sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Reality Show Global


Google Earth

Há quase trinta anos que sou usuário dos produtos de satélites geodésicos e de imageamento. É algo fantástico a evolução dos dados fornecidos e precisão dos mesmos.

Na década de oitenta ocupava-se pontos e, para determiná-los geograficamente, levava-se até uma semana. Sem contar o processamento de dados em fitas magnéticas. Hoje se determina milimetricamente em cinco minutos.

A navegação por GPS tira-nos de qualquer ponto do Globo e leva-nos para qualquer outro sempre pelo menor caminho. A latitude e longitude, antes bússola para a navegação marítima, sob os olhos dos satélites permite-nos até vigiar bens móveis. Estão presentes em relógios, celulares e um número sem fim de artigos eletrônicos.

No mapeamento cartográfico, em todas as escalas, está presente a tecnologia espacial.

Os principais satélites de imagem, ou seja, por sensoriamento remoto foram chamados de LANDSAT. Colhem imagens da superfície da Terra em escala de cinza, ou seja, tons de cores existentes entre o branco e o preto.

Dá muita mão-de-obra para determinar o que se vê na imagem impressa. As águas de rios e lagos apresentam-se bem escuras com aparência o Rio Tietê.
Para fins militares desenvolveram-se metodologias de identificação de culturas, revestimento de estradas ou localização de tropas e comboios.

Outro tipo de satélite de geração posterior foi o SPOT que saltou para uma imagem colorida e mais nítida.

Parecia o Paraíso, mas a incansável evolução trouxe-nos o IKONOS. O IKONOS produz uma imagem muito próxima da verdade, na faixa de setenta centímetros. Qualquer objeto maior que isto é descrito visualmente como tal sem margem de erro.

Tem gente que quer obter mais precisão, mas isto equivale a uma fotografia de Brasília tirada de Belo Horizonte e numa distância menor os satélites perdem vida útil.

Grande parte destas imagens está disponibilizada na Internet, a democratização mundial da informação. O Google, campeão de buscas, desenvolveu o Google Earth para arquivo de tais imagens do planeta.

Nas cidades com mais de cem mil habitantes a imagem é do IKONOS, mas a zona rural e povoações menores hão de se contentarem, por ainda um tempo, com o trabalho do SPOT, um tanto não convincentes.

Com o turismo internético, por acesso do Google, eu visito a Estátua da Liberdade, a Torre Eiffel, as Pirâmides, o Cristo Redentor, a Pedra da Gávea e ainda posso pegar as coordenas para alvejá-los com meus dois olhos espantados.

O meio ambiente é fiscalizado pelos olhos sempre abertos lá na órbita. Desmatamentos e queimadas são instantaneamente localizados. O Rio Grande do Sul, nota-se claramente, não tem cobertura vegetal abundante o que explica as inundações constantes.

Até o Banco do Brasil sem o uso de fiscais pessoais consegue, pelo satélite dedo duro, saber se o agricultor plantou a soja com o dinheiro tomado como financiamento.

A Bíblia nos declara que não podemos, e nem temos, como nos esconder de Deus. Somos imagem e semelhança e, nesta mesma medida, chegou o tempo em que não temos mais intimidade nem diante o próximo ou o distante, pois somos alvos de olhos cinematográficos espaciais, nos postes, nos muros, na fazenda ou numa casinha de sapê...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

IBOPE DE UNS BOLSO DOS OUTROS






ASSISTIR TELEVISÃO FAZ MAL?

São trinta e um canais parabólicos da “Banda C” que se apresentam nos meus quatro eletrodomésticos televisivos. Tenho tempo de assistir vários programas, mas prefiro outro veneno – a Internet – como entretenimento.
Dos referidos canais quantos são igrejas a vender os mais sagrados bens gratuitos como fé e esperança? Quantos são shoppings a vender produtos, dos quais nunca precisamos e que passam a ser a solução das nossas vidas?
Pelos canais ou leilões arrematam-se verdadeiras jóias, obra de arte, itens agropecuários, caça-se palavras, cruzam-nas, identificam-se sete erros e, pelo SMS, faz-se a roda da fortuna, composta de centavos, por “ringstones”, por notícias do clube esportivo, por piadas, por horóscopo, fofocas de estrelas, por conselhos, enfim pela interatividade celular/televisão, consegue-se a maior fatura a vencer de nossas vidas.
Ainda, dentro dos programas em andamento, estamos cercados de patrocinadores oferecendo-nos câmeras 71 ou 7 em 1, cogumelos solares, transformadores de gorduras em músculos, implantes dentários que custam o olho da cara... Falando nisto alguns dentistas tem extraídos dentes desnecessários... Será que não é pra implantar depois?
A vitrine televisiva vende de tudo como o medo, insegurança, impunidade, compensação do crime e de banais que se fazem celebridades.
Um milhão do nosso dinheiro é possível adquirir na TV com algumas respostas ou alguma entrevista na hora certa ou em férias num Hotel-Fazenda.
A TV alimenta os olhos e eles são a porta de todos os nossos sonhos. É a concretização da fábula da lâmpada maravilhosa e do gênio – esfrega-se o controle remoto e plasmam-se todos os nossos desejos.
No dia a dia os canais se digladiam numa cama de gato. Neste caldeirão todos querem uma rede de TV no globo ocular e fazem cópias, custe o que custar, um do outro. Dizem ser pioneiros ou bandeirantes, afinal o que importa é recorde de audiência com fidelidade.
Dum lado é BBB e doutro “Brothers”. O domingo pode ser legal, espetacular ou domingão, sem que nos esqueçamos de toda sexta e do sábado animado. Tudo é possível na produção televisiva que é uma escolinha muito louca, pois faz da bela a feia. Vale ressoar que cinqüenta por um não é o dobro de um contra cem.
Na TV tudo fica fantástico e a noite é uma criança no limite.
No meio da cidade a praça é nossa, mais distante a fazenda, mas o poder paralelo da TV animal faz das casas de família um verdadeiro pânico.
O jeito é ganhar mais, viver a vida e roda a roda...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sonhamos mais que vivemos.


A UTOPIA DA MONTANHA VERDE

Uma das minhas primeiras utopias literárias foi o duro propósito de escrever um livro com o título de “A Montanha Verde”, coisa que nunca amadureceu. Era eu um minúsculo na arte de pôr no papel os pensamentos, mas a fertilidade das idéias não tinha limites, o que hoje é deficiência.

Nesta época eu subia nas árvores pra conferir os ninhos e incorporava o “Rei das Selvas”. Colocava uns trapos nos olhos, um galho como espada e galopava no Sílver. A camisa do irmão mais velho virava uma capa que me dava poderes e me levava para o alto e avante. Também fazia mapas dos tesouros que indicavam minha fortuna em bolinhas de gude ou meu arco de bolinhas de sabão, tão lindas e frágeis como os sonhos.

Joguei futebol, pelada, bobinho, torneio... Talvez não do tanto que o time quisesse, mas no extremo da minha capacidade. Era o último a ser escolhido. Nesta época é que incrementei um versículo de Jesus: Os últimos serão os primeiros... a reclamar.

Aprendi a torcer pelo Flamengo e não descobri ainda como trocar de time a não ser que o “Fenômeno” me ensine. Será até morrer? Sim e comigo lá estarão os urubus em esquadrilha. Acostumado a ser maioria, na vida eterna terei que torcer pelo Inferno.

Eu acho que cantava muito bem na Igreja, pois todos olhavam pra mim. Como pequeno “cdf”, hoje chamado de “nerd”. Arquitetei me tornar padre, pois teria tempo demais pra estudar. Era o que se dizia deles. Um tio me disse que eu teria que abdicar-me de sexo e essa mentira deslavada retirou-me a batina e colocou-me na farda.

Minha religião hoje é melhorar o meio ambiente, pois meu descendente poderei ser eu mesmo, conforme a Lei reencarnacionista.

A morte das nascentes, a emissão de gases poluentes, os lixões ou o amor humano aos tóxicos são meu nudismo perante o Criador. Acredito que talvez nem possamos mais contar com Ele, pois em Gêneses, no sexto dia, ele nos deu toda a natureza e pensou em descansar.

Minha casa é verde, minha política é verde e meus apagões são verde escuro.

Sou tão verde que desisti de publicar livros, afinal derrubam-se árvores para a confecção de Best Sellers. Ainda assim uma publicação eletrônica também desmata, pois leitores do meu Blog já imprimiram oito mil folhas, o que equivale a uma média de trinta impressões por dia.

Isto mostra que a gente erra, mesmo com boas intenções, por isto que a Mãe Terra vai engolir-nos e aumentar as reservas do ”Pré Sal” poluente.


Menos por favor, menos!


Moderação

Coma com moderação. Beba com moderação. Fale com moderação.
Esta palavra é a regra da nossa vida. A sua família é composta por comedimento, diminuição, prudência, meio-termo, modéstia, tino ou precaução.

Amar fugiria à regra da moderação embora nunca amemos com toda a força necessária.

Imagine um mundo em que se apaixona com moderação, trabalha-se com moderação ou se gasta com moderação. Com certeza estaríamos em outro mundo bem melhor.

A decência pede moderação, mas a descompostura expõe-se.

A honestidade pode ser desmedida, mas a roubalheira tem que ser moderada.

As fábricas querem produzir sem moderação para lucrarem sem medida. A atmosfera pede moderação nos gases poluentes e contra ataca com o aquecimento.

Os peixes pedem moderação nos desmatamentos ciliares porque os rios estão secando. Os consumidores pedem moderação nos pesticidas porque o câncer está desmedido.

