domingo, 31 de maio de 2009

Aristeu Pai e Douglas Filho


Filho ensinando o Pai no Msn

Aristeu says:

Tá vindo?

Douglas says:

talvez

meu colega ainda nao chegou

ele chega por volta das 13:20

enquanto isso eu passo fome

Aristeu says:

Atrasa o almoço. Vc não sabe o q é fome.

Douglas says:

eh, realmente nao sei

sei que se ficar duas semanas sem comer vou estar com fome

Aristeu says:

Ah credo, precisa disso tudo pra, literalmente, passar fome?

Douglas says:

teoricamente sim

o conceito de fome esta na falta de nutrientes

Aristeu says:

Então nunca passei fome

Douglas says:

apos 2 dias sem comer meu corpo ativa o glicogênio

conhecido como gordura

nesse periodo se sente muita vontade de comer

mas uma pessoa com 15 % de gordura levaria 20 dias pra consumir essa gordura

sendo assim a fome so vem depois de uns 15 dias

pois ativa os instintos

e fome eh um instinto, não uma necessidade

acontece que devido ao tempo que se leva para ativar o glicogenio

existe uma sensação de falta de nutrientes, que induz a fome

mas ela eh muito pequena comparada a comum

acaba aqui a aula sobre fome

Aristeu says:

Agora que estava me deliciando

Douglas says:

soh!

Aristeu says:

Estou querendo doar glicogênio

Douglas says:

se vc fizer atividade de estresse muscular vc começa a queimar glicogenio

mas pra isso vc tem que comer menos

sendo assim fica menos adenosina trifosfato no sangue

e a ativação do glicogenio se da mais rápido

Aristeu says:

O fosfato é um fato? O glico é mesmo gênio?

Douglas says:

glicogenio = gordura

adenosina trifosfato = açúcar

Aristeu says:

Então dura...

Douglas says:

dura pra caramba

mas mata mais que a aids

so que pouca gente liga

Aristeu says:

Faço parte da pouca ou da gente?

Saudade de quando tinha que te explicar tudo

Douglas says:

rsrsrs

algumas coisas simplesmente mudam

mas vc sempre tera coisas a me explicar

a diferença eh que agora as vezes posso explicar algo em troca

Aristeu says:

Mas não é simples. Simples, mente.

sábado, 30 de maio de 2009

Temos que ter fome.


Bóia-Fria

Tenho calos nas mãos de quando trabalhei duro. Eles nunca me abandonaram, por isso eu não me calo.

Para minha mãe, grande educadora, bastava que o filho tivesse o Quarto Ano, hoje Quarta Série. Sabendo ler e escrever já se encontrava no ponto de procurar serviço pra ajudar nas despesas. Eu sempre trabalhei e não vi a necessidade de parar de estudar para isto. Briguei por isto. Achava desonesto meu pouco ganho servir de renda a outros irmãos, inclusive mais velhos, sem serviço, vulgo desocupados.

Vendi chuchu, catei pedras que viravam areia de branquear panelas, recolhi estrume de eqüinos que viravam adubos, peguei feixe de lenha no mato e fui bóia-fria, dentre outras peripécias, só não podia atrapalhar meus estudos. Trabalhava fora do horário de escola, férias e fim-de-semana.

No cafezal era assim o pagamento das diárias: Os coveiros ganhavam vinte cruzeiros, os homens quinze, as mulheres dez os meninos cinco. Eu ganhava trinta porque tinha estudo e fazia o controle das presenças, montava os envelopes de pagamento e contava pés de café capinados de empreita. Utilizando a multiplicação e adição, contava até seis ruas de uma vez, pois os pés de café eram alinhados – coisa que ninguém ali sabia fazer.

Antes disso, porém, eu ralei bastante até gerar confiança. Distribuí mudas para as covas abertas, enchi saquinho de terra e corri junto com trator pulverizando a cultura.

