quinta-feira, 22 de outubro de 2009

AINDA NÃO JAZ... PERMANECE




Minha Cadela Brighithe

Com treze anos faleceu, na última passagem de ano, vítima provavelmente de cinomose, a mais grave doença canina. Era uma cadela de apartamento, adorável. Quando mudei pra Goiandira mandei gramar o quintal e provavelmente a grama, de um ambiente desconhecido, veio contaminada. Como nossa casa estava em construção esquecemo-nos de imunizar nossos caninos com a vacina devida que não passava de míseros quinze reais.
Ela morreu, mas resistiu por um mês às agruras de tal fim. Perdeu os movimentos traseiros e em fase terminal soltava uivinhos à noite. Eu a levava para Catalão de manhã, a fim de tomar soro e medicamentos e a trazia de volta à tarde. Muito carinho, dedicação, mas esvaiu-se deixando um vazio sem fim.
O veterinário, Liomar Constantino da Silva, foi muito eficiente e, inclusive, recusou-se a praticar eutanásia, caso pedíssemos, pois o sofrimento era grande.
Quando ela findou-se, em meio a dores no coração ainda fiz-lhe um acróstico com sentimentos póstumos no qual também se homenageou o veterinário pela sua conduta. Num encontro silábico de palavras independentes, em três versos seguidos, postei seu nome.
Lógico que, na primeira vertical, destaquei “Minha Cadela”...

MESCLADA POR TRÊS CORES RELUZENTES
INVADIA SORRATEIRA O AMBIENTE
NO COTOCO DO SEU RABO VELOZMENTE
HABITAVA A ALEGRIA DE REPENTE
A RAÇA NÃO DEFINIDA... DIFERENTE

CAIU DE CAMA A VETERANA TÃO ARDENTE
AGUENTOU FIRME O CINU-VIRUS RESISTENTE
DOMICÍLIO MARTIRIOSO ENTRE SEUS ENTES
E OS GRITINHOS CONSTANTE HINO DA VALENTE
LÁ NO PÓ VAI VIRAR FÓSSIL VALIOSO – DIAMANTE,
A BRIGHITHE, A NEGUINHA, TRIUNFANTE...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Gafanhotos da fé




INSETOS INCERTOS

Os insetos se multiplicaram, ou seria se expoentizaram, neste período, para servirem de alimento tanto aos pássaros quanto aos anuros e se refugiam todos em nossas casas. Parece que eles comem luz...
É a colheita de a cadeia alimentar. As cigarras, como cascas de árvores, berram sem parar com a finalidade também de esconder o grito de fome dos filhotes nos ninhos no andar de cima.
O gavião voa baixo. O terreiro em alvoroço pode se transformar em almoço. São pintinhos debaixo das asas e valentes galos emplumados.
Os pombos voam em acrobacia e aeróbicas perfeitas, uma esquadrilha sem fumaça.
Besouros insistem em voar sem a devida aerodinâmica e batem nas paredes. Caem com as pernas, ou excelentes escavadeiras, pra cima.
Os pirilampos ou pisca-piscas ou vagalumes, sei lá, são os únicos que não buscam a luz, uma vez que são fontes da mesma, seres “autótroluzes”. Uns acendem-se na traseira e outros nos faróis dianteiros, uma luz verde dizendo pode seguir.
Jesus é comparado ao peixe, mas poderia ser a um vagalume, pois ambos possuem luz própria que não se apaga como a da CELG em Goiandira.
Os peixes são vitimados, também nesta “piracemépoca”, na tal cadeia alimentar, por tantos predadores e, o pior, pelo homem - por prazer, por estresse, por vaidade, por vantagens pecuniárias e por não ter o que fazer.
Os sapos tornam os brejos alegres e, na ponta da língua, uma aleluia em nome do Senhor e um canto de louvor.
A chuva cai e não encontra o solo permeável como outrora. Escorre deixando sulcos, abrindo valas, assoreando rios e enterrando sonhos.
Não sei explicar, mas quero encerrar assim: Jesus é luz e nós somos os insetos incertos que viramos alimento de falsos pastores antes mesmo de encontrarmos a luz verdadeira do nosso caminho. É a cadeia a lamentar!

domingo, 18 de outubro de 2009

Mania de Poesia


TEMA LIVRE

Indicaram-me qualquer assunto
Para qu’eu pusesse versos,
Mas a beleza é um conjunto
Bem maior que o universo.

Falar do amor, da liberdade,
Exprimir uma ocasião
É sublime atividade
De um poeta de plantão!