O grito de moderação nos perturba, mas o exagero fala-nos mais forte.
Gostaria de escrever muito, mas o brasileiro lê moderado. A Estatística diz que cada brasileiro lê um livro por ano. É pouco no geral, mas se tal livro for meu passa a ser fantástico. É o relativismo da Física, segundo meu amigo Adilson.

sábado, 28 de novembro de 2009

Tudo que Lula disser será perdoado.




MAL DITO POR LULA E INTERPRETADO POR MIM

Recebe-se de tudo na Internet. Verdades são poucas e boatos infindáveis. Interesses desmedidos entram em cena. Eu costumo responder a SPAM, pesquisar, verificar o teor e avisar meu contato sobre o tipo de repercussão ao se retransmitir certo tipo de notícia. Como desafio, por exemplo, outro dia, recebi algo mais ou menos assim: “30 perguntas sem respostas”. Eu as respondi.
Recebi de um contato amigo, com o título de “Jóias do Nosso Guia”, umas afirmações às quais não pesquisei a veracidade da autoria, mas parece ter DNA no Palácio da Alvorada.
Tal documento internético circulatório classifica como guia o Presidente Lula, o que não corresponde, pois ele é nosso dirigente por um tempo, depois deste tempo poderemos nem querê-lo ver mais ao passo que guia é um mentor ou mestre da nossa vida sem limitação de tempo.
Também não gostei da partícula “Jóias”, uma tentativa irônica, de autor desconhecido, à falta de domínio gramatical pelo nosso distinto líder maior. Ele é apenas um irresponsável com as palavras. Como é erroneamente taxado de analfabeto tem autoridade pra dizer qualquer coisa que, com certeza, será perdoado.
Faço oposição à continuidade no poder no Governo Federal por Lula ou quem ele apóie, mas quero justificá-lo nas sentenças atribuídas a ele como supostas frases hilárias.
Elas até podem ser brincadeira da parte dele, pois ele é inusitado, intuitivo e oportunista.

1)“Eu gostaria de ter estudado Latim; assim eu poderia me comunicar melhor com o povo da América Latina.”

Eu gostaria que ele estivesse estudado não apenas Latim, mas também grego, inglês, espanhol, italiano, alemão e eteceterês. Assim poderia até governar o mundo. Ele demonstra aqui estar preocupado com a América Latina, mas o aprendizado do Latim o ajudaria no mundo inteiro. Ele é doutor na arte do trocadilho, sim senhor! Não nos esqueçamos jamais disto: Seu bom humor é um presente presente.
Também há uma hipótese de ele estar ironizando FHC que estudou tão bem o Latim e não se fez entender como Lula neste continente.

2) “Se não tivermos sucesso, corremos o risco de fracassarmos”.

Isto é mesmo terrível, pois além de não ter sucesso pode-se até perder a posição que ocupa que está longe de um ser fracasso. Não são palavras conseqüentes uma da outra. O fracasso não estará presente pelo simples fato de não se obter o sucesso. Por outro lado você pode fracassar sem nunca ter tido sucesso. Fracasso vem antes do sucesso até no dicionário.

3) “A grande maioria de nossas importações vem de fora do País”.

A afirmação presidencial está correta porque uma minoria de importações vem do Paraguai e são produtos genuinamente brasileiros. Na lógica do Presidente, e na minha, o Brasil importa produtos nacionais mesmo.

4) O Holocausto foi um período obsceno da História da nossa Nação. Quero dizer da História desse século. Mas todos vivemos neste século. Eu não vivi nesse século.

Não sei exatamente a grafia da palavras “neste ou nesse”, mas da maneira que coloquei ficam mais ajustadas. Não as recebi assim, mas como coloquei já tornam a frase inteligível.
Realmente foi obsceno, pois o Governo Brasileiro extraditou seres humanos para o Regime Nazista executar. Em qualquer século, nesse ou neste ou naquele, o holocausto foi , é e será uma mancha que não pode desgrudar dos nossos pensamentos nem com o poder da força nuclear. Lula é uma criança pós-guerra e não presenciou tais agruras, mas, com certeza sofreu outras também discriminatórias.

5) “Uma palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante. E esta palavra é estar preparado”

Não nos esqueçamos que Lula discursa pensando diretamente nos menos favorecidos, inclusive desfavorecidos da educação da língua. Enquanto alguns pseudo possuidores do vernáculo o criticam, numa proporção terrivelmente desproporcional, a super camada baixa ouve-o entusiasticamente com lágrimas escorregadias e sem vergonha.
Ele iniciou a fala pensando na palavra “predisposto”, mas quando iria pronunciá-la, temeu não ser entendida pelo seu dileto público e a trocou pela locução verbal “estar preparado” que é o significado legítimo de predisposto. A matemática da oratória incide no resultado dos aplausos.

6) “O futuro será melhor amanhã.”

Puro otimismo. Se hoje vislumbramos um futuro promissor, no amanhã quereremos melhor ainda. Ontem nem futuro tínhamos.

7) “Um número baixo de votantes é uma indicação de que menas pessoas estão a votar.”

Ele não disse isto. Só pode ter dito “amenas” que quer dizer “que gostam ou deleitam”. Agora faz sentido, pois o número baixo de votantes é uma indicação de que só estão votando quem gosta. Os que não gostam pagam uma multa desprezível no Cartório Eleitoral e pronto.

8) ”Nós estamos preparados para qualquer imprevisto que possa ocorrer ou não.”

Mais uma vez eu apelo para o público alvo. A redundância, o pleonasmo e outros componentes da tautologia dignificam o reforço ao entendimento.
No espírito empreendedor do Presidente reina o positivismo. Estar preparado para um imprevisto é pessimismo, mas esperar que ele não ocorra é a veia ardente do otimismo nunca visto na História deste País, por isto ele acrescentou “ou não”.
Depois da palavra “imprevisto”, na frase, lógico que não precisava acrescentar mais nada, mas quem tem língua presa tem que exercitá-la sempre, recomendações da fonoaudiologia.
O torneiro Lula estava preparado para perder o dedinho e se acontecesse um imprevisto ele perderia o dedão, o pai de todos, o fura-bolo e seu vizinho.

9) “Para a NASA, o espaço ainda é prioridade”.

Concordo, mas também otimista, chegará um dia que todos os recursos deverão ser alocados para a Terra, principalmente quando já estiverem conquistados todos os objetivos siderais que se resumem em um: Ficar de olho no inimigo terráqueo.

10) “É tempo para a raça humana entrar no Sistema Solar.”

Pura energia do visionário Luís. Eu concordo em genérico, em homérico e degrau universário, afinal o Sistema Hidrelétrico inunda grandes áreas agro-pastoris exaurindo o ecossistema. O sistema Nuclear pode arranjar brigas indesejáveis com a NASA da questão anterior.
O Sistema Solar de energia aplaca até a conta de luz no final do mês, mesmo que dividamos até os limites de Plutão, vizinho desqualificado.

11) “Nós temos o firme propósito com a OTAN. Nós fazemos parte da OTAN. Nós temos um firme compromisso com a Europa. Nós fazemos parte da Europa.

Chega. Vou comentar só a frase principal: “Nós fazemos parte da Europa”.
Pra início de conversa o Casal Lula tem direitos italianos. Será que não era nisto que pensava?
Outra coisa, quando a gente chega à Europa nem precisa mudar de língua. Tem muito brasileiro lá. Nossos produtos enchem as vitrines. Postos BR, nosso orgulho, em cada esquina. Chego a imaginar que, depois do mandato, “O Cara” abandonará o MERCOSUL pra assumir a União Européia...

Ufa! Quero uma cadeira na ABL e uma carteira da OAB...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Professor, pense bem!


GREVE DO PROFESSOR

A lengalenga salarial dos professores começou não sei quando, mas vai terminar nunca. Se a Educação não tem preço não existirá também, em contrapartida, salário digno de tal carreira.

Os professores sempre foram meus melhores amigos e, uma professora, tornou-se minha consorte por azar.

Está na hora de eles fazerem uma greve ao contrário, o que logo explico.
Pelas mãos deles, excetuando os analfabetos do ABC, passam cem por cento dos eleitores, cem por cento dos políticos, cem por cento dos comerciantes, cem por cento dos consumidores, cem por cento dos industriais, cem por cento da mão-de-obra, cem por cento dos juízes e cem por cento de nós condenados.

Eu não entendo como alguém que faz a cabeça dos outros não se coloca lá dentro.

