quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Sonhamos mais que vivemos.


A UTOPIA DA MONTANHA VERDE

Uma das minhas primeiras utopias literárias foi o duro propósito de escrever um livro com o título de “A Montanha Verde”, coisa que nunca amadureceu. Era eu um minúsculo na arte de pôr no papel os pensamentos, mas a fertilidade das idéias não tinha limites, o que hoje é deficiência.

Nesta época eu subia nas árvores pra conferir os ninhos e incorporava o “Rei das Selvas”. Colocava uns trapos nos olhos, um galho como espada e galopava no Sílver. A camisa do irmão mais velho virava uma capa que me dava poderes e me levava para o alto e avante. Também fazia mapas dos tesouros que indicavam minha fortuna em bolinhas de gude ou meu arco de bolinhas de sabão, tão lindas e frágeis como os sonhos.

Joguei futebol, pelada, bobinho, torneio... Talvez não do tanto que o time quisesse, mas no extremo da minha capacidade. Era o último a ser escolhido. Nesta época é que incrementei um versículo de Jesus: Os últimos serão os primeiros... a reclamar.

Aprendi a torcer pelo Flamengo e não descobri ainda como trocar de time a não ser que o “Fenômeno” me ensine. Será até morrer? Sim e comigo lá estarão os urubus em esquadrilha. Acostumado a ser maioria, na vida eterna terei que torcer pelo Inferno.

Eu acho que cantava muito bem na Igreja, pois todos olhavam pra mim. Como pequeno “cdf”, hoje chamado de “nerd”. Arquitetei me tornar padre, pois teria tempo demais pra estudar. Era o que se dizia deles. Um tio me disse que eu teria que abdicar-me de sexo e essa mentira deslavada retirou-me a batina e colocou-me na farda.

Minha religião hoje é melhorar o meio ambiente, pois meu descendente poderei ser eu mesmo, conforme a Lei reencarnacionista.

A morte das nascentes, a emissão de gases poluentes, os lixões ou o amor humano aos tóxicos são meu nudismo perante o Criador. Acredito que talvez nem possamos mais contar com Ele, pois em Gêneses, no sexto dia, ele nos deu toda a natureza e pensou em descansar.

Minha casa é verde, minha política é verde e meus apagões são verde escuro.

Sou tão verde que desisti de publicar livros, afinal derrubam-se árvores para a confecção de Best Sellers. Ainda assim uma publicação eletrônica também desmata, pois leitores do meu Blog já imprimiram oito mil folhas, o que equivale a uma média de trinta impressões por dia.

Isto mostra que a gente erra, mesmo com boas intenções, por isto que a Mãe Terra vai engolir-nos e aumentar as reservas do ”Pré Sal” poluente.


1 comentários:

EFGoyaz disse...

Um texto bonito e emocionante, exceto pela parte do flamengo. Meus pêsames por isso e parabéns por todo o resto. É claramente a trajetória de alguém fiel aos seus próprios ideais.

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