Uma coisa que não me esqueço são os versos que ia compondo na madrugada, estrada poeirenta afora, na carroceria do caminhão: “Seu Ranunfo, o senhor pra nóis é um triunfo”; “Sueli baixa, Sueli alta, em nosso serviço Sueli não falta”... Piadas com eles tinham mais graça e elas choviam de todos os lados. Os banguelas riam sem medo de serem felizes.

Recordação triste eu tenho de um sujeito que foi até candidato a prefeito. Eu e meu irmão menor colhemos maracujás pra ele. Pagou-nos tão barato que o dinheiro não deu pra pagar nem uma garrafa de guaraná Maçã e um pão com salame, matula que a gente levava de lanche.

Apesar das dificuldades presentes acho que trabalho nunca falta – o que falta aos desempregados é a ganância.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Poderia estar roubando, matando, prostituindo...


USINA DE LETRAS

Todo sofrimento tem seu fim – O difícil é perceber quando termina um e começa o outro.

Conheci um site com este nome e adorei. É um recanto para o poeta.

O bom mesmo, nos tempos de hoje, é uma usina de álcool, diria meu pai, apreciador alcoólico e conseqüente cirrosista, ou será cirrosense?

Antigamente a gente xingava os outros assim: “Vai catar mamona” e hoje, devido ao biodíesel, passou a significar outro tratamento: “Vai caçar serviço”.

Fizemos muitas guerrinhas de mamonas, era o dia inteiro, elas eram pragas. Agora, aposto que sumiu dos terrenos baldios. Sempre não gostei deste nome. Pra nós, que não saíamos destas datas abandonadas, eram terrenos vadios.

Depois destes lotes eram as ruas as nossas preferidas. Quatro metades de tijolos viravam golzinhos e o “racha” pegava. Os golzinhos tinham outra vantagem primordial e que garanto ter sido utilizada - Se algum vizinho não devolvesse a bola ou a furasse, os meios tijolos viajavam para o telhado dele.

Um dia, em 1976 ou 77, apareceu, na rua do lazer, um sujeito querendo rapazinhos para trabalhar. Eu aceitei, mas que fria!

Fomos em três: Eu, o Duir e o Osvaldo. O serviço era muito ingrato, ainda mais para jovens de quinze anos. O sujeito havia sido dono de umas terras, desapropriadas na área da Usina Hidrelétrica de Emborcação, e queria aproveitar telhados, arames farpados, postes de madeira de lei e mancos de curral, coisa que a CEMIG já havia indenizado.

Como é difícil seguir cercas e enrolar arame velho. Arrancar manco de curral só mesmo com água corrente no pé dele.

Montamos e moramos numa barraca de lona. Tínhamos gêneros para dois meses, regrando, mas deu pra três. Terminamos o serviço e o dono da obra não nos foi buscar. Deu vontade de fazer uma fogueira de tudo, mas a gente tinha que receber. Voltamos a pé para Araguari, à noite, fugindo do sol forte, pois tínhamos que carregar alguma coisa e estávamos com fome. Detalhe - ainda teríamos que descobrir aonde o FDP morava.

Descobrimos. Deu-nos o cano do combinado. Pouco faltou para pormos fogo na casa dele, o Osvaldo era mais velho e muito violento. Eu? Piolhento. Kkkkkk.

Com o parco dinheiro recebido passeamos durante três meses, mas isto é uma outra história.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Morte é promoção?


O FUNERAL

A vida seria bem melhor se fôssemos a um único funeral – o nosso!

Não sei como me portar num funeral. Não sei como cumprimentar os parentes do defunto e nem como consola-los. É inviável dar o “Bom dia” ou perguntar se está tudo bem. Às vezes, nos velórios, existe um Livro de Presença e ali costumo deixar algo escrito externando minha dor.