A contra greve que proponho é o redobrar de meios, tempo, dedicação, suor, impaciência, noites mal dormidas, excesso de avaliações e um aumento de reprovações, pois um cidadão, com educação forjada, consegue saúde, segurança e salário aos professores.

sábado, 21 de novembro de 2009

Animais medrosos


FOGUETEIROS

Quando Jesus disse: “Vinde a mim as criancinhas”, certamente ele se encontrava também de braços abertos aos cãezinhos, afinal atrás de uma criança há sempre tal animalzinho. Jesus, entre tantas atividades, fora pastor e, com certeza, o cão fiel era seu escudeiro.
O banheiro e o cão, no caminhar progressivo da Humanidade, foram trazidos do fundo do quintal para dentro de casa. Transformou-se paulatinamente num membro da família, um próximo.
Tenho um desses orelhudos há quase quinze anos. Há mais de três anos toma medicação, três fórmulas, para o coração. Fica o tempo todo no meu encalço e, quando me ausento, enrola-se num canto demonstrando muita tristeza.
Este cachorro é diferente de tantos outros. Enquanto alguns se escondem com medo de fogos de artifício ele corre pra cima do barulho.
Tenho também uma cadela vira-lata que treme toda com os estrondos, inclusive de trovões, e se refugia embaixo da minha cama.
Todos os dias eu passeio com os dois nas coleiras num circuito repetido e eles adoram.
Apareceu na porta de minha casa uma cadela abandonada e, ainda por cima, pneumônica. Começamos a alimentá-la, em seguida deixamo-la na garagem. Vacinamos, “antibioticamos” e já dormia também em nossos aposentos.
Eu saia para a rua e ela ia solta comigo por toda a cidade. Quando saia com os outros dois amarrados ela nos seguia solta. Esteve conosco por mais de quarenta dias até que, numa salva de foguetes, saiu correndo e desapareceu.
Eu a procurei por três dias e três noites, debaixo de sol, chuva e estrelas até que a encontrei morta – fora atropelada!
Definitivamente eu não entendo estouro de foguetes – um absurdo. Não são somente gatos e cachorros que sofrem conseqüências, mas todos os animais, inclusive silvestres. Apesar da existência de monstros humanos caçadores, ainda resta uma fauna em nossos cerrados.
Ainda hão de ser proibidos os fogueteiros, mas somos de um País em que o normal é ser um fora-da-lei.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Onde moram nossos heróis








Penúltima Morada

Um amigo disse-me certa vez que devíamos amar muito nossos filhos porque são eles que escolherão nossos asilos.
Eu não consigo me ver num asilo por abandono dos meus filhos, mas convenhamos que se a gente viver muito vai acabar prejudicando o dia-a-dia dos nossos herdeiros. A nora ou o genro tem o direito de não nos amar tanto. Uma pessoa idosa e, digamos, adoentada não suporta claridade, barulho, alimentação fora de hora e fica ranzinza, pois a vida eufórica de netos denota o fim da sua.
Num ato voluntário comecei a ajardinar a frente do asilo da nossa cidade. Em pouco tempo os velhinhos estavam à minha volta alegres com apenas a minha presença.
Sorrisos banguelas, andar manco, cabelos encanecidos, rugas abundantes, aparência doentia, jeito maluco, bengalas agressivas, membros tortuosos, membros ausentes, cacos humanos saltam aos olhos.
Sem parentes, mas com um salário invalidez que custeiam seus dias finais.
Um salário mínimo é muito pouco, mas se torna muito digno quando sustenta uma vida debilitada anos a fio. Existem idosos há mais de vinte anos persistindo em asilo.
Lá é a penúltima morada. Dali só mesmo o Campo da Esperança. Teve uma velhinha exceção, ainda lúcida, que aproveitou visita de advogados ao local e falou que tinha filhos em condições de cuidar dela. À força da Lei fora levada do asilo, mas por força da Lei e não do amor.
Um orfanato é um local de filhos sem pais e um asilo é o local de pais sem filhos. Uma diferença, porém é gritante, pois uma ou outra criança é adotada e os idosos não. Quer dizer, eu pelo menos, vez por outra, pretendo ir ao asilo buscar um idoso para passear e almoçar comigo.
Uma dica para quem quer conviver com eles: Trate-os como crianças e terá enormes possibilidades de agradá-los.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

AINDA NÃO JAZ... PERMANECE




Minha Cadela Brighithe

Com treze anos faleceu, na última passagem de ano, vítima provavelmente de cinomose, a mais grave doença canina. Era uma cadela de apartamento, adorável. Quando mudei pra Goiandira mandei gramar o quintal e provavelmente a grama, de um ambiente desconhecido, veio contaminada. Como nossa casa estava em construção esquecemo-nos de imunizar nossos caninos com a vacina devida que não passava de míseros quinze reais.
Ela morreu, mas resistiu por um mês às agruras de tal fim. Perdeu os movimentos traseiros e em fase terminal soltava uivinhos à noite. Eu a levava para Catalão de manhã, a fim de tomar soro e medicamentos e a trazia de volta à tarde. Muito carinho, dedicação, mas esvaiu-se deixando um vazio sem fim.
O veterinário, Liomar Constantino da Silva, foi muito eficiente e, inclusive, recusou-se a praticar eutanásia, caso pedíssemos, pois o sofrimento era grande.
Quando ela findou-se, em meio a dores no coração ainda fiz-lhe um acróstico com sentimentos póstumos no qual também se homenageou o veterinário pela sua conduta. Num encontro silábico de palavras independentes, em três versos seguidos, postei seu nome.
Lógico que, na primeira vertical, destaquei “Minha Cadela”...

MESCLADA POR TRÊS CORES RELUZENTES
INVADIA SORRATEIRA O AMBIENTE
NO COTOCO DO SEU RABO VELOZMENTE
HABITAVA A ALEGRIA DE REPENTE
A RAÇA NÃO DEFINIDA... DIFERENTE

CAIU DE CAMA A VETERANA TÃO ARDENTE
AGUENTOU FIRME O CINU-VIRUS RESISTENTE
DOMICÍLIO MARTIRIOSO ENTRE SEUS ENTES
E OS GRITINHOS CONSTANTE HINO DA VALENTE
LÁ NO PÓ VAI VIRAR FÓSSIL VALIOSO – DIAMANTE,
A BRIGHITHE, A NEGUINHA, TRIUNFANTE...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Gafanhotos da fé




INSETOS INCERTOS

Os insetos se multiplicaram, ou seria se expoentizaram, neste período, para servirem de alimento tanto aos pássaros quanto aos anuros e se refugiam todos em nossas casas. Parece que eles comem luz...
É a colheita de a cadeia alimentar. As cigarras, como cascas de árvores, berram sem parar com a finalidade também de esconder o grito de fome dos filhotes nos ninhos no andar de cima.
O gavião voa baixo. O terreiro em alvoroço pode se transformar em almoço. São pintinhos debaixo das asas e valentes galos emplumados.
Os pombos voam em acrobacia e aeróbicas perfeitas, uma esquadrilha sem fumaça.
Besouros insistem em voar sem a devida aerodinâmica e batem nas paredes. Caem com as pernas, ou excelentes escavadeiras, pra cima.
Os pirilampos ou pisca-piscas ou vagalumes, sei lá, são os únicos que não buscam a luz, uma vez que são fontes da mesma, seres “autótroluzes”. Uns acendem-se na traseira e outros nos faróis dianteiros, uma luz verde dizendo pode seguir.
Jesus é comparado ao peixe, mas poderia ser a um vagalume, pois ambos possuem luz própria que não se apaga como a da CELG em Goiandira.
Os peixes são vitimados, também nesta “piracemépoca”, na tal cadeia alimentar, por tantos predadores e, o pior, pelo homem - por prazer, por estresse, por vaidade, por vantagens pecuniárias e por não ter o que fazer.
Os sapos tornam os brejos alegres e, na ponta da língua, uma aleluia em nome do Senhor e um canto de louvor.
A chuva cai e não encontra o solo permeável como outrora. Escorre deixando sulcos, abrindo valas, assoreando rios e enterrando sonhos.
Não sei explicar, mas quero encerrar assim: Jesus é luz e nós somos os insetos incertos que viramos alimento de falsos pastores antes mesmo de encontrarmos a luz verdadeira do nosso caminho. É a cadeia a lamentar!

domingo, 18 de outubro de 2009

Mania de Poesia


TEMA LIVRE

Indicaram-me qualquer assunto
Para qu’eu pusesse versos,
Mas a beleza é um conjunto
Bem maior que o universo.

Falar do amor, da liberdade,
Exprimir uma ocasião
É sublime atividade
De um poeta de plantão!

As flores continuam nascendo,
As mulheres nos apaixonam,
Em Deus ainda ando crendo
E assim um verso se adiciona.

Dispersa-me o tema livre.
Fico andando em giros.
Pesquiso mais que detetive
E em qualquer alvo eu atiro.

Um autor se diz pessoa libertária
Mas ele oprime as letras
Acorrentando-as em palavras
Que se rimam e etecétera.

O tema é livre ou solto
E o quê se diz do radical?
Sem desinência fica envolto
Pela raiz de um verbal.

Para encerrar a temática
Que cobre tanta conjugação
Estou perdendo a didática
E dispersando a atenção.

Amo qualquer proposição,
Quando fico preso nas rimas.
É tão sonora a lição,
Mas meu patrão está em cima.

