Atuou e, como dizíamos no meio militar, e Espírita sempre: Missão cumprida.
       Naquele tempo que estávamos juntos éramos tão próximos que ele e esposa, distinto casal uma só carne, transformaram-se em padrinhos de um dos nossos dois filhos. Quantos afilhados deixou? Todos os conhecidos queriam nesta condição de quase parentes próximos ou mais.
       Nosso palco, de maior temporada, foi Brasília e o nosso cenário se desenvolvia na Asa Norte. Do meu apartamento funcional se avistava o deles, ao ponto de as comadres combinarem de que, quando uma colocasse uma fralda de uma das crianças na janela, era pra que a outra fosse visitar a uma. Eles também tiveram apenas duas crianças como nós.
       Éramos jogadores de canastra que avançávamos as madrugadas. Embora da mesma graduação militar, o Edson que, além de abocanhar um pequeno espólio de herança, sempre soube fazer bons negócios, o contrário de mim, um mero consumidor, fadado a não comerciar com lucro.
       O Exército nos separou neste País Continental, mas, ainda assim, mesmo com pouca presença física, nutrimos uma comunicação quase que escassa, porém de muita estima e admiração.
       O último presente pessoal que recebi dele foi um livro de romance espírita onde se desvendava a vida além daqui. Que ele esteja trilhando por estes caminhos do Pai que ele sempre acreditou ladrilhar.

       Certa vez alguém queria chamá-lo de Sargento Pincel, aquele personagem dos Trapalhões, e o chamou de Sargento Pastel, coisa que jamais aliviei e esta nova alcunha sempre fora utilizada por mim. Então digo-lhe: Sargento Pastel, sovado pela vida, que trilhou caminho apertado do cilindro, alegrado pelo caldo de cana, parecendo um sorriso frito crocante, sem a sua carne fica um vazio na massa. Siga em Paz, teu crédito é grande por aqui.

domingo, 26 de maio de 2013

Sobre o Primeiro de Abril?




DETECTOR DE MENTIRAS

Peguei o meu dicionário
Que pra mim nunca mentiu
Pra pesquisar os nomes vários
Da aniversariante do início de Abril!

Está presente o ano inteiro,
Um pouco em mim, mais em você,
Se for pra ganhar dinheiro
Na propaganda há de ter.

Dizem-na filha do Diabo
E é pecado venial.
É uma lábia com quiabo
Se der lucro é genial!

Saindo da boca do pescador
É lorota ou piada,
Mas do nosso governador
É só conversa fiada.

No Planalto tem projeto?
É falácia de plantão.
Se o deputado quer veto
Só o cala o mensalão.

Na criança bem novinha
O engano está presente.
É só uma mentirinha
Pra ficar obediente.

Noel e Coelho são trapaças,
Haja saco e haja ovo,
Também Circo, pão e cachaça:
Doce ilusão do meu povo.

O engodo é uma isca
Ou ausência da verdade?
Mentir qualquer um arrisca
E arrota fidelidade.

Pernas curtas tem a mentira?
Mas na internet está voando...
Enquanto o mundo gira
Mau caráter no comando.

“Diga que não estou”
É mentira inofensiva
E se pra quem procurou
Fosse última alternativa?

Vangloriar-se é tapeação,
Falsidade sem tamanho.
No Palanque da Eleição
A mentira dá um banho.

É embuste, burla e dolo,
Fraude, calúnia e logro...
Cai inteligente e cai tolo,
Cai a nora e o sogro!

Mentem filhos para os pais
E o empregado ao patrão,
Mentem muito os jornais,
Perdendo pra televisão.

Quem disser que não mente
Lança mão da hipocrisia.
É um erro comumente
Pão nosso de cada dia.

Em cada esquina uma oportunidade de amor.





Adote um amor... Adote um animal abandonado.