Enquanto o falecido, devidamente embalado, percorre vagarosamente o trajeto para sua cova, tenho o hábito de passar os olhos nas frases póstumas sobre os jazigos. Vem-me à baila que preciso bolar algo para minha campa, mas só me vem a mais bela das frases – Era uma vez – pois a vida é um maravilhoso conto de fadas, por mais que existam bruxos, dragões e dificuldades.

É notório formarem-se grupinhos em torno do corpo, conversar baixo, chorar alto e arriscar algum sorriso. Acho que é luma experiência dispensável às crianças, mesmo filhos ou netos.

Nunca me importei com os jardins, mas é recomendável dilapidá-los e levar uma coroa de flores ou mesmo uma rosa para ornar o mausoléu.

Enterro é uma reunião triste de vivos. Alguém, encarregado das palavras bíblicas, tenta expor o caminho da alma imortal, mas ficam muitos sem convencimento. A vontade que dá, ao sair do féretro, é sair e gozar a vida na sua abundância, porque o endereço final está garantido.

O cemitério é chamado de Campo da Esperança, mas ela mesma não morre. É costumeiro repousar sobre o caixão uma bandeira, seja do clube de futebol preferido, da cidade natal ou do País.

Nos enterros militares o ritual fica mais espetaculoso. Rompendo a monotonia há a salva de tiros, a voz de comando e o Toque de Silêncio anunciando o fim da missão, nos mesmos moldes, para o soldado e o general.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Em Goiandira manga com leite faz mal.


COMO NASCE UM PARADIGMA (Texto da Internet)


Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.

Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas.
Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.

Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.

A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram.

Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.

Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato.

Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.

Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui..."

Você não deve perder a oportunidade de passar esta história para seus amigos, para que, vez por outra, questionem-se porque estão batendo...

"É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO".
Albert Einstein

domingo, 24 de maio de 2009

Diário de um Poeta - Capítulo Quarto

Vamos tentar engolir alguns pensamentos meus, pois todos os metidos a escritores têm que ter frases célebres, ou seriam céleres, que de preferência transformem-se em ditados populares...

Não quero viver só, mas também não quero ter um só amigo.

Se queres um diploma é fácil, mas se queres conhecimentos é outra história.

A idade do patrão sempre é pouca para a experiência e demais para a aparência.

A janela está aberta. Se eu chegar junto à ela verei quanto posso e imaginarei tantas cousas que não caberão neste espaço sideral. Imaginação de quem quer ser escritor. Escrevo onde não tem linhas e arquivo nas nuvens. Será lindo quando chover ou terei que desculpar-me pela enxurrada?

Não te julgues fraco demais, pois até o vento te derrubará.

Mais vale um pássaro voando que dois engaiolados.

Antes que te peçam: dê-lhes.
Antes que te vejam: mostra-te.
Antes que te chamem: não saia.
Antes que te procurem: encontra-te
Antes que te jantem: almoce-os.
Antes que te irritem: acalme-os.
Antes de ser pai: seja filho.

Eu sempre gostei de escrever. É fácil. O duro é encontrar quem leia.

Antes de conhecer nem sequer sabia escrever. Agora que te conheço já sou poeta.

Quando eu olho para você: parece sonho. Quando você olha para mim eu sei que é sonho.

Não sou como Cristo, mas faço como ele, ou seja, sou capaz de dar a vida por quem não merece.

Eu sou egoísta demais, herdei uma casa e desejo uma cidade; me deram uma flor e adquiri um jardim; tropecei em uma pedra e chutei uma montanha; comprei um livro e já quero uma biblioteca; tive um filho e não quero ter mais nenhum.
Este mundo de hoje é tão cão e medíocre que cada flor tem um espinho, cada sorriso é um disfarce e atrás das grades há um padre.

Uma veia encontra uma artéria, banhando-se em glóbulos vermelhos e hemáceas, pulsando por canais, num ritmo involuntário, movido por um músculo que bate, apanha, dilata, retrai, maltrata, é maltratado, mas acima de tudo, também ama. Faça aquilo que vai e vem do coração, pois esta é a maior maneira de amar. (não tenho certeza de ser meu).
...