Não dá pra continuar
Estes versos singelos,
Mas se dinheiro eu ganhar
Não sei se farei outros belos!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aventura Ferroviária V


QUINTA ESTAÇÃO

Hoje nossa composição fez parada na Estação Lázaro Davi, em Goiandira.
Quase duas décadas de aposentado e é ainda um devoto de tal meio de transporte. Não acredita que a Rede Ferroviária retorne aos áureos tempos, mas refiz o brilho nos seus olhos com minhas boas expectativas!
Nossa produção se escoa através de biminhões e até triminhões ao passo que nossas estradas rodoviárias mal suportam carros de passeio. Tapar buracos é uma tarefa promissora na infinita contagem de votos ao passo que uma obra perene renderá lucros políticos em apenas um sufrágio eleitoral.
O sonho ferroviário é valido, pois além do transporte de produção há de se salientar o transporte de passageiros fluente e principalmente passeios turísticos. Eco-turismo equivale-se a um passeio no Paraíso.
A realização de trens-balas é uma resposta de “liberdade ainda que tardia” com inaugurações até mesmo antes da nossa Copa de Futebol ou mesmo da Olimpíada.
Infelizmente, porém, a mão-de-obra da operacionalidade será a mínima possível. A tecnologia de automação substituiu por demais as velhas turmas de trabalho.
Nos tempos da Rede Ferroviária Federal S/A, uma estação precisava de vinte e dois funcionários para por toda a máquina em movimento. Hoje a concessionária faz o mesmo trabalho com a metade da metade do pessoal. O lucro veio, mas o homem teve que multiplicar os braços e diminuir o bolso.
Não se deve deixar de enfatizar a importância das estações que deram origem a inúmeras localidades exatamente como os bandeirantes ao longo dos rios. As estradas de ferro, como os rios, proporcionam riquezas sem fim.
Seu Lázaro aposentou-se em 1991 com o equivalente a dez salários mínimos e, hoje, bi-safenado, com medicamentos de uso continuado no seu cardápio de cesta básica, malogra menos de três salários mínimos. Os ferroviários de seu tempo achavam que com a privatização fossem ganhar mais. Grande ilusão! Os que estão na Ativa além de trabalhar muito mais também foram maxi-desvalorizados em seus salários.
No princípio de suas atividades laboriais, como sapateiro, não havia outra perspectiva de emprego na região. Ainda assim, de maneira modesta, montou um armazém. Certa vez, atendendo ao Ferroviário Tõe Silva, invejou-lhe o salário e disse-lhe:
- Tõe, que maravilha este seu salário, pela metade dele eu abandonaria meu mercado. No comércio esgoto-me por demais e ainda tendo que aturar cachaceiros de toda espécie.
- Pois então te prepara porque vou te colocar num concurso onde vai ganhar tanto quanto eu.
Lázaro aceitou participar do Concurso com a promessa de que nunca se afastaria de Goiandira. Assim foi, pois Lázaro jamais se afastou das funções de Agente e Chefe de Estação no município. Foram trinta e dois anos de funcionário exemplar.
O armazém ele passou a um irmão... Que atura bêbados até os dias de hoje!
Lázaro nunca quis morar nas casas de vila da RFFSA e sempre cedeu aquela a que teria direito. Segundo ele, morar no trabalho é certeza de noites mal dormidas sem qualquer acréscimo nos vencimentos.
A União ainda pode contar com estas casas como patrimônio, mas nelas residem pessoas que, muitas vezes, nem sabe o que é ser ferroviário. Ao usuário destes imóveis a falta de direitos reais sobre tais moradias tornam o patrimônio cada vez mais dilapidado, pois ninguém reforma o que não lhe pertence, mas, com certeza destrói - o que é típico do espírito brasileiro.
Quando chefe de Estação, o Lázaro não virava uma chave de trilho e isso hoje é obrigação da função – eliminou-se consideravelmente o número de manobristas. Até maquinista sofre de solidão, pois trafega sozinho com a composição. Sua companhia, o ajudante, extinguiu-se como a máquina a vapor.
Uma serpente barulhenta, domada por um só humano, rompe no leito de sua bitola, dia e noite, com quase cem vagões de comprimento com carga superior a de duzentos biminhões, sem danificar a quase eterna estrada.
Noutros tempos os maquinistas apitavam cumprimentando a população. Havia uma interatividade e até apitos personalizados. Hoje não são cumprimentos, mas um feroz aviso mandando sair da frente!
O octogenário Lázaro Davi, segundo ele mesmo, não sabe fazer outra coisa a não ser o ofício ferroviário, mas levantei-lhe a hipótese de reatar velhas amizades do tempo de produção em busca de gargalhar e ter a certeza da missão comprida e bem cumprida.
Novas amizades também são possíveis, pois a mim ele demonstrou muita descontração, sinceridade, além de paz e bem. Isto colocado sem denotar qualquer interesse meu naquele café torrado, moído, coado e depositado numa xícara que foi duas vezes por mim preenchida.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Prova suspensa... Então fiz poesia do que estudei


Prova de Administração
Para abrir um negócio
Precisa muita explicação.
Não basta dinheiro e sócio,
Mas também Administração!

Administração tradicional
Já caiu, diz a Bentãnia.
A gestão empresarial
Em voga é a contemporânea.

Numa organização moderna
Não pode haver empáfia.
A concorrência passa a perna
Com eficiência e eficácia.

O cliente é o objetivo,
Visão e satisfação.
Circulando o ativo
Intangível é a missão.

Um planejamento enérgico
Levado a ferro e pau
Não é nem estratégico,
Nem tático e operacional.

Há de ter flexibilidade
Com as mudanças no mercado
Ética como responsabilidade
E sempre auto-sustentado.

O mundo em velocidade
Muda e pinta o sete
Muito cedo já tarde
Nas asas da internet

Criatividade em Currículo
É ponto preponderante
Ou terá um posto ridículo
Todo e qualquer estudante.

O mundo globalizado
Impões costumes e moda
O que é certo vira errado
Tecnologia é nossa roda.

Hierarquia e fluxograma
São torpedos burocráticos
Que pode jogar na lama
Administrador entusiástico.

Utilizar-se do sazonal
Com uma prévia atitude
É antecipar o Natal
Sem pedir Deus me ajude!

Tem que ser pessoa-chave
De muitas portas e fechaduras
A Organização numa nave
Têm controle as aventuras.

As oportunidades existem
Muito mais que ameaças
Àquele que forças persistem:
Sem fraquezas só há taça.

Produção sem vendas
É prejuízo no caixa,
É o Marketing que desorienta
Ou o RH com estima baixa.

O tempo é escorregadio,
Mas há como administrar.
É como o vento e o navio
Em novas terras atracar.

Consulta de opinião
É pesquisa de mercado,
Por isto preste atenção
No que deu o resultado

O Patrimônio se forma
Numa operação em balanço.
O contador seguindo normas
Todo ano há avanços.

Delegar a competência
E liberdade de criação
Atribui-se à presidência
E até a última função.

A empresa que visa lucro
Tem as finanças nas mãos
Ou então vai ao sepulcro
Fale e morre a gestão.

Tenho responsabilidade social
Escravo de taxas e impostos
Dum desgoverno nacional
Que não tem vergonha no rosto!

Minha contribuição de melhoria
Vira voto na Eleição
Com o Bolsa-família
É Parlamento por pão.

sábado, 3 de outubro de 2009

Músculos viram pó


MÁS... MÉS... MÍS... MÓS... MÚS... CULOS

Esta noite eu sonhei com um amigo falecido do qual sinto muitas saudades. Chegou-me a idade de começar a perder os amigos ou de eles me perderem...
Sargento Cavalero era sorridente, alegre, um carioca de bem com a vida. Atleta, pentatleta, pateta...
Era adepto do fisioculturismo. Daqueles com o corpo de rã acostumado com os palcos que elegiam os chamados misteres. Ele se depilava nos banhos coletivos do nosso quartel e brincava de pula-pula com seus músculos. Alvo de piadas infames e força oprimida. Passava um óleo e transformava-se num deus grego encarnado.
A simpatia dele era contagiante. Meus dois rapazolas eram pegos por ele num só golpe, com uma mão só, e aninhados na sua moto, outra robusta. Eles seguravam no Tio Cavalero com toda confiança do mundo. Era o super-herói dos meus meninos e de qualquer outro.
Já conheci muita gente forte, mas não tanto inteligente, o que não era o caso do André: O André Luis Cavalero Monteiro passou muito bem colocado no Concurso de Segurança da Câmara Federal. Mesmo fora da caserna, estando na fita lá no Congresso, ele ainda mantinha contato com a gente. Já no final de sua vida não reconhecia mais ninguém. Morreu insano.
Uma grande desvantagem aconteceu entre trocar o Exército pela Câmara, lógico que não me refiro à pecuniária, mas ao tempo de treinamento. Cavalero já não puxava tantos ferros devido às escalas intensas e pronto emprego sem fim.
A tragédia aconteceu quando, por falta de treinamento, fez uso de anabolizantes pra manter a formosura.
Pronto! Uma derrocada. Meu amigo Cavalero perdeu o tino, perdeu a força, perdeu o brilho, perdeu a vida... Desfigurou-se.
Vi um pôster no Hospital de Goiandira de outro anabolizado em agonia. Também vi no posto de saúde, mas nas academias, principais suspeitas, não são contempladas com cartazes tão horrendos, mas verdadeiros. As academias sem administração profissional são o foco do problema. Tem alguns que chegam a comer ração de cavalos pra pegar massa muscular e no fim de tudo virar pó.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Esta carta não foi impressa e meu irmão perdeu. Uma coisa não tem nada a ver com outra

Meu irmão é candidato!

