terça-feira, 27 de julho de 2010

Não basta ser ficha limpa - Tem que ser herói


Meu Irmão Betinho,

Recebi com pesar a notícia da sua candidatura a deputado federal 3193, por Minas Gerais, no PHS. Ser suplente de senador é o meu sonho de consumo. É de se lastimar que um homem íntegro, bombeiro heróico, pai incontestável, irmão inesquecível, filho sem precedentes, avô bonitão e cidadão do bem se misture a esta gentalha. Não há honestidade que não se corrompa na vivência palaciana do poder, principalmente nesta dita Nação Brasileira. Até você estará sujeito a negociatas no covil, apesar do imenso grau de sua honestidade.
Não tenho nada contra o PHS, ainda mais que seu contingente político é diminuto. Quando partidos ficam grandes é que a maracutaia os enlameiam. Quando o Partido é pequeno cabe ao canditato ser grande e você não é tal, no sentido de urna cheia.
Para ser um candidato de expressão deve-se figurar na mídia diuturnamente. Falta de popularidade só se compensa com muito dinheiro e você não tem. Você, como todos os seus irmãos, passou uma vida inteira cumprindo ordens como militar. Este carma familiar ensinou-nos a amar a Pátria e o povo com o sacrifício da própria vida, mas eu acho que não daria minha vida pelos políticos à exceção de você é claro.
Se você ainda fosse um jornalista, um radialista, um ator, um cantor, um jogador de futebol, uma celebridade internética ou até mesmo televisiva suas chances seriam outras – fora deste parâmetro não há urna eleitoral que grite por você.
Eu também sonho com o bem estar da pessoa humana na comunidade e na solidariedade entre todos, mas partir às ruas de um grande estado, como um cão sarnento num propósito político é uma loucura maior que o sonho.
É quase certo que nesta caminhada de tentativa de resolução de problemas coletivos você levará prejuízos desmedidos particulares em torno de um patrimônio insignificante. A não ser que na sua legenda tenha um candidato como o saudoso Enéas que transferiu votos a outros seis do PRONA. Com isto empossou um deputado federal eleito com meros duzentos votos.
Você fala que é um “Nogueira Soares” e que não desiste nunca, mas onde estão os “nogueiras soares” que venceram? Não por falta de capacidade, mas por não desejar mal a ninguém. Grandes conquistas só se fazem com inimigos vencidos e sempre quisemos levar todos abraçados.
Temos direitos aos sonhos, mas cabe-nos o dever do cálculo dos riscos. Para se eleger um deputado federal mineiro há de se ter duzentos mil votos. Eu apenas acredito que você irá contribuir para este coeficiente eleitoral de outro figurão do partido belo-horizontino ou juiz-forense. Falando nisto, o único deputado por Minas, do seu Partido, é muito famoso, escritor e tramita num grande colegiado eleitoral. Em Araguari ele conseguiu uns duzentos votos e você aumentará este número certamente para o partido. O cidadão candidato araguarino, de maior expressão local, no último pleito, teve dez mil votos do total de sessenta mil eleitores araguarinos. No pleito atual até ex-prefeito está na disputa.
Se os bombeiros, categoria a que você pertence, unissem-se a você, com exclusividade, você não chegaria a vinte mil votos em todo o estado, isto considerando também os familiares. Lembre-se, como agravante, que oficial dificilmente vota em praça.
Ainda assim, sem saber como te apoiar, pois nem voto em Minas, vou mentalmente digitando 3193 e te colocando como a melhor solução de um socorro perene para o nosso estado Natal e pelo nosso País das vantagens descabidas.
Não se aborreça com meu pessimismo, mas se tiver uma vaga de suplente de senador me avisa que eu abraço.
O cálculo que te favorece é que ao longo de quase trinta anos de serviço, como Subtenente Humberto dos Bombeiros, com média de dez salvamentos diários, você deve ter socorrido cem mil vítimas, algumas até mais de uma vez, mas a maioria nem viu o rosto do bombeiro ou nem existe ou nem vota. Em todo caso você recebia pra isto e a doação a mais feita no cumprimento do sagrado dever está em cômputo com seu Cabo Eleitoral dum reino que não é deste mundo!
Deus te acompanhe nesta empreitada, porque eu não dou conta disso não...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Meu irmão deputado federal?