Sei que não convenci como pensador então segura esta, pois foi uma tentativa fracassada de imitar o poema do Vinícius. Que pretensão, mas escrever é preciso. O poema do homem é “Gente Humilde”.

A MINHA RUA
O que vejo no meu bairro,
Principalmente na minha rua?
Vejo pessoas alegres que transitam,
Geralmente, crianças nuas.

Uma que chupa o dedo sujo de terra,
Outra, que já possui uma grande barriga.
A que tem um pedaço de pão
Vem às outras fazer figa.

Vê-se pessoas honestas.
Cada cara numa janela;
A moça mais feia da cidade
Lá seria a mais bela.

O vendeiro da venda mais próxima
Está, também, atolado,
Coitado, não podemos pagar a dinheiro,
Muito menos acabar com o fiado.

Dormem todos amontoados
E estirados ao chão.
São poucos os que têm cama,
Mas com grande coração.

Quem passa as noites frias,
Sentindo o gelo na carne crua,
Sem ter coberta ou cobertor?...
É gente de minha rua...

Gente simples contenta-se com o que tem
Não importam que chamam isto de favela.
Não são capazes de fazer mal a ninguém;
Embora, muitos vão dormir em cela.

O prefeito age em todas as partes,
Mas na favela ele não atua.
“Deixe que todos morram...”
Mas ninguém extermina minha rua.



Poesia encomendada é muito interessante. Pela segunda vez uma amiga policial pediu-me para que fizesse uma poesia em favor do Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (PROERD). Esta poesia foi feita em mais ou menos uma hora, pois a mesma teria que ser levada no dia seguinte para o curso de instrutores do referido programa. Aliás, não é poesia e sim poema. A diferença entre poesia e poema é que o poema tem que ter enredo.

PROERD – O Caminho da volta

Como tudo ocorre
É mais ou menos assim:
Em vida o sujeito morre,
Mas isto já tem um fim.
Segue um depoimento
Que não é invenção.
É o pouco do sofrimento
Numa simples narração:

Por dentro da barriga
Da minha mãe amiga
Não senti só calmaria,
Vez por outra uma guerra
De pancadaria e berro.
Vim saber em terra,
Depois de anos ancorado,
Que eram brigas e intrigas
De um pai alcoolizado
Com uma mãe faladeira
Durando isto uma vida inteira.

Minha bela maternidade
Foi onde mãe torrava farinha
E desde tenra idade
Muita liberdade tinha.
Filhos por dezena
Não é conveniente
Com salário de pena
O mundo maltratou a gente.

Aprender mal a tabuada,
Ler e escrever eram tudo
Que precisava a criançada.
Dispensava-se mais estudos,
Pois devia-se trabalhar
Para ajudar o lar.

Nas ruas por tempo demais
Brincado e engraxando
Imita-se os erros dos pais.
Muito cedo vai-se viciando:
Cigarro, bebida, cola,
Sexo e maconha.
O crime vira escola
E muito se pensa que sonha.
Ilusão, confusão, camburão,
Violência e pouca vergonha
É o dia-a-dia da escuridão.

Cocaína, heroína e o craque
É o bicho, é o baque.
Trampo já ficou pra trás:
Se é mula para bacanas.
É a onda do Rapaz
E é aí que se engana.
São muitos os viciados
E poucos pra se passar.
Como loucos esfomeados
Começa-se a roubar.

Era tudo isso caminho sem volta
Agora se tem como escolta
Um PROERD com tiras atuantes
Que não são bandeirantes,
Mas os próprios brilhantes.
Como meta querem desfazer
O que o submundo fez aos irmãos teus
Com eles LSD quer dizer
Louvado Seja Deus.

Entra pra dentro!