As flores continuam nascendo,
As mulheres nos apaixonam,
Em Deus ainda ando crendo
E assim um verso se adiciona.

Dispersa-me o tema livre.
Fico andando em giros.
Pesquiso mais que detetive
E em qualquer alvo eu atiro.

Um autor se diz pessoa libertária
Mas ele oprime as letras
Acorrentando-as em palavras
Que se rimam e etecétera.

O tema é livre ou solto
E o quê se diz do radical?
Sem desinência fica envolto
Pela raiz de um verbal.

Para encerrar a temática
Que cobre tanta conjugação
Estou perdendo a didática
E dispersando a atenção.

Amo qualquer proposição,
Quando fico preso nas rimas.
É tão sonora a lição,
Mas meu patrão está em cima.

Não dá pra continuar
Estes versos singelos,
Mas se dinheiro eu ganhar
Não sei se farei outros belos!

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aventura Ferroviária V


QUINTA ESTAÇÃO

Hoje nossa composição fez parada na Estação Lázaro Davi, em Goiandira.
Quase duas décadas de aposentado e é ainda um devoto de tal meio de transporte. Não acredita que a Rede Ferroviária retorne aos áureos tempos, mas refiz o brilho nos seus olhos com minhas boas expectativas!
Nossa produção se escoa através de biminhões e até triminhões ao passo que nossas estradas rodoviárias mal suportam carros de passeio. Tapar buracos é uma tarefa promissora na infinita contagem de votos ao passo que uma obra perene renderá lucros políticos em apenas um sufrágio eleitoral.
O sonho ferroviário é valido, pois além do transporte de produção há de se salientar o transporte de passageiros fluente e principalmente passeios turísticos. Eco-turismo equivale-se a um passeio no Paraíso.
A realização de trens-balas é uma resposta de “liberdade ainda que tardia” com inaugurações até mesmo antes da nossa Copa de Futebol ou mesmo da Olimpíada.
Infelizmente, porém, a mão-de-obra da operacionalidade será a mínima possível. A tecnologia de automação substituiu por demais as velhas turmas de trabalho.
Nos tempos da Rede Ferroviária Federal S/A, uma estação precisava de vinte e dois funcionários para por toda a máquina em movimento. Hoje a concessionária faz o mesmo trabalho com a metade da metade do pessoal. O lucro veio, mas o homem teve que multiplicar os braços e diminuir o bolso.
Não se deve deixar de enfatizar a importância das estações que deram origem a inúmeras localidades exatamente como os bandeirantes ao longo dos rios. As estradas de ferro, como os rios, proporcionam riquezas sem fim.
Seu Lázaro aposentou-se em 1991 com o equivalente a dez salários mínimos e, hoje, bi-safenado, com medicamentos de uso continuado no seu cardápio de cesta básica, malogra menos de três salários mínimos. Os ferroviários de seu tempo achavam que com a privatização fossem ganhar mais. Grande ilusão! Os que estão na Ativa além de trabalhar muito mais também foram maxi-desvalorizados em seus salários.
No princípio de suas atividades laboriais, como sapateiro, não havia outra perspectiva de emprego na região. Ainda assim, de maneira modesta, montou um armazém. Certa vez, atendendo ao Ferroviário Tõe Silva, invejou-lhe o salário e disse-lhe:
- Tõe, que maravilha este seu salário, pela metade dele eu abandonaria meu mercado. No comércio esgoto-me por demais e ainda tendo que aturar cachaceiros de toda espécie.
- Pois então te prepara porque vou te colocar num concurso onde vai ganhar tanto quanto eu.
Lázaro aceitou participar do Concurso com a promessa de que nunca se afastaria de Goiandira. Assim foi, pois Lázaro jamais se afastou das funções de Agente e Chefe de Estação no município. Foram trinta e dois anos de funcionário exemplar.
O armazém ele passou a um irmão... Que atura bêbados até os dias de hoje!
Lázaro nunca quis morar nas casas de vila da RFFSA e sempre cedeu aquela a que teria direito. Segundo ele, morar no trabalho é certeza de noites mal dormidas sem qualquer acréscimo nos vencimentos.
A União ainda pode contar com estas casas como patrimônio, mas nelas residem pessoas que, muitas vezes, nem sabe o que é ser ferroviário. Ao usuário destes imóveis a falta de direitos reais sobre tais moradias tornam o patrimônio cada vez mais dilapidado, pois ninguém reforma o que não lhe pertence, mas, com certeza destrói - o que é típico do espírito brasileiro.
Quando chefe de Estação, o Lázaro não virava uma chave de trilho e isso hoje é obrigação da função – eliminou-se consideravelmente o número de manobristas. Até maquinista sofre de solidão, pois trafega sozinho com a composição. Sua companhia, o ajudante, extinguiu-se como a máquina a vapor.
Uma serpente barulhenta, domada por um só humano, rompe no leito de sua bitola, dia e noite, com quase cem vagões de comprimento com carga superior a de duzentos biminhões, sem danificar a quase eterna estrada.
Noutros tempos os maquinistas apitavam cumprimentando a população. Havia uma interatividade e até apitos personalizados. Hoje não são cumprimentos, mas um feroz aviso mandando sair da frente!
O octogenário Lázaro Davi, segundo ele mesmo, não sabe fazer outra coisa a não ser o ofício ferroviário, mas levantei-lhe a hipótese de reatar velhas amizades do tempo de produção em busca de gargalhar e ter a certeza da missão comprida e bem cumprida.
Novas amizades também são possíveis, pois a mim ele demonstrou muita descontração, sinceridade, além de paz e bem. Isto colocado sem denotar qualquer interesse meu naquele café torrado, moído, coado e depositado numa xícara que foi duas vezes por mim preenchida.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Prova suspensa... Então fiz poesia do que estudei


