segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Primeiro combate literal

 Um projeto antigo meu era convidar alguém para cronicar e poetizar, como os repentistas de outrora, também chamados de desafios. Sem guerra, apenas paz e pena. A ideia é que a pessoa faça uma poesia ou crônica, que dei o nome de Poesônica ou Cronesia, e o outro faça uma com o mesmo tema ou inverso ou semelhante. Pra meu deleite encontrei uma artista das letras, da comunicação, uma professora, pronto, precisa dizer mais nada. Por coincidência fonética e "estórica" somos a dupla ARISTEU E JULIETE. Será este o título de um livro, caso conseguirmos material suficiente. Vamos lá!


Indecisão 

O sol a se pôr , 
O vento da tarde
Me convida para voar!

Não sei se fico,
Se aceito , se ouço o que o vento sopra aos meus ouvidos. 
Será que deixo a  intuição falar, 

O coração pedindo às alturas, a asas querendo passear.

Sem obstáculos,
Sem dias , 
Sem volta
Me arrisco a ser livre? 

Quem tem asas quer ter voz, 
Estímulos , 
Quer o céu ...

A noite chega, o receio de voar aumenta,
a Lua chega e me ilumina,
Me lembra que preciso sonhar.

Talvez não seja corajoso,
 Quem sabe a espera de  alguém que queira voar comigo. 

Mas se eu perder tempo demais a espera do outro, 
Não o vou pro voo... 
Para o mundo da Lua que tanto desejo ir, 

Preciso me reencontrar , Por isso, ganhei asas...
Comigo , silente eu vou, 
 ganhei a Lua 
Voei 

Juliete Valero



Certeza

É certo que não quero mais voar. 
O Ninho é o melhor lugar!
Já alcei-me alto demais 
Chega de mar, eu sou cais!

A esperança esta amordaçada
E, calada, todo sonho vira nada!
Não é que o mundo entristeceu,
Mas é sentimento maior que eu!

Há um belo por do sol,
Mas sou peixe no anzol,
Boca da noite me espreita,
Estou pronto, de alma feita!

Meu horizonte é um portal
Onde se pesa o bem e o mal.
Não é caminho de depressão:
É fim do combustível, coração!

Viverei outros voares, tormentas...
Mais evoluído não se arrebenta.
Minha existência, em forma de nó,
Gritará: Somos mais depois do pó!

Aristeu Nogueira Soares