TAUTOLOGIA


Por mais longe que eu não tenha ido, nesta minha própria vida só subi para cima. O elo de ligação entre eu e o sucesso só pode ser o Deus Criador – o Trino Uno.


Tenho certeza absoluta que no acabamento final dos meus dias poderei não ter uma multidão de pessoas em meu derredor, mas em volta de mim todos chorarão lágrimas dos olhos.


Aposentei-me e não foi uma escolha opcional. Possivelmente poderá ocorrer que não mais trabalhe por um ressarcimento em dinheiro, mas a cada amanhecer do dia disponibilizar-me-ei de livre e espontânea vontade como uma criação nova.


Retornar de novo, juntamente com minha família, à cidade que há anos atrás foi nossa morada residencial é um desafio novo.


Todos são unânimes em falar pra eu ser vereador da cidade, mas encarar de frente o grito bem alto das urnas é coisa de santo e eu nem devoto sou.


Como propriedade característica minha gosto de planejar antecipadamente tudo que me cerca, pois odeio surpresa inesperada e a Política necessita demasiadamente de improvisos no de repente.


Serei talvez mais um no banco da praça contando em detalhes minuciosos seu último superávit positivo com sintomas indicativos de mentira.


Outra alternativa restante é que sempre gostei de conviver junto aos pobres e, como voluntário gratuito, poderei, na quantia exata, repartir com eles o meu pão de cada dia em duas metades iguais.


Amém! Aleluia! Assim Seja!

terça-feira, 19 de maio de 2009

Ilha do Bananal



Eu fui cair na Ilha do Bananal...

Em 1982, precisamente em outubro, eu sobrevoava a Ilha do Bananal com a FAB a bordo do avião presidencial de Juscelino, o AVRO. Comigo iam mais trinta militares do Exército. Nosso último pouso havia sido em Brasília e o próximo estava previsto para o Aeroporto da Serra do Cachimbo. O avião tinha pouca autonomia e não havia como seguir do Rio de Janeiro até Manaus sem estas duas escalas.
Sempre tive uma relação temida com as alturas. Mesmo, quando menino, se eu arriscasse subir numa árvore até um galho mais alto, descer tornava-se um problemão. Vertigens e bambeza nas pernas ainda habitam meu ser. Tenho um irmão com este mesmo mal, mas tornou-se um bombeiro militar e, tanto as profundezas quanto as alturas, tornaram-se suas aliadas.
Minha profissão, vez por outra, me obrigava a ir às alturas e, diante subordinados, eu representava o destemido, mas, num olhar mais apurado, ver-se-ia a ausência de sangue no róseo da minha face. A gente construía torres metálicas de até trinta e seis metros para fazer medições topográficas.
Pois bem, voltando ao memorável vôo, numa pouca distância da Ilha do Bananal, eu que estava na janela ao lado da asa direita, motivo de muitas chacotas por não vislumbrar a paisagem, notei um filete líquido escorrendo da turbina. Sem muito alarde conversei o fato com um membro da tripulação e o mesmo imediatamente dirigiu-se ao piloto. Foi dado o sinal do pouso de emergência para o primeiro campo de aviação. Naquela selva pensei que não existiria, mas havia a bendita Ilha do Bananal com um aeroporto de terra e uma guarnição do Sexto Comar, ou seja, da Aeronáutica.
Fiquei com torcicolo de tanto olhar aquele filete. Acalmaram-nos dizendo que se tratava de óleo e não de combustível. Eu queria chão... O mais rápido possível, mas bem devagar.
Ficamos na Ilha por mais de quatro horas, enquanto sanavam o defeito.
A Ilha do Bananal localiza-se na área secante entre duas retas, uma partindo de Aracaju até Rio Branco e outra de Belém a Londrina. Exatamente no cruzamento destas linhas, no Estado do Tocantins, encontra-se a tão formosa e famosa ilha.
Ela é habitada por índios Karajás e Javaés. Os militares locais nos deram informações sobre a covardia dos índios. Disseram-nos que são bonzinhos quando sós, mas, em grupo, tornam-se valentes e intimidadores.
Achei muito estranho vê-los com shorts Adidas e calçar Havaianas, mas o aculturamento permite o desvio da tradição. Praticavam futebol quase que o dia inteiro.
Eu acho que eles ficam muito nervosos, pois também estão sempre a pescar, receita para estressados. Na foto a gente segura os peixes, mas apenas pose, pois os autores da pescaria foram os índios.
Depois da parada na Ilha não necessitamos mais descer na Serra do Cachimbo e, em Manaus, outras aventuras me aguardavam como ver a junção das águas do Rio Solimões com o Negro a bordo de um helicóptero que rodopiava tentando tirar a nossa orientação do terreno, como um exercício, pois quatro amigos nossos, além do piloto, haviam caído com um aparelho na selva inundada. Vagaram por quatro dias, com a água pelos joelhos, até que foram resgatados.
Uma de nossas tarefas, medição de área indígena, só se consegue executá-las com o apoio de helicópteros, pois ele consegue ficar na altura das copas das árvores, cerca de cinqüenta metros, para que gente desça pela corda com motosserra. Somos jogados e a aeronave volta à base. Depois de aberta a clareira ela retorna e pousa trazendo o resto dos equipamentos para a execução da missão.
Terminado o estágio, cerca de uma semana, voltamos ao Rio num vôo sem escalas, pois retornamos a bordo do gigante cargueiro Búfalo, também da FAB. Ali ninguém pôde ver paisagens, pois os assentos, em cordas de nylon desconfortáveis, ficavam de costas para as janelinhas que estavam bem ao alto.
Uma coisa que me impressionou foi a quantidade de motocicletas, com mais de setecentas cilindradas, a bordo. Falaram que era para a Polícia do Exército no Rio, mas uma mega aeronave, livre de alfândega para voar, pode seduzir homens e almas...

