ASSISTIR TELEVISÃO FAZ MAL?
São trinta e um canais parabólicos da “Banda C” que se apresentam nos meus quatro eletrodomésticos televisivos. Tenho tempo de assistir vários programas, mas prefiro outro veneno – a Internet – como entretenimento.
Dos referidos canais quantos são igrejas a vender os mais sagrados bens gratuitos como fé e esperança? Quantos são shoppings a vender produtos, dos quais nunca precisamos e que passam a ser a solução das nossas vidas?
Pelos canais ou leilões arrematam-se verdadeiras jóias, obra de arte, itens agropecuários, caça-se palavras, cruzam-nas, identificam-se sete erros e, pelo SMS, faz-se a roda da fortuna, composta de centavos, por “ringstones”, por notícias do clube esportivo, por piadas, por horóscopo, fofocas de estrelas, por conselhos, enfim pela interatividade celular/televisão, consegue-se a maior fatura a vencer de nossas vidas.
Ainda, dentro dos programas em andamento, estamos cercados de patrocinadores oferecendo-nos câmeras 71 ou 7 em 1, cogumelos solares, transformadores de gorduras em músculos, implantes dentários que custam o olho da cara... Falando nisto alguns dentistas tem extraídos dentes desnecessários... Será que não é pra implantar depois?
A vitrine televisiva vende de tudo como o medo, insegurança, impunidade, compensação do crime e de banais que se fazem celebridades.
Um milhão do nosso dinheiro é possível adquirir na TV com algumas respostas ou alguma entrevista na hora certa ou em férias num Hotel-Fazenda.
A TV alimenta os olhos e eles são a porta de todos os nossos sonhos. É a concretização da fábula da lâmpada maravilhosa e do gênio – esfrega-se o controle remoto e plasmam-se todos os nossos desejos.
No dia a dia os canais se digladiam numa cama de gato. Neste caldeirão todos querem uma rede de TV no globo ocular e fazem cópias, custe o que custar, um do outro. Dizem ser pioneiros ou bandeirantes, afinal o que importa é recorde de audiência com fidelidade.
Dum lado é BBB e doutro “Brothers”. O domingo pode ser legal, espetacular ou domingão, sem que nos esqueçamos de toda sexta e do sábado animado. Tudo é possível na produção televisiva que é uma escolinha muito louca, pois faz da bela a feia. Vale ressoar que cinqüenta por um não é o dobro de um contra cem.
Na TV tudo fica fantástico e a noite é uma criança no limite.
No meio da cidade a praça é nossa, mais distante a fazenda, mas o poder paralelo da TV animal faz das casas de família um verdadeiro pânico.
O jeito é ganhar mais, viver a vida e roda a roda...
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