Confesso quase ter desistido da Política, mas desta vez meu irmão é candidato! Qual irmão? O melhor dos oito que tenho. Pra ele eu tiro o chapéu e curvo-me perante a sua dignidade. Sou um péssimo eleitor porque, como tantos, não conhecemos os candidatos em sua plenitude. Este meu irmão eu conheço. Eu o recomendo, mas não levará meu voto, pois voto num município diferente de Araguari. Pelo menos parodiei um verso de uma música de Gean e Giovani para servir-lhe de jingle na Campanha. Noutros tempos a gente transferia o Título Eleitoral, mas foi uma candidatura relâmpago e o cidadão deverá sempre votar onde mora.
Dou a mão à palmatória com meus eleitos noutros pleitos, mas não tinha opções em meu irmão. Em Brasília eu fui eleitor de Roriz. Que vergonha! Você poderá estar rindo neste momento, mas ele era um político muito religioso. Vivia nas igrejas. Mal sabia eu que o renunciante quase cassado devia é estar pedindo perdão pelos pecados cometidos diuturnamente. Eu tinha mesmo era muito carinho com sua esposa, pois uma vez ela me deu um caminhão de cestas básicas e brinquedos pra distribuir com os pobres da Vila Estrutural. Esta foi a razão da minha cegueira. Explico, mas não justifico!
Ia me esquecendo: Meu irmão é candidato! Ele sempre foi meu amigo preferido. Ele morria de medo de alturas e acabou vivendo aventuras eletrizantes como bombeiro militar. Este sargento, de pronto atendimento, sempre protegeu os velhos e os animais. Ele está muito bonito enfeitando o santinho do Partido 31 e, com certeza, arrebatará muitos corações. Este tal Partido Humanista da Solidariedade, do qual nunca havia me inteirado, tem as iniciais muito parecidas com as iniciais do nome do meu irmão: JHS. A Igreja Católica usa estas iniciais com o seguinte significado “Jesus Homem Santo” e eu, sempre o adotei para designar meu irmão de José, Homem Santo!
Na Eleição passada, sua primeira vez candidato, e que eu distante nem soube, obteve uma votação inexpressiva, mas que o deixou suplente. Desta vez há mais ânimo, embora continue faltando dinheiro, principalmente porque está próxima a sua inativação militar e poderá dedicar-se ainda mais ao Serviço Público no qual se prontifica de corpo e alma.
Ele é muito bom no que faz. Muito jovem foi engraxate, ajudante de feira livre, trabalhador rural e atendente de bares e restaurantes. Trabalhei com ele em muitas destas ocupações, principalmente no “Bar do Bolinha” e no Zezinho do Bar Napolitano. Serviu o Exército e foi meu melhor subordinado. Chegou a cabo mecânico de equipamentos pesados. Ironia pura, pois é muito superior a mim.
Meu irmão é candidato! Foi herói a vida inteira e não virará bandido agora. Na urna eletrônica digitaria eu, às cegas, o número do bombeiro e sei que seria salvo destas bandalheiras em uma pronta ação, como sempre.
Meu irmão é candidato e, se nossa mãe fosse sua adversária, eu ainda votaria nele!

sábado, 26 de setembro de 2009

Crônica de Alexandre Garcia


A FOME E O SOCIAL E O EXÉRCITO

Quando eu servi o Exército, em 1959, e era Comandante Supremo o Presidente Juscelino, o quartel nos dava três refeições diárias, sete dias por semana. Eu nem dormia no quartel, mas antes de ir para a aula à noite, passava no rancho para o jantar. E de manhã cedinho ia para o rancho para o desjejum. Até nos sábados e domingos, ia para o 7º RI para economizar o almoço em restaurante de Santa Maria. Hoje, leio boletim do Comandante do Exército: “Considerando a vigência do contingenciamento dos recursos orçamentários do Exército e suas conseqüências restritivas, informo à Força que (...) o expediente às segundas-feiras deverá iniciar-se às 13 horas e encerrar-se às 18 horas, sem refeições.” Ou seja, segunda-feira não tem rancho, como já não tem na sexta, sábado e domingo.

Ao explicar a compra de 36 caças para a FAB, o atual Comandante Supremo, Presidente Lula confessou que já sabia dessa necessidade. “Eu não ia pensar em avião em 2003, se o país estava com fome.” Agora é o Exército que está com fome. No reaparelhamento das Forças Armadas, para 2010, a Marinha leva 2,7 bilhões de reais, a FAB 1,6 bilhões e o Exército fica com 361 milhões. De 2003 até o último semestre, as Forças Armadas tiveram uma redução de 14% em seus orçamentos. Desde os anos 80 as forças armadas vêm sendo sucateadas, enquanto muitos vizinhos se armam.

“Se queres a paz, prepara a guerra” – aconselha o dito romano. É a força de dissuasão de um país. Seria necessária? No norte, temos o bolivariano Hugo Chavez, que dispensa comentários; a oeste, na Colômbia, as FARC; sem fazer fronteira, o bolivariano Correa no Equador; mais ao sul, Evo Morales, que mandou o exército boliviano invadir instalações da Petrobrás; no Paraguai, o bispo Lugo, que já fez ameaças a Itaipu. E não me venham dizer que a América Latina é uma região pacífica. Deixando de lado a Guerra do Paraguai, lembro as mais recentes, como a do Chaco, entre Bolívia e Paraguai, por petróleo, que deixou 90 mil mortos nos anos 30. A revolução cubana, que implantou uma ditadura que já dura 50 anos e que, durante décadas, tentou exportar a derruba de governos latino-americanos. Em 1969 tivemos a Guerra do Futebol, entre El Salvador e Honduras, por uma classificação na Copa. Equador e Peru andaram trocando tiros há menos de 20 anos. Nas Malvinas, os argentinos quase provocam uma guerra no cone sul, pois invadiriam as ilhas chilenas de Beagle, se os ingleses não reagissem. A Colômbia, hoje, tem que lidar com seus vizinhos bolivarianos Venezuela e Equador, que torcem pelas FARC. E por aí vai. Dentro do Brasil tivemos, 15 anos depois de Canudos a Guerra do Contestado, que durou quatro anos e 20 mil mortos, na mesma época da Grande Guerra.

A melhor maneira de derrotar um exército, sem precisar dar um tiro, é cortar-lhe os suprimentos. Saladino derrotou assim os cruzados cristãos; a Rússia derrotou Napoleão e Hitler porque faltaram suprimentos aos invasores. Nas Malvinas, os ingleses cortaram os suprimentos da ilha. O Exército Brasileiro já recebeu 80 mil recrutas por ano. Hoje recebe metade disso. Por ano, apresentam-se 1.300.000 jovens. Já imaginaram se houvesse recursos para incorporar todos? Um exército de tremendo poder de dissuasão. E, mais do que isso, 1.300.000 jovens das classes mais pobres fora das ruas, das drogas, com três refeições por dia, preparo físico, assistência médica e dentária, aprendendo civismo, disciplina, obediência às leis e à autoridade e aprendendo uma profissão? Seria o maior programa social do país.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Em Goiandira nasce muito menino homem...




TAUTOLOGIA

Aristeu Nogueira Soares

Por mais longe que eu não tenha ido, nesta minha própria vida só subi para cima. O elo de ligação entre eu e o sucesso só pode ser o Deus Criador – o Trino Uno.
Tenho certeza absoluta que no acabamento final dos meus dias poderei não ter uma multidão de pessoas em meu derredor, mas em volta de mim todos chorarão lágrimas dos olhos.
Aposentei-me e não foi uma escolha opcional. Possivelmente poderá ocorrer que não mais trabalhe por um ressarcimento em dinheiro, mas a cada amanhecer do dia disponibilizar-me-ei de livre e espontânea vontade como uma criação nova.
Retornar de novo, juntamente com minha família, à cidade que há anos atrás foi nossa morada residencial é um desafio novo.
Todos são unânimes em falar pra eu ser vereador da cidade, mas encarar de frente o grito bem alto das urnas é coisa de santo e eu nem devoto sou.
Como propriedade característica minha gosto de planejar antecipadamente tudo que me cerca, pois odeio surpresa inesperada e a Política necessita demasiadamente de improvisos no de repente.
Serei talvez mais um no banco da praça contando em detalhes minuciosos seu último superávit positivo com sintomas indicativos de mentira.
Outra alternativa restante é que sempre gostei de conviver junto aos pobres e, como voluntário gratuito, poderei, na quantia exata, repartir com eles o meu pão de cada dia em duas metades iguais.
Amém! Aleluia! Assim Seja!

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Não é meu, mas já postei algo assim...


Faz sentido.


O BRASILEIRO É ASSIM....

- Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

- Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas..

- Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

- Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura.

- Fala no celular enquanto dirige.

-Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

- Para em filas duplas, triplas em frente às escolas

- Viola a lei do silêncio.

- Dirige após consumir bebida alcoólica.

- Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.

- Espalha mesas, churrasqueira nas calçadas.

- Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.

- Faz gato de luz, de água e de tv a cabo.

- Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

- Compra recibo para abater na declaração do imposto de renda para pagar menos imposto.

- Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.

- Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10 pede nota fiscal de 20.

- Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.

- Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

- Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.

- Compra produtos piratas com a plena consciência de que são piratas.

- Substitui o catalisador do carro por um que só tem a casca.

- Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.

- Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

- Freqüenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

- Leva das empresas onde trabalha, pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis.... como se isso não fosse roubo.

- Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.

- Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado....

- Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem...

- Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.

E quer que os políticos sejam honestos.
Escandaliza-se com a farra das passagens aéreas.
Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo, ou não ?

Brasileiro reclama de quê, afinal ?

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cantar pode ser fácil, porém traduzir...