sábado, 16 de maio de 2009

GOIANDIRA - MINHA TERRA FATAL


MORRER PODE SER BOM.

A morte tem mais dignidade no interior.

A Igreja anuncia com o sino badalando, o vizinho confidencia, a rádio convida e o velório fica lotado.

A atual administração municipal inaugurou uma Casa de Velórios em lugar central, o que facilitou demais o culto ao finado.

Lembro que, quando no velório do meu pai, o caixão ficou estendido por mais de doze horas, ornamentado a sala da nossa casa. Por uma quantidade infinita de tempo ainda senti a presença daquela tétrica imagem.

Meu pai foi lenhador e a madeira se vingava agasalhando-o no túmulo

Enquanto isso em Goiandira...

No entorno da cena principal, de boca em boca, as façanhas do ex-vivente vão tornando-o um mito.

Os casos extraconjugais também comparecem frente à cova, o que faz a pessoa viúva diminuir o pranto e encher mais a pá de cal.

Alguns freqüentadores contumazes da coisa fúnebre ainda sorriem, contam piadas e arriscam palpites sobre o paradeiro dos bens deixados.

Tem gente que saiu há tempos do interior, mas deixa testamentado o retorno quando o último suspiro for dado.

Nestas ocasiões o amor mede-se também no desespero do corpo presente. Crianças ficam alheias e os políticos lamentam de verdade o voto que se foi.

Os cadáveres interioranos pertencem, em sua maioria, à terceira idade, provando que o sossego causa longevidade.

No interior não existe enterro de indigente, nem de atropelados e nem de erro médico local, pois os casos, quando há tempo, são levados às cidades grandes vizinhas.

