domingo, 21 de abril de 2013

Comentemos uns aos outros





Facebookudo

Talvez hoje um dos maiores direitos humanos seja o acesso à Internet. A partir deste direito todos os outros vão sendo esclarecidos. A voz do povo tem no Facebook seus lábios que não calam, dia e noite. Neste instrumento peculiar nossa coragem aumenta, a autoestima se eleva, a inteligência se aguça, o riso é farto e os governantes despencam em conceito geral, além de não ter desculpa para esquecimento de aniversários.
            A informação, poder sem controle, transforma nossa vida pacata numa tsunami. Eu sinto necessidade principalmente do Facebook. Meus amigos assim são mais presentes e também rola um trabalho social que é a tônica do meu existir.
            Às vezes incomodo porque tantos têm uma visão equivocada do mundo que os cercam e não têm a sensibilidade de se curvarem a um ensinamento fora de sala de aula, ainda mais de um professor desconhecido e virtual. É um perigo, por menor que seja, confrontar convicções de facebookinianos.
            Eu tenho aprendido muito e, sem egoísmo algum, reparto o que posto. Todos tem algo a repartir. O dom de cada um, chamado talento, é a ferramenta que o céu nos deu para semearmos a paz e a justiça.
            No Facebook da vida todos querem vender o seu peixe ou defender seus interesses, pois o preço é barato da circulação do recado. Alguns poucos defendem o Pastor Deputado Feliciano e eu não tenho muito disposição para defender quaisquer políticos eleitos. Defendemos gays, mas eu acho os mesmos também auto-suficientes, pois na maioria são, no mínimo, ícones nas suas atividades profissionais e portadores de argumentos detonantes.
            Eu costumo defender, inclusive e preferencialmente, na vida real ou não, os famintos de comida, os de passos cambaleantes e abraços trêmulos, a natureza que toma sem reação, os animais em abandono, a vida indefesa, a água envenenada, o rosto sem sorriso, a lágrima que brota...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Goiandira - Levanta e anda




DOUTORA FERNANDA, ANDA, ANDA, ANDA...

         O tratamento de doutor (a) recai, atualmente, por direito, sobre aqueles profissionais que possuam doutorado em qualquer linha do conhecimento. No uso diário, ao longo da história, de fato só pertenciam a certa categoria da Saúde como os médicos e, recentemente odontólogos que nunca deixarão, na língua diária, de serem apenas dentistas. Os advogados também entram neste seleto rol.
         Numa concepção de necessidade a gente sai chamando de doutor (a) todos aqueles que poderão nos aliviar dos sofrimentos da carne e mente como psicólogos e fisioterapeutas.
         O fisioterapeuta ainda poderia ser tratado de curandeiro ou milagreiro, pois sua atividade, além do douto saber, requer a paciência e a capacidade de encorajar o vitimado da lesão a levantar e andar, abrir e abraçar. Com seus movimentos aparentemente fracos e pesos insignificantes vão tonificando músculos, costurando tendões e revestindo ossos.
         Desta profissão faz parte a Fernanda.   Vou falar da Fernanda, mas antes fico a imaginar os gênios da Humanidade. O Einstein, físico número um do mundo em todos os tempos, então nos Estados Unidos, foi convidado a dar aulas numa universidade ao que prontamente aceitou. Na hora da propositura salarial ele pediu a quantia de três mil dólares ao mês. Todos ficaram de queixo caído, pois isto era praticamente irrisório pelo gigantismo do profissional da educação em pauta.
         Bem, a Fernanda terá que esperar mais um pouco, pois acabei de me lembrar de outro Albert, desta vez o Sabin, aquele cientista bioquímico e sei lá mais o quê, que desenvolveu a vacina contra a Paralisia Infantil, porém por ironia do destino, terminou seus dias na cadeira de roda. Sua Fundação e Instituto continuam funcionando sob a batuta da esposa, uma brasileira. O fato é que na inauguração do Hospital Albert Sabin, um dos profissionais de Marketing, sugeriu que se convidasse o próprio cientista, o que foi descartado, inicialmente, dada à grande personalidade ou vulto de custo deste ícone. O “Marketeiro” insistiu e, no contato, Sabin veio em troca somente das passagens aéreas. Estava com saudades do Brasil...
         Grandes profissionais não precisam de dinheiro? Não é bem assim, diria a Dra Fernanda, pois conta-se que um sábio, sempre procurado para o aconselhamento real na lida do Reino e nas batalhas vitoriosas morreu de fome. O rei sempre o elogiava em praça pública, publicava editos, condecorava-lhe com medalhas reluzentes, mas algum sustento básico não pintava no prato. Sábio alimenta, se veste, se diverte e é confundido com o gênio da lâmpada mitológico.
         Um bom profissional, como a Dra Fernanda, precisa de investimento contínuo, pois técnicas aprimoram-se. A aprendizagem nunca é sem fim e, no currículo daquele que não quer ser o melhor, mas fazer o melhor para o seu alvo, o seu cliente, o seu paciente.
         A Fernanda era uma menina ainda há bem pouco tempo. Na mercearia e açougue da família, estabelecimento com portas abertas em desatenção ao calendário, ela atuava intensamente. Hoje ainda colabora com a família dentro das suas possibilidades. Ela, ali, moldou suas responsabilidades irretocáveis e inabaláveis para o resto da vida. Esta açougueira, que deve ter se entusiasmado decepando nervuras ou rasgando músculos bovinos, agora reconstrói movimentos nas pessoas acidentadas. Ela recupera a fibra, enrigece os músculos e “levanta e anda” humanos esfacelados. Fernanda é fisioterapeuta de calibre grosso. Sua competência supera, no Serviço Público Municipal, as carências múltiplas. Ela não gosta de improvisos, mas é o que se tem e não impede que um trabalho seja feito ainda que não a contento. Fernanda, sempre dedicada no fim justificando os meios, leva para o Serviço Público seus equipamentos particulares, insubstituíveis na terapia.
         Parece que será difícil mantê-la nesta nossa cidade tão carente. Que ela seja feliz onde estiver e que, por suas mãos impostas e orientações, coxos e aleijados se lembrem do Cristo, o Grande Fisioterapeuta de uma única sessão.