Prova de Administração
Para abrir um negócio
Precisa muita explicação.
Não basta dinheiro e sócio,
Mas também Administração!

Administração tradicional
Já caiu, diz a Bentãnia.
A gestão empresarial
Em voga é a contemporânea.

Numa organização moderna
Não pode haver empáfia.
A concorrência passa a perna
Com eficiência e eficácia.

O cliente é o objetivo,
Visão e satisfação.
Circulando o ativo
Intangível é a missão.

Um planejamento enérgico
Levado a ferro e pau
Não é nem estratégico,
Nem tático e operacional.

Há de ter flexibilidade
Com as mudanças no mercado
Ética como responsabilidade
E sempre auto-sustentado.

O mundo em velocidade
Muda e pinta o sete
Muito cedo já tarde
Nas asas da internet

Criatividade em Currículo
É ponto preponderante
Ou terá um posto ridículo
Todo e qualquer estudante.

O mundo globalizado
Impões costumes e moda
O que é certo vira errado
Tecnologia é nossa roda.

Hierarquia e fluxograma
São torpedos burocráticos
Que pode jogar na lama
Administrador entusiástico.

Utilizar-se do sazonal
Com uma prévia atitude
É antecipar o Natal
Sem pedir Deus me ajude!

Tem que ser pessoa-chave
De muitas portas e fechaduras
A Organização numa nave
Têm controle as aventuras.

As oportunidades existem
Muito mais que ameaças
Àquele que forças persistem:
Sem fraquezas só há taça.

Produção sem vendas
É prejuízo no caixa,
É o Marketing que desorienta
Ou o RH com estima baixa.

O tempo é escorregadio,
Mas há como administrar.
É como o vento e o navio
Em novas terras atracar.

Consulta de opinião
É pesquisa de mercado,
Por isto preste atenção
No que deu o resultado

O Patrimônio se forma
Numa operação em balanço.
O contador seguindo normas
Todo ano há avanços.

Delegar a competência
E liberdade de criação
Atribui-se à presidência
E até a última função.

A empresa que visa lucro
Tem as finanças nas mãos
Ou então vai ao sepulcro
Fale e morre a gestão.

Tenho responsabilidade social
Escravo de taxas e impostos
Dum desgoverno nacional
Que não tem vergonha no rosto!

Minha contribuição de melhoria
Vira voto na Eleição
Com o Bolsa-família
É Parlamento por pão.