Ao som do mar profundo e luz do céu

Do seu canto “bêbado e equilibrista” eternamente resplandece numa "manhã de setembro" um brado gentil e não um grito colosso. Uma flâmula garrida ostenta sempre plácida com penhor. Fulgura como uma estrela do Cruzeiro e espelha um verde-louro como símbolo. Não teme em teu seio fúlgido no berço esplêndido, mais amores vívidos retumbantes. Heróico passado não foge à luta. Sua voz se agiganta límpida, entre outras mil, como um florão nos lábaros. Sempre impávida da glória do passado que tenha a merecida paz no futuro. Um presente desgarrido não serve nesse instante pra desconsiderá-la por ter no Hino formoso desconhecido até mesmo a clava forte de sol. Não é a própria morte de um filho teu ou de quem te adora, pois Vanusa sempre foi idolatrada. Salve-a Salve-a!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

DILMAIS A MARINA, OUTRA SILVA DE MAIOR ESTIRPE


Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima

De todos os partidos existentes o único que sempre me chamou a atenção é o Partido Verde. Agrada-me muito o ideal e algumas características dos integrantes, inclusive registrei no Blog sobre esta minha preferência em 20 de março corrente.
Como militar na Ativa, repetindo, não se pode filiar a partido político, veto que cai quando chega à inatividade e então agora posso.
Após o Horário Eleitoral Gratuito televisivo do Partido Verde, no dia 10 último, com a exposição da mais nova filiada Marina Silva, seduzido não resisti e filiei-me. Lógico que foi uma filiação on-line, pois em Goiandira o Partido ainda não existe. Ainda não sei como se concretizará tal filiação, mas estou atento às instruções vindouras. Qualifiquei-me como filiado militante. Quem sabe funda-se um diretório no Município!
Numa busca “googleniana” evidencia-se as impressões nacionais positivas à pré-candidata ao Planalto que, embora nascitura, desponta com um índice de doze pontos percentuais. Extraordinária imagem da nossa "bissenadora" que fora vereadora e deputada estadual, sempre mais votada, além de ministra e secretária.
Uma Maria que não vai com as outras. Acabou-se a calmaria e vai ser um banho-maria.
Osmar significa calcular e marina é um porto seguro.
Silva é de silvícola mesmo, da selva.
“Vaz” é partir para um mundo melhor como uma incessante vazante.
Lima é a palavra certa para polir ou aperfeiçoar ou água que corre sem interrupção num lameiro sem tamanho.
Marinar é um verbo que vai pegar e vai temperar, com certeza, o sabor das nossas decisões.
Não há vaidades nesta gigante que andou descalça até os 18 anos por imposição da extrema pobreza. Aos quinze anos, um misto de malária, hepatite e intoxicação por metais pesados, a levou, graças a Deus, à capital Rio Branco. A menina raquítica do seringal viu um mal tornar-se um bem. Esta mulata somente aos dezesseis anos, no Mobral, iniciou os estudos sem fim que lhe proporcionou títulos, até mesmo internacionais.
Chico Mendes tornou-se o mestre maior e amigo eterno da menina política, ambientalista, professora, historiadora, pedagoga e mãe, quem sabe de uma Nação inteira.
Três palavras a norteiam: biodiversidade, sustentabilidade e amazônia; caso pudéssemos torná-las um conjunto franco nominal assim soariam: biodiversité, durabilité e amazonité.
Não posso deixar de salientar uma conclusão do jornal britânico “The Guardian” que a classificou como uma das cinqüenta pessoas em condições de ajudar a salvar o Planeta.
Como nossa presidenta sua influência poderá ser bem maior. Oxalá!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

GEOMETRIA DO AMOR


Lógica da vida e lógica da matemática


Outro dia um amigo levou-me a conhecer José Nogueira Fontes, uma figura ímpar da matemática literária. Ele é muito conhecido pelo pseudônimo adotado de Jonofon Sératis. Quem lhe deu tal segundo batismo foi Malba Tahan, seu professor espetacular e mestre amigo lido no mundo inteiro.
Malba ajuntou as três primeiras sílabas do nome dele e formou Jonofon, a seguir pegou as últimas sílabas e formou Sérates. Nessa métrica de Tahan meu pseudônimo seria Anoso Teurares. Gostei, parece nome de constelação!
O pseudônimo é tão importante que um artigo assinado por José Nogueira Fontes, no antigo “Correio da Manhã”, no Estado do Rio, nunca foi publicado, mas o mesmo artigo assinado por Jonofon Sérates teve destaque e “glamour” no mesmo jornal.
Jonofon deu aulas por quase sessenta anos e, como doutor da lógica, descomplicou muito a temida Matemática. Tem um acervo de vinte e dois livros publicados e mais um em formatação. Suas histórias e truques matemáticos maravilham qualquer observador. Fez parte da revista Galileu e teve várias apresentações televisivas, principalmente no “Programa do Jô” por mais de uma vez.
Numa primeira análise havemos de o ter por um maníaco numérico, pois a matemática o cerca por todos os ângulos. Reside numa mansão enigmática onde a geometria é retratada na horta, nas portas, nos pisos. Os animais domésticos recebem números como nomes - vi um “fila” com o nome de “Cinco” e um gato com o nome de “Catorze”, certamente em alusão ao Jogo do Bicho. Acho que se Jonofon fosse um matemático religioso chamaria o cão de “666”.
A flora do seu jardim também é agraciada com nomes algébricos e certamente suas raízes expoentes são quadradas. Uma palmeira imperial é chamada de Pitágoras e forma com suas irmãs um triângulo eqüilátero num ponto plano daquela área. A piscina é em forma incógnita e seu volume está contido de sujeiras.
Jonofon conquistou o seu espaço e é um professor de fortuna, um evento raro na estatística dos educadores brasileiros.
Eu só não sei a razão de ele com setenta e três anos ter uma namorada de vinte e sete, a não ser que juntos ele fique “sem”...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

DEUS É MECÂNICO


Peça e receberás

No nosso viver, vez por outra, temos nas mãos provas dos cuidados dispensados pelos céus por nós. É bem verdade que não são milagres grandiosos como a abertura do Mar Vermelho ou o tombamento dos muros de Jericó, mas a cada um é dado conforme sua necessidade. Se para os seguidores de Moisés era necessária uma grande proeza, foi lhes dado tal, pois a fé naquela hora era nula.
Fazia eu parte outrora de um movimento magnífico da Arquidiocese Militar do Brasil. O nome deste movimento era ou é “Pastoreio Militar”. Muito parecido e copiado dos Encontros de Casais, Segue-me, etc. O objetivo principal é formar no seio da família militar alguns que poderiam levar a Palavra dia a dia aos irmãos de farda. Militar cristão, este é o brasão. As equipes que promoviam o encontro eram formadas com três meses de antecedência. O encontro durava de sexta-feira à noite às oito horas da noite de domingo e participavam como encontristas em torno de cento e vinte pessoas e o mesmo número para encontreiros. Encontrista é aquele que faz o encontro e encontreiro é aquele que promove o encontro, exatamente como em todos movimentos católicos. Bem, fui designado para a equipe da Tesouraria. Tal equipe é responsável por toda compra do Encontro e as saídas para a Equipe da Cozinha são inúmeras. A Equipe ainda monta um bazar com vendas de lanches, livros, lembrancinhas e refrigerantes no horário das refeições. É uma equipe pequena e de atribuições enormes. Quando comprovei minha presença nesta equipe senti um calafrio. As finanças não andavam bem. Minha Belina estava com o consumo de cinco quilômetros por litro de combustível. Tudo corre pelo voluntarismo e as distâncias percorridas com a “Belinosa” (era este o nome que meu cunhado pôs no meu veículo) seriam por minha conta. Já havia feito uma peregrinação por inúmeras oficinas mecânicas e ninguém conseguiu descobrir e sanar a causa do exagerado consumo. Certa hora, num bate papo com Jesus fui taxativo: “Olha, Senhor, estou trabalhando para o Senhor. Meu carro está consumindo muito, mas tenho fé que iniciarei este trabalho com meio tanque e no término estarei com o tanque cheio sem ter abastecido.” Parece blasfêmia, mas fui sincero e de certo modo isto aconteceu. Não foi exatamente como pedi, mas aquele carro que antes consumia o litro em apenas cinco quilômetros passou a rodar o dobro com o mesmo litro de álcool. Para mim foi mais que suficiente para renovar minhas forças e continuar procurando servir à messe do Senhor. De lá pra cá tenho dito e testemunhado que Deus é mecânico também.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ela é bem melhor


MEU DENTISTA É ELA

Tenho pesquisado entre conhecidos meu a opinião dos mesmos sobre o desempenho das odontólogas na última década, afinal a proliferação das mesmas tem sido bastante intensificada. É verdade que minha amostra não é de uma harmonia geral, pois não a classifiquei por faixa etária, cultural e tantos outros critérios definidores de uma estatística da verdade, mas devido a uma opinião unânime posso afirmar que, excetuando uns poucos, o resto pode mudar de profissão. Para se ter uma idéia eu odiava os dentistas e agora já está virando um caso de amor. As mulheres são por natureza carinhosas e com carinho agente deixa até furar os olhos. Viva as mulheres.
Devido a alguns traumas provocados por aqueles estúpidos, independente de sexo, ainda tenho certo receio de qualquer um que utilize a broca infernal. Este apelido foi dado ao motor de alta rotação pelo Sílvio. Sílvio era meu colega de infância. Certa vez foi criado pela Prefeitura de Araguari um Gabinete Odontológico dentro de uma Kombi com finalidade de percorrer a periferia da cidade e prestar um atendimento aos menos favorecidos. É lógico que se tratava de dentistas novatos, mas quando a Kombi branquinha, com aqueles doutores simpáticos estacionou na nossa rua, foi uma curiosidade enorme. Em poucos minutos, atendendo aos pedidos gentis, formamos uma fila gigantesca para atendimento. O primeiro da fila era o Sílvio. Ele era o mais esperto e, em termos de dentição o mais necessitado. Os dentistas se pudessem, liberariam o restante, pois o Sílvio iria consumir todo o tempo. Em dois tempos o Sílvio já estava na cadeira-cama. Os olhos curiosos corriam por todo o interior do consultório ambulante. Mexe daqui, mexe dali e finalmente o motorzinho de alta começa a querer desbravar aquela boca intocável por pastas dentais acopladas às escovas Tek (só existia esta) e muito menos palitos. Fio dental também era desconhecido. Naquela boca só mesmo comida, bebida e muitos beijos das meninas – dizia ele. Essa comida, entende-se que, em sua maioria, resumia-se a doces, refrigerantes e pipoca. Como uma criança carente conseguia estas guloseimas é outra história. Resumindo, no zumbido da perfuratriz, os olhos quase saíram da órbita e quando houve a penetração no caquinho de dente a reação foi inesperada. Sílvio se livrou do malfeitor e, após um berro, saiu em disparada. A fila inteira desapareceu atrás dele. Por todos os bairros vizinhos a Kombi carrasca era desprezada e até apedrejada. Não sei se o magnífico projeto dera certo em alguma outra parte da cidade, mas ali foi dizimado e se alguém pretendia angariar votos se deu mal.
Nas escolas éramos bem esclarecidos a respeito da referida profilaxia, mas nossos pais não nos cobravam nada – criança tem que encher o saco para escovação, está provado cientificamente - além do que seria um item a mais na caderneta do armazém. A cultura de banguelas, por eles vivida, provava que não é preocupante o fato, pois todos são banguelas e nos países dos banguelas quem tinha dente era rei.
Até hoje não sou chegado nos dentistas e não é por trauma de infância somente, mas traumas vividos em todas as fases de minha vida. Traumas de periodontia, aquele lugar onde há choro e ranger de dentes de período em período. Traumas de endodontia. Traumas de doendontia. Enfim, traumadentologia.
Há pouco tempo vi o Sílvio. O danado tem filhos banguelas com várias mulheres banguelas e na minha hiprótese são dentes falsos que o alimenta, pois ainda hoje é mais fácil, para os prefeitos, distribuir dentaduras, pois a dita dura muito e sempre traz à lembrança do miserável quem o acudiu nesta necessidade. A boca da urna parece banguela, mas morde e dói.