            Quando Deus, na manhã sexto dia, depois de tanto “Faça-se” ou “Façamos”, contemplava sua obra, resolveu, com um requinte de maior capricho, colocar a mão na massa e fazer sua obra-prima – O homem. Assim que homem e mulher foram feitos ele se deu por conclusa a sua parte e disse ao distinto casal: “- Tudo isto eu vos dou: as plantas, os animais... a natureza – Submetei-a.”
            Submeter, ao longo de nossa existência, tem sido explorar, comercializar, destruir... Fizemos tanto mal que agora parece quase que irreversível o equilíbrio da Natureza. Como Deus ainda não nos abandonou à própria governança tem plantado nas mentes e corações o amor pelo meio-ambiente, o verdadeiro submeter.
            Nesta caminhada de depredação, alguns amigos animais sempre lhe foram presentes e leais, no caso específico, encurtando, o cavalo e o cachorro. Quanto tempo próximo do homem, de dentro de casa e ainda são odiados, abandonados, maltratados. Submeter é cuidar.
            Todo animal abandonado, maltratado ou virado salame terá na, Eterna Justiça, a sua recompensa assim como os responsáveis apenados. Submeter é alimentar.
            Quem ama um animal acabará por amar também o próximo. É o nosso exercício diário. Submeter é progredir e melhorar.
            No perímetro urbano dirigir em velocidade baixa é uma declaração de amor aos desalojados. Colocar uma vasilha de água é tão necessário como o ar que respiramos. Não é pedir muito e aos poucos isto fará um bem enorme e a gente acaba por submeter, como o Cristo que deixou de ser Senhor para ser amigo e servir.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mães desafortunadas





DIA DAS MÃEDRASTRAS

            O ser humano é um projeto de Deus que tem tudo pra dar errado. Sua primeira concepção é que seja a obra-prima do Projetista, chegando a se definir como sua imagem e semelhança, quando não passa de um rascunho ou esboço feito em fim de expediente e que, o dia seguinte, seriam as férias do Criador.
            Bajulamos muito as mães e as mesmas são as principais responsáveis pelo péssimo acabamento deste ser autodenominado de humano. Ser mãe não é apenas gerar filhos, é criá-los, amá-los, educá-los e dar-lhes um norte para um mundo melhor. Se for mãe de verdade não precisa ser mais nada. A mãe, grande parte, saiu de casa como guerreira na tentativa de cobrir o erro da escolha feita do seu reprodutor e ficaram os filhos a Deus dará e mercê do inimigo.
            Minha mãe era uma guerreira, inclusive, por não verificar a frequência no boteco, nos arrumou um pai cachaceiro e destruidor de patrimônio. A desculpa é que não escolhiam os parceiros, mas e agora? Às vezes tenho impressão que quanto mais desclassificado ou aventureiro for o varão mais probabilidade ele terá de ser pai.
            Sou o sétimo de uma ninhada de nove que eram como frangotes que teriam que trabalhar como se fossem o dono do terreiro. Minha mãe foi aquela que, como o Governo, tirou dos filhos que trabalhavam para dar aos que “nunca” conseguiam emprego, de jeito nenhum por conveniência.
            Tem mãe que joga filho pela janela por causa de homem e, na falta do meu ébrio pai, tive que ir ciscar no mundo. Não sei como não me perdi mais ainda neste labirinto de oportunidades múltiplas de erros.
            Certa vez foi publicado, em pleno Dia das Mães, como desabafo meu no jornal Correio Braziliense, a seguinte frase: “Mãe, sinto muito, devo muito à senhora, mas devo mais na praça”. O Antonio Marcos nunca esqueceu isto, mas há um fundo de verdade nesta suposta brincadeira. A praça, a rua, o relento foram minha madrasta, acho que, por isto considero todos os deserdados como minha família.
O amor materno, salvas as exceções, está embutido em todo ser e mãe nãoé, pois, privilégio dos humanos. A genitora está destinada a amar e proteger até com o sacrifício da própria vida, tendo parido ou dado à luz. A mãe onça ou a vaca parida ou a galinha choca são todas mães corujas. As mães dos animais, ditos irracionais, a certa altura, parecem desprezar os filhotes, mas nada mais é do que entregá-lo ao mundo e suas vicissitudes, foi o que aconteceu comigo... Talvez não seja a atitude politicamente correta, abominável para tantos, mas no caso específico, acredito ter sido fundamental para minha evolução. Parabéns e obrigado, mãe e também à Praça Manoel Bonito.