COMPANHEIROS


Está oficializada minha candidatura a Deputado Federal, com certeza a mais ousada pretensão de minha vida. Digo ousada não por achar que seja coisa de outro mundo, ou de estar fora de minha capacidade, e sim por saber das dificuldades que encontrarei pelo caminho tortuoso e incompreendido que é o entendimento político da maioria dos eleitores.
Acredito que a política bem exercida, é sem dúvida a prática do amor fraterno. Cuidar do bem comum, zelar pelo que é de todos, colocar os seus talentos a serviço da Comunidade é também a forma mais concreta de amar o próximo.
Sou corajoso! Pois não é fácil levantar da poltrona, sair do conforto e segurança de minha casa e levar as minhas convicções para a rua...
Para muitos é fácil resmungar que tudo isso é uma vergonha, que nada se salva no ambiente político, que são todos uns ladrões, que querem se dar bem na vida, não se preocupando com as pessoas a quem pediram votos. Difícil é ir à luta para fazer parte da solução, andar pelas calçadas pedindo votos, olhando as pessoas olhos nos olhos, merecendo o respeito de muitos, e também agüentando o desprezo, e às vezes, que não são poucas, a grosseria de outros tantos.
A pessoa humana tem direitos naturais à vida digna, à educação, ao trabalho, à liberdade, à propriedade. Entendo esses direitos, não como meras outorgas legais, e sim como possibilidades concretas. Vale dizer também, que, a pessoa humana tem direito às condições concretas e reais que lhe possibilitem viver dignamente, trazer à plenitude, pela educação, seus talentos diversificados, trabalhar honestamente, afirmar sem coerções seus desejos e opiniões, exercitar seu livre arbítrio, possuir e, pela propriedade, realizar-se mais plenamente como ser humano.
Se a nossa vida não é o que queremos, tenha certeza que ela é apenas uma conseqüência dos nossos atos e decisões do passado, pois pensando, falando e agindo, vamos construindo, a cada dia, o nosso destino. Em outras palavras, temos grande controle sobre a maneira como somos moldados, pois uma vez criadas as causas, a vida apenas ajusta os efeitos.
Há uma forte relação entre o que pensamos e o que falamos, entre o que falamos e o que fazemos, entre o que fazemos e o que conseguimos, entre o que conseguimos na vida e a nossa própria realização interior.
Na realidade, um grande número de pessoas não se permite pensar no futuro, preferindo acreditar que este é determinado pelo destino ou pela vontade de algum ente superior, alem de nossa compreensão. Com isto justificam a sua própria passividade em relação ao mundo que os cerca. São pessoas que colhem apenas uma pequena fração da colheita que a vida tem para oferecer. Não faz sentido acreditarmos que tendo mentes próprias, devemos desistir do controle de nossos anseios.
Muito obrigado.

Araguari-MG em 06 de julho de 2010.

Sub Ten Humberto Bombeiro – Deputado Federal - 3193 - PHS

sábado, 3 de julho de 2010

Um veneno sem a taça!



PATRIOTADA

O Uruguai jogou com gana – o Brasil não.
Após a eliminação, na sexta-de-adeus nas quartas-de-final, o goleiro Júlio César entoou um choro e repetiu a manjada frase futebolística: “O jogo é onze contra onze”. Então, no caso de Brasil e Uruguai, não o foi, pois ambos terminaram com dez. Dois expulsos, mas um herói e outro bandido. Prefiro guardar da partida a maravilhosa assistência de gol feita pelo Felipe Melo a seus dois trágicos erros que contribuíram sobremaneira ao fracasso conjunto.
A frase sobre futebol, dita pelo goleiro do Dunga, parece pertencer ao simpático e hilariante Vicente Matheus corintiano, mas é a própria definição dos dicionários acrescida da origem inglesa e dá prática com os pés.
Pensando bem são vinte contra dois, pois infelizmente existem os gols contra. Nesta contagem exime-se a arbitragem que podem ser elemento modificador do resultado. Onde já se viu não corrigir erros ou reparar injustiças? O árbitro, o pior remunerado dentre todos, pode ter papel fundamental nas conquistas.
Não se pode esquecer jamais que se trata de um jogo a ser considerado como brinquedo, divertimento, molejo, astúcia... Pelo menos na sua origem.
É verdade que não estamos satisfeitos, mas ainda somos, para orgulho nacional, o campeão dos campeões. Um jogo de taças ou canecos só é considerado completo com meia dúzia, uma dúzia ou múltiplos e submúltiplos, mas falta-nos apenas uma peça pra completar um jogo.
Voa na Internet uma frase bem feita dimensionando nossa frustração: “Um Dunga, Onze Sonecas e 190 milhões de Zangados”. Com certeza, o criativo autor, jogando com as duas faces da mesma moeda, preparou também outra frase, em caso de sucesso, como esta imaginada por mim: “Um Dunga, onze Mestres e 190 milhões de Felizes”.
A FIFA pede às potências futebolísticas eliminadas precocemente para não confundirem política com futebol. É uma grande piada sem precedentes, pois o futebol é pura política com a ditadura do capitalismo.
Durante quatro anos assisto futebol em isolamento, mas no mundial meu recanto enche-se de familiares e amigos, principalmente mulheres barulhentas bem piores que vuvuzelas. Lugar de mulher é na cozinha e também na Copa. Pra elas a jabulani deveria ser um novelo, pois em campo só tem gatos.
A Bandeira Nacional, dantes isolada num mastro retumbante, agora enrola seios, adapta-se às mais variadas nádegas e viram capas de super-heróis. Verdadeira patriotada com os lascados de verde-e-amarelo.
A câmera lenta ficou mais lenta e, por vingança, a bola ficou mais rápida. A jabulani é traiçoeira, pois qualquer perna-de-pau dá-lhe o efeito folha-seca, algo que já se havia dado como sepultado.
Vou continuar a torcer, pois a Copa não acabou. Melhor agora com os sentimentos voltados pra qualquer ataque ou qualquer defesa. Torcedor sem compromisso. Devo torcer incontinenti pelo continente como pelo adeus da Ar-gentinha. Certamente faltarão os quitutes que se foram com as incandescentes torcedoras...
Na hora do gol nosso de adeus, como chacota, perguntei a um ilustre torcedor desconhecido que estava sentado na minha poltrona predileta: “Quem fez o gol?” Olhando pra tela e vendo um reserva saltitante com um colete personalizado da FIFA, disse convicto e a plenos pulmões: “Foi o Fifa”.
Como dizia Garrincha, a Copa do Mundo é um torneio mixuruca que nem returno tem, mas teorias conspiradoras, desde a Copa de 1998 de favas contadas, dizem que a Ar-gentinha será a campeã deste mundial e, em 2014, no Brasil, será a vez da Ale-manha, ou vice-e-versa. Novamente, citando Garrinha, pergunto: “Combinaram com o Neymar e o Ganso?”