domingo, 30 de agosto de 2009

Amigo Tricolor


PESADELO DE BARRIGA CHEIA

Hoje, do alto das minhas conquistas, parcas, mas significativas, posso olhar meu passado com orgulho. Era muita miséria, pé no chão, salário mínimo como o máximo, porém com o sorriso amarelo e com gargalhadas cariadas.
A uma criança nenhuma dessas dificuldades pesa. Ela continua saltitante e brincalhona. Valores sociais e de casta não lhes são parâmetros.
No horário do almoço a fome era ferrenha e quase sempre o “Feijão com Arroz” era tudo que corria para dentro do prato esmaltado. Ainda ouviam-se as recomendações maternas: “- O feijão é só pra tingir o arroz!” Como ouvi esta frase e pra tingir mais meu arroz eu colocava o feijão por cima. Tática pra não ficar nem um pouquinho de cor do feijão no prato, apesar de quê, nesta época, a gente lambia os pratos.
A abóbora e o chuchu, de vez em quando, mergulhavam nas panelas de ferros em companhia da carne moída de segunda. O fogão era à lenha e tal combustível era buscado no cerrado. Pra gente o cerrado não tinha dono, mas vez por outra tínhamos que correr de agressões como tiros de sal. Qualquer pessoa tinha arma de fogo e qualquer criança fumava.
Lembro-me de uma casa que moramos que foi feita de adobe ou taipa, chamado por nós de “adobro”. Nós mesmos fizemos os adobes com o barro de um buraco no fundo do quintal. Tal buraco virava cisterna ou privada. Nas cisternas a gente usava sarilhos e baldes pra buscar a água do subsolo. Alguns privilegiados tinham bomba manual. Estes mesmos metidos a chiques chamavam a “casinha” de latrina.
A escola era pública e notória de boa.
A respeito da alimentação, ainda recordo-me de frases amedrontadoras: “Não pode comer manga verde com sal”, inclusive um colega meu morreu depois de comer isto; “Não pode beber leite com manga”... Era pouca coisa que tínhamos para comer e ainda tolhidos por alguns folclores do tempo da escravidão. Tanto escravos quanto crianças são gafanhotos indomáveis que precisam de um psicológico para frear o apetite.
Pra comer menos no jantar, chamado de janta, os mais velhos vinham com estórias de pesadelo. O pesadelo foi me traduzido como uma velha gorda que, durante o nosso sono, sentava nas nossas barrigas.
Outro dia, teclando no MSN com o Marcos, disse-lhe, em tom de brincadeira, que, caso não sonhasse com ele, não teria valido a pena dormir. Ele afrontou-me dizendo que, caso isto acontecesse, seria um pesadelo. Retruquei-lhe: - Pesadelo como, se seria eu quem estaria por cima?
Pediu-me melhores explicações, o que gerou este relato, ufa!
Metaforicamente estava referindo a mim gordo sentado na barriga dele... Estes são meus sonhos, desde a tenra idade, pra não deixar fugir de mim as pessoas que amo, mas pra eles um pesadelo.

sábado, 29 de agosto de 2009

Goiandira precisa ser impressa



LIBERDADE DE IMPRENSA

A liberdade de imprensa só cumpre seu papel quando alguém é preso e lá fica.

A liberdade de imprensa deve acabar porque ela nos mostra o que não deveríamos ver. De quê adianta ver autoridades algemadas se antes do pôr-do-sol já se evadiram da prisão? Às vezes nem chegam a ver o sol nascer quadrado.
Pra quê CPIs se eles nem conseguem limpar a pauta? A imprensa serve somente para divulgar que o crime compensa. A impunidade é matéria constante da telinha. Ibope alto. A imprensa investe maciçamente em alguns casos e a seguir os abandonam por outro filão televisivo. Tudo gira em torno de audiência e não de moralidade.
A imprensa, os políticos, os magistrados, os legisladores e os empresários estão mais sujos que puleiro de patos.
O povo também não fica atrás – cada qual está envolvido com menor ou maior grau na corrupção que nos assola até o ventre. No mínimo, o povo, torna-se responsável por aqueles que elege.
Se for pra não ver a punição, prefiro não ver nada, pelo menos se tem a impressão que tudo é um céu e não há incentivo imoral à população.
Ainda somos, portanto, terceiro mundo...
Primeiro mundo não é a falta de corrupção, mas a presença das conseqüências danosas aos infratores.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Luz na Câmara em ação - Ultima Ata do 1º Semestre

Ata nº 15
Sessão Ordinária em 15/06/2009
Presidente: Vandervino Gregório da Mota
1º Secretário: Gilberto Vitorino Cavalcante

Aos quinze dias do mês de Junho de dois mil e nove (15/06/2009), às dezenove horas (19h00min), nas dependências da Câmara Municipal de Goiandira, Estado de Goiás, com a presença dos Vereadores, em nome de Deus, foi aberta a Sessão. A Ata anterior foi lida, discutida e aprovada. Expediente do dia: Entrada do Projeto-Lei nº 023/09, “Altera o art. 115 da Lei Municipal nº 1.010/2004 (Estatuto dos Servidores Públicos de Goiandira-GO), e artigo l67 da Lei Municipal nº 1004/2003 (Estatuto do Magistério do Município de Goiandira-GO), e dá outras providências”, que foi encaminhada à Comissão para pareceres. Veto do Executivo à Lei nº 113/09, “Música na Saúde”, Veto do Executivo à Lei nº 1.133/09, “Tempo de atendimento nas agências bancárias”; Veto do Executivo à Lei nº 1.134/09, “Gratuidade do Transporte urbano e semi-urbano”; Veto do Executivo à Lei nº 1.136/09, “Fechamento da Avenida Tiradentes e outras”; Veto do Executivo à Lei nº 1.137/09, “Institui a Rua do Lazer”. Ordem do dia: Discussão ao Veto do Executivo da Lei nº 1130/09, do Vereador Erick Marcus, “presença de profissionais na área psicológica às creches e escolas municipais. O Vereador José Boaron acha muito bom o projeto do Vereador Erick, mas que gera despesa e não é de competência do Vereador. Diz que precisam ter muita cautela ao apresentarem algum projeto. O Vereador Clodoaldo diz que acreditava que era ilegal, e sabe da dificuldade financeira de manter um profissional desses na escola e creches municipais. Fala que em projeto proposto ao Banco do Brasil, propôs essa questão. O vereador Erick Marcus, diz que discorda do Vereador José Boaron, pois se a assessoria do Executivo tem uma opinião, a assessora da Câmara também tem a sua. Por quê o executivo não reenviou outro projeto com os termos dele? Acha inadmissível uma escola de tempo integral, não ter um psicólogo, pois a Secretaria de Educação tem sua própria dotação orçamentária. O Vereador José Boaron diz que tudo é política. Da parte do Executivo e da parte do Vereador Erick. Diz que os projetos do Vereador Erick são bons, mas é triste saber que não vão pra frente. O Sernhor Presidente Vandervino colocou o veto em votação. Sendo que os vereadores: Antonio Raimundo, Hugo Mariano, Pedro Gilberto, digo Gilberto Vitorino, José Boaron, Francelino Junior e Clodoaldo foram favoráveis ao veto do Executivo. Somente o Vereador Pedro Gilberto foi contra o veto do Executivo. Colocado em discussão o veto do Executivo à Lei nº 1.129/09, “institui a Bolsa Universitária”. O Vereador Pedro diz que se for ilegal não é imoral. O Vereador Gilberto acha que é um sonho de todo estudante, mas vê grande dificuldade do Município poder concretizar o projeto. O Vereador José Boaron diz que, nesse caso, a Lei não obriga o Executivo, então não vê ilegalidade. Colocado o Veto em votação, votaram a favor do veto os Vereadores: José Boaron, digo, Clodoaldo da Silva Cardoso, Francelino Junior, Gilberto Vitorino e Hugo Mariano. E foram contra o veto os vereadores: José Boaron, Pedro Gilberto e Antonio Raimundo, ficando reprovado o veto. Discussão ao Projeto-Lei nº 015/09, “LDO para 2009”. O Senhor Presidente suspende a Sessão por cinco minutos para as comissões darem seus pareceres. Voltando a Sessão, o Vereador Erick Marcus, pede vistas ao Projeto. Nesse momento o Senhor Presidente convoca os vereadores para Sessão Extraordinária, para votação da LDO 2009, para o dia 22/06/09, às dezoito horas (18h00min). Aprovada a indicação verbal do Vereador Erick Marcus, para que a Câmara envie ofício à Caixa Econômica, solicitando parecer sobre as casas que serão construídas no Município. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Erick Marcus, para que o Executivo construa quebra-molas, na Rua Absay Martins Teixeira, próximo à casa do Sr Alfredo. Aprovada a Indicação Verbal do Vereadro Erick Marcus, para que o Executivo veja a possibilidade de ceder parte do prédio do IPASGO, onde funciona a Secretaria de Educação, à Polícia Militar. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Erick Marcus, para que esta casa envie ofício ao INSS, para saber sobre questão da contribuição patronal da empresa. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Pedro Gilberto, para que o Executivo faça uma garagem (Cobertura), no Prédio do IPASGO. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Pedro Gilberto, para que o Executivo providencie, com urgência, a troca de lâmpadas no Bairro São João. O Vereador Antonio sugere que façam visita ao Banco Itaú, para solicitar um terminal de auto-atendimento pra cidade. O Vereador José Boaron cumprimenta o Sr Prefeito pela iluminação feita no trevo de Goiandira/Catalão. O Vereador Gilberto justifica sua ausência na Sessão passada, fala que estava viajando a serviço. O Vereador Pedro Gilberto diz que como Presidente da Comissão de Justiça e Redação, deveria ter convocado os membros pra os pareceres. O Vereador Erick Marcus, lembra da entrega do Título ao Deputado Federal Rubens Otoni e pede que tragam suas reivindicações ao Deputado, cobrando dele as prioridades pra Goiandira. Sugere ao Líder do Prefeito que fale com ele, para trazer também suas reivindicações. Lembra que estamos no mês de junho e até agora o Executivo não enviou projeto algum, para realização do concurso da Educação. Mostra números referentes ao repasse do FUNDEB. Diz só ter evolução nas receitas. E por que o Executivo não paga os 2/3 do piso dos profissionais do Magistério? Argumentos financeiros não os convence. Mostra também números referentes ao repasse do FPM. O Vereador Antonio agradece aos presentes. Diz que não fez críticas ao Presidente e ao Secretário, na intenção de derrubá-los. O Senhor Presidente justifica também sua ausência na Sessão passada. Diz que foi em Goiânia, para o lançamento do Programa Asfalto Para as Cidades. Diz ainda que um dia ou outro alguém tenha que faltar. Nada mais havendo a tratar, em nome de Deus, foi encerrada a Sessão. Eu, 1º Secretário, subscrevi e assino a presente Ata.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


