sexta-feira, 6 de março de 2009

Diário de um Poeta - Capítulo Segundo

Uma das artes que mais admiro é o teatro. Acho inacreditável a capacidade de decorar textos e ainda por cima representar. O texto do capítulo primeiro, foi decorado a duras penas por mim e apresentei-o perante a classe como monólogo e foi o maior sucesso. Choraram, embora goste muito mais de que todos sorriam.

Já conquistei alguns prêmios literários dos quais tenho bastante orgulho. O mais remoto que me recordo foi de quando freqüentava as aulas do segundo ano primário, no Grupo São Judas Tadeu, em Araguari-MG, para variar. Com uma composição, hoje chamam de Redação, conquistei um diploma de honra ao mérito que abriga assinaturas de autoridades da época como Jarbas Passarinho, Ministro da Educação e do Rei Pelé, eterno ídolo do futebol mundial. Tenho certeza que foi uma composição sobre o Dia das Aves ou o Dia das Árvores. Como não possuo esta relíquia segue uma redação de 5a série, feita por mim sobre o mesmo assunto.



A ÁRVORE


Na data do “seu” João acontecia uma algazarra de meninos. Aproveitavam que ele havia saído e derrubavam tudo que havia à frente. Cheguei lá no momento em que o Ferrabrás derrubava o muro. Entrei e vi todo o desmoronamento do quintal.

Seu João era muito avarento, e não dava sequer uma fruta aos meninos. Foi então que o Ferrabrás vingar-se-ia com a saída do senhor João.

Cada um fazia o seu desmonte possível; uns derrubavam muros, uns jogavam fragmentos às telhas da casinhola do miserável.

Tentei impedir àquela ridícula vingança, mas ninguém resiste a uma praga de meninos travessos. O que me fez reagir foi quando vi que uma turba de trocistas atacava uma árvore indefesa. Arrancavam-lhe os frutos, quebravam-lhes os galhos; prejudicavam o seu João, tanto na comida que a árvore lhe dava, mas como também na sombra que ela lhe doava; enfim, faziam um pandemônio com ela.

Falei com meus botões: “Eles não podem fazer isso, pois a árvore é muito útil na vida do homem; se eles fazem isso, estão prejudicando a nós mesmos, mesmo estando esta árvore nas propriedades do sovina do senhor João...

...Lembro-me quando ele a plantou, ele vinha todos os dias agoá-la; tratou dela com carinho para que depois gozasse da gostosura dos seus frutos, da sombra refrescadora, e mais tarde, quando ela estivesse bem velhinha, aproveitá-la nas combustões que cozem o alimento. É justo fazer isso, mesmo para prejudicar o ruim do João? Por mais que ele seja mau, não merece tal castigo, pois do seu esforço, merece o prêmio e gozo das benéficas utilidades da boa árvore. Será que eles estão conscientes da maldade que estão fazendo? Não, não estão, pois se estivessem lembrariam o dia em que manifestamos o Dia da Árvore, das riquezas que elas nos oferecem! “E, que esse dia é 21 de setembro, o início da primavera, a época em que a natureza se alegra...”

Depois deste justo julgamento, quando fui lançar o meu mais elevado e forte protesto, o seu João chegou resmungando de raiva!

Foi uma debanda! Até eu tive que me debandar, pois em meio de tamanha confusão na sua propriedade ele corretamente julgou toda a praga de moleques culpada. No meio dos culpados corria um inocente; eu!

Por falar em árvore eis uma poesia minha remota em honra às árvores:

A árvore é nossa amiga,

Mas a considero minha irmã,

Pois da Natureza ela é

A coisa mais sã!

Conversei com um pinheiro,

E falei da sua importância,

Em voz meiga retrucou:

- Não gosto de jactância,

Gosto de lhes servir

E não de me gabar;

Quero apenas que venham

Na seca me agoar!

Cabisbaixo eu saí

Depois dessa moral,

E fui parar pertinho

D’um bonito laranjal!

Fui falar com a laranjeira,

Não pude, vinha gente...

Se me vissem conversando co’ela

Pensariam: É um demente...

Quando já tinham ido,

Voltei para a laranjeira...

...Pus-me a caminhar

E desse jeito fui falar:

Árvore da boa laranja,

O seu fruto é uma doçura!...

...Os raios do sol me acordaram,

Por causa da janela e sua abertura...

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