O que posso lastimar, após minha morte, ocorrendo no interior, é que meus órgãos não sejam reaproveitados, mas não faz mal, afinal a minha língua não cabe dentro de qualquer boca; minha cabeça é sem juízo, meus olhos têm vazamentos; meu nariz se mete onde não é chamado; minhas mãos são bobas; minha perna manca; meu fígado foi torturado; rins empedrados e o coração muito rodado...

sábado, 9 de maio de 2009

A LUTA CONTINUA E É HOMÉRICK


GOIANDIRA NA ASSEMBLÉIA

A cada atitude humana corresponde um interesse de desproporcional força.
Na minha insistente presença, às reuniões da Câmara, sempre notei a diferença de postura entre os parlamentares goiandirenses. Sem dúvidas, o jovem Professor Erick, encarna o político dinâmico, desafiador, “desacovardado” no uso, ou abuso, da palavra, insinuante, provocador e tantas outras coisas.

Anda tão entusiasmado, no exercício pleno do seu papel público, que anda pelas ruas, o tempo todo, como protagonista atuante e incansável “Voz da Esperança” do povo. Como brincadeira, nas rodas de “a toas”, dizem que ele anda falando sozinho, certamente ensaios de discursos intrépidos.

Nas suas falas de câmara, costuma se referir ao seu “arquiinimigo número um”, Senador Marco Perillo, como o “Homem da Camisa Azul”. Ao mesmo tempo que, gaiatos locais, também o alcunharam de “Vereador da Capanga” – alusão ao fato de estar sempre portando uma pasta enlonada a tiracolo, diuturnamente.

Ele tem adentrado com projetos municipais que agradam muitíssimo à vizinha Catalão, nossa capital próxima. Projetos como Delegacia da Mulher naquele município e também posto da Polícia Federal, além da implantação de Catalão como sede de uma nova Região Metropolitana. Por quê? Porque ele quer ser candidato a deputado estadual, o interesse das atitudes que anda tomando.

Ele extravasou esta intenção na última reunião ao ter tido reprovado seu Projeto de Lei versando sobre a “Rua do Lazer”.

Fez alusões de que tem encontrado dificuldades em ter seus projetos aprovados na Casa, até parecendo perseguições e, com tal grande sonho para Goiandira, seus projetos precisam passar e ter livre-trânsito para a consecução do objetivo maior. Discutiu calorosamente com o “companheiro”, ou algoz, Zezinho Boaron, que tem sido mais desfavorável que correligionário. Fez constar da Ata que o parlamentar Zezinho contrariou o Líder da Bancada Oposicionista, indo de encontro às determinações partidárias.

Declamou a ineficiência do Governador Alcides, excomungou a deputada Adriete Elias (de quem quer o cargo) e o “Homem da Camisa Azul” foi classificado como câncer.
Com tudo isso e muito mais, além de Zezinho, comprou briga com Gilberto Leiteiro tucano e com Preguinho, aliado de bancada. Só não causou maiores danos por estarem ausentes Clodoaldo e Pedro Gilberto.

Erick disse que a deputada do PMDB nem vem a Goiandira e nem sabe o que fez em contrapartida aos votos recebidos. Talvez o deputado pelo PT, Mauro Rubem, possa expor ao Professor Erick o que a Deputada Adriete Elias faz por Goiandira, uma vez que o mesmo forma uma dobradinha junto com a Deputada nas melhores condições de Saúde do Estado.

No Blog da deputada, www.adrieteelias.blogspot.com, existem informações abundantes da sua atuação, principalmente pela criança, desde a maternidade até homem feito.

Particularmente eu também acredito que o Erick deve ser, como manifestou Juninho Cara Preta, o tipo ideal para a Assembléia – um homem preparado, mas é bom atentar para o que alguém observou - posturas radicais não fazem sucesso junto ao povo interiorano. Ninguém é tão ruim o tempo todo. Os discursos inflamados lotam igrejas e comícios, mas ambos enfurecem os diabos.

O Vereador Erick será um fantasma da casa ou assombração do quarteirão? É um “homem bomba” de estopim curto.

Uma coisa, porém, deve ser considerada: Por que um profeta é rejeitado na própria terra?