Debaixo de sete palmos

Para servir de exemplo
Saddam foi ao cadafalso.
Ninguém é senhor do tempo
Debaixo de sete palmos.

A idade do papai
É uma conquista e pasmo,
Pois a mocidade murcha e cai
Debaixo de sete palmos.

Às vezes fico demente,
Mas sempre me acalmo.
Quem fica para semente?
Debaixo de sete palmos?

Não adianta ficar aflito
E se recorrer a um Salmo.
Tomba o pobre e o bonito
Debaixo de sete palmos.

Seja germe ou paquiderme
Perca o teu entusiasmo
Banqueteiam-te os vermes.
Debaixo de sete palmos.

Caixão não tem algibeira.
Não se pode por si ser salvo.
Tudo vai virar poeira
Debaixo de sete palmos.

Não tem médico e nem cura
Todos se tornam alvo.
Reduzidos à verdadeira estatura
Debaixo de sete palmos.

Pra se livrar dos sete palmos
Deixe aos teus a ordenação:
“Confirmado os espasmos
Que venha a cremação...”

sábado, 22 de agosto de 2009

Reality Show


O Mendigo Carlinhos

Apesar de adepto do bom humor nunca olhei com total admiração o pessoal do Pânico. O humor deles, muitas vezes, me parece excessivamente invasivo. A irreverência não pode dar passaporte ao desconforto. Às vezes, no meu cotidiano eu os imito, mas isto me faz muito mal a posteriori. Muitas vezes o humor é irracional, repentino e isto pode gerar mal estar devido ao improviso, mas inconveniência repetida deve ser desprezada.
Um dos personagens do Carlinhos, o Mendigo, é bem caracterizado apesar de o ator apresentar-se como um jovem sarado. Alguém já viu um mendigo forte por aí?
Os “realitys shows” têm sido uma coqueluche para o público televisivo e, vez por outra, somos brindados com histórias de vida impressionantes.
Carlinhos apresentou-se no palco da vida iniciando-se no drama e que drama. Com uma origem em família desajustada sentiu na carne todos os tipos de agruras. Como criança em sobrevivência, num mundo animal, deve ter sofrido todo o tipo de violência como frio, fome, medo, espancamento e, a revolta, seja de qualquer tamanho, ainda seria pequena.
Aos treze anos, entre capturas e fugas de abrigos, a compaixão do próximo lhe deu um lar, uma educação – antes tarde do que nunca. Tal amparo moldado ao caráter do jovem mudou-lhe o destino errado, porém tido como certo e fatal.
O Carlinhos não tem traços dos mocinhos televisivos, os ditos protagonistas, mas a sua criatividade é inerente à maior escola que existe – A escola teatral da vida. Poderíamos chamá-lo até mesmo de Carlitos.
A Fazenda foi composta de episódios sem scripts, mas o seu final, ou pré-final, demonstra claramente que o autor da peça foi Deus.
Não será de se estranhar se a história do nosso famoso Mendigo virar romance entre capas ou enredo de telas.
O Carlinhos, com certeza, encontrará Brasil afora, muitos pais e muitas mães.
O nome dele é Carlos, mas dane-se Carlos, pois é o maior trunfo do episódio, um prêmio que nos foi dado, no valor de UM FILHÃO.





quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A volta dos que não foram.


CONTO - O RESGATE DO FUNDO DO POÇO

Ainda me lembro do Airton, quando estudávamos na 5ª Série do “Raul Soares”. O pai dele tinha uma engraxataria defrente a praça e servia de “fachada” para a sede do “jogo do bicho”. Era um garoto mirrado de olhos sempre vermelhos e as garotas viviam cercando-no.

Parece que toda a escola acobertava esse aluno de notas baixas, mas sempre alegre; dizia-se “ligado”. Era proibido fumar, mas uma fumaça excito-contagiante os envolviam.
Para fazer parte parte da “turma” não foi difícil: comecei a facilitar as “colas”. Era eu muito aplicado.

Um dia experimentei, baseado não sei em quê, um daqueles cigarros brilhantes. Muito gostoso!... Segura!... Demais!...

Os pais do Airton não tinham tempo pra ele e para os meus quem não tinha tempo era eu. Um dia estudava no Adnan, depois da escola; outro no Uassil; outro no Antonio; outro no Manelogando...

No princípio bastavam as colas, mas a sapiência começou a faltar e para conseguir o “cigarro-do-capeta” tinha que fazer algum “bagulho”. Comecei a trabalhar duro. As forças não eram suficientes para o custeio do vício e comecei a seduzir os amigos. Muitos viraram usuários e eu me transformei em mula, cavalo, avião, idiota...

Quando minha mãe quis saber o motivo das minhas constantes irritações mandei-a para o inferno e disse que sabia o que estava fazendo.
Mudei para as ruas. Abandonei a escola antes da reprovação. Comecei então a trabalhar na noite como garção, balconista e alcoviteiro. A bebida disponível supria a falta de um papelote.

Um dia, depois de muitos anos, jogado na sargeta, muito longe do local da minha infância, sem saber o que realmente se passara, fui abordado por alguém que se apresentava como Servo do Senhor. Convidava-me para ir a um local chamado “Desafio Jovem de Brasília”. Falou-me de comida, roupas limpas, banho...

A palavra comida me aguçou. Entrei no carro e o mesmo saiu em direção a Planaltina.. Adormeci ou desmaiei, não sei.

Quando acordei estava numa enfermaria tomando soro e amarrado. Gritei, debati, xinguei e alguém muito doce desatou aqueles nós dos lençóis. Vim a saber que quem me levara ao local foi um tal de Pastor Vilarindo e que o “bom samaritano” havia pago a internação de seis meses. Seis meses? Nem pensar.
Acontece que a doce voluntária me cativara, me adotara e lá permaneci. Renasci das cinzas! Cultivei a terra! Estudei a “Palavra”.

É verdade que faço uso de medicação controlada, mas não são drogas como aquelas às quais tornei-me dependente. Consegui emprego no local como monitor. Vez por outra invadimos os semáforos para arrecadar doações. Em alguns delírios, ainda não consegui me livrar por completo deles, alguns pensamentos me ocorrem: “Numa picada o Manelogando se foi - overdose... Airton promiscuiu-se por demais e bem cedo a AIDS o levou... Adnan foi preso num assalto... Antônio nunca mais saiu de um manicômio... O Uassil... e o Uassil?”

Fui polpado não sei porquê, mas deve ser por causa da doce companheira do Desafio Jovem.

Além desse campo de recuperação evangélico existem outros da Igreja Católica, Associação de Pais de Dependentes Químicos e o Grupo dos Neuróticos Anônimos. Já dei testemunhos neles.

Outro dia fui numa escola do Plano contar a minha história para as crianças da 4ª Série. Era atendimento a um convite do Programa Para Erradicação das Drogas e Combate à Violência – PROERD – da Polícia Militar – e pude ver um garoto mirrado, olhos vermelhos, cercado de garotas, azarando minha “aula”.