sábado, 29 de junho de 2013

Aqui e Ali Jaz


EDSON FRANCISCO PEREIRA


Chega um momento da nossa vida que sentimos a nossa realidade tão efêmera e principiada de fins. Amigos da nossa faixa etária começam a partir do campo material. O Edson Francisco Pereira, quando muito, tinha três anos a mais que eu. Esta sua partida aparentemente precoce está voltada a uma deficiência leucêmica, xeque vital ainda longe de recursos médicos ou financeiros do nosso mundo. Atuou e, como dizíamos no meio militar, e Espírita sempre: Missão cumprida.
       Naquele tempo que estávamos juntos éramos tão próximos que ele e esposa, distinto casal uma só carne, transformaram-se em padrinhos de um dos nossos dois filhos. Quantos afilhados deixou? Todos os conhecidos queriam nesta condição de quase parentes próximos ou mais.
       Nosso palco, de maior temporada, foi Brasília e o nosso cenário se desenvolvia na Asa Norte. Do meu apartamento funcional se avistava o deles, ao ponto de as comadres combinarem de que, quando uma colocasse uma fralda de uma das crianças na janela, era pra que a outra fosse visitar a uma. Eles também tiveram apenas duas crianças como nós.
       Éramos jogadores de canastra que avançávamos as madrugadas. Embora da mesma graduação militar, o Edson que, além de abocanhar um pequeno espólio de herança, sempre soube fazer bons negócios, o contrário de mim, um mero consumidor, fadado a não comerciar com lucro.
       O Exército nos separou neste País Continental, mas, ainda assim, mesmo com pouca presença física, nutrimos uma comunicação quase que escassa, porém de muita estima e admiração.
       O último presente pessoal que recebi dele foi um livro de romance espírita onde se desvendava a vida além daqui. Que ele esteja trilhando por estes caminhos do Pai que ele sempre acreditou ladrilhar.

       Certa vez alguém queria chamá-lo de Sargento Pincel, aquele personagem dos Trapalhões, e o chamou de Sargento Pastel, coisa que jamais aliviei e esta nova alcunha sempre fora utilizada por mim. Então digo-lhe: Sargento Pastel, sovado pela vida, que trilhou caminho apertado do cilindro, alegrado pelo caldo de cana, parecendo um sorriso frito crocante, sem a sua carne fica um vazio na massa. Siga em Paz, teu crédito é grande por aqui.