sábado, 3 de outubro de 2009

Músculos viram pó


MÁS... MÉS... MÍS... MÓS... MÚS... CULOS

Esta noite eu sonhei com um amigo falecido do qual sinto muitas saudades. Chegou-me a idade de começar a perder os amigos ou de eles me perderem...
Sargento Cavalero era sorridente, alegre, um carioca de bem com a vida. Atleta, pentatleta, pateta...
Era adepto do fisioculturismo. Daqueles com o corpo de rã acostumado com os palcos que elegiam os chamados misteres. Ele se depilava nos banhos coletivos do nosso quartel e brincava de pula-pula com seus músculos. Alvo de piadas infames e força oprimida. Passava um óleo e transformava-se num deus grego encarnado.
A simpatia dele era contagiante. Meus dois rapazolas eram pegos por ele num só golpe, com uma mão só, e aninhados na sua moto, outra robusta. Eles seguravam no Tio Cavalero com toda confiança do mundo. Era o super-herói dos meus meninos e de qualquer outro.
Já conheci muita gente forte, mas não tanto inteligente, o que não era o caso do André: O André Luis Cavalero Monteiro passou muito bem colocado no Concurso de Segurança da Câmara Federal. Mesmo fora da caserna, estando na fita lá no Congresso, ele ainda mantinha contato com a gente. Já no final de sua vida não reconhecia mais ninguém. Morreu insano.
Uma grande desvantagem aconteceu entre trocar o Exército pela Câmara, lógico que não me refiro à pecuniária, mas ao tempo de treinamento. Cavalero já não puxava tantos ferros devido às escalas intensas e pronto emprego sem fim.
A tragédia aconteceu quando, por falta de treinamento, fez uso de anabolizantes pra manter a formosura.
Pronto! Uma derrocada. Meu amigo Cavalero perdeu o tino, perdeu a força, perdeu o brilho, perdeu a vida... Desfigurou-se.
Vi um pôster no Hospital de Goiandira de outro anabolizado em agonia. Também vi no posto de saúde, mas nas academias, principais suspeitas, não são contempladas com cartazes tão horrendos, mas verdadeiros. As academias sem administração profissional são o foco do problema. Tem alguns que chegam a comer ração de cavalos pra pegar massa muscular e no fim de tudo virar pó.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Esta carta não foi impressa e meu irmão perdeu. Uma coisa não tem nada a ver com outra

Meu irmão é candidato!

Confesso quase ter desistido da Política, mas desta vez meu irmão é candidato! Qual irmão? O melhor dos oito que tenho. Pra ele eu tiro o chapéu e curvo-me perante a sua dignidade. Sou um péssimo eleitor porque, como tantos, não conhecemos os candidatos em sua plenitude. Este meu irmão eu conheço. Eu o recomendo, mas não levará meu voto, pois voto num município diferente de Araguari. Pelo menos parodiei um verso de uma música de Gean e Giovani para servir-lhe de jingle na Campanha. Noutros tempos a gente transferia o Título Eleitoral, mas foi uma candidatura relâmpago e o cidadão deverá sempre votar onde mora.
Dou a mão à palmatória com meus eleitos noutros pleitos, mas não tinha opções em meu irmão. Em Brasília eu fui eleitor de Roriz. Que vergonha! Você poderá estar rindo neste momento, mas ele era um político muito religioso. Vivia nas igrejas. Mal sabia eu que o renunciante quase cassado devia é estar pedindo perdão pelos pecados cometidos diuturnamente. Eu tinha mesmo era muito carinho com sua esposa, pois uma vez ela me deu um caminhão de cestas básicas e brinquedos pra distribuir com os pobres da Vila Estrutural. Esta foi a razão da minha cegueira. Explico, mas não justifico!
Ia me esquecendo: Meu irmão é candidato! Ele sempre foi meu amigo preferido. Ele morria de medo de alturas e acabou vivendo aventuras eletrizantes como bombeiro militar. Este sargento, de pronto atendimento, sempre protegeu os velhos e os animais. Ele está muito bonito enfeitando o santinho do Partido 31 e, com certeza, arrebatará muitos corações. Este tal Partido Humanista da Solidariedade, do qual nunca havia me inteirado, tem as iniciais muito parecidas com as iniciais do nome do meu irmão: JHS. A Igreja Católica usa estas iniciais com o seguinte significado “Jesus Homem Santo” e eu, sempre o adotei para designar meu irmão de José, Homem Santo!
Na Eleição passada, sua primeira vez candidato, e que eu distante nem soube, obteve uma votação inexpressiva, mas que o deixou suplente. Desta vez há mais ânimo, embora continue faltando dinheiro, principalmente porque está próxima a sua inativação militar e poderá dedicar-se ainda mais ao Serviço Público no qual se prontifica de corpo e alma.
Ele é muito bom no que faz. Muito jovem foi engraxate, ajudante de feira livre, trabalhador rural e atendente de bares e restaurantes. Trabalhei com ele em muitas destas ocupações, principalmente no “Bar do Bolinha” e no Zezinho do Bar Napolitano. Serviu o Exército e foi meu melhor subordinado. Chegou a cabo mecânico de equipamentos pesados. Ironia pura, pois é muito superior a mim.
Meu irmão é candidato! Foi herói a vida inteira e não virará bandido agora. Na urna eletrônica digitaria eu, às cegas, o número do bombeiro e sei que seria salvo destas bandalheiras em uma pronta ação, como sempre.
Meu irmão é candidato e, se nossa mãe fosse sua adversária, eu ainda votaria nele!