quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O leão era manso


Em cima daquele morro...


No meu país das bandalheiras
Tudo pode e tudo é crime.
Contrabando lá na feira
E corrupção que não redime!

Plágio, cópias de livros
E conexão clandetina.
De tudo eu me sirvo
Viva eu made in china!

Prendo o animal silvestre
E compro a nota da madeira.
Tudo num golpe de mestre
Propinar fiscais é brincadeira.

O crime é organizado
Até na invasão de terras
Com custos contabilizados
Esta máquina não emperra.

Compro voto e falcatruas,
Sequestro e escravizo.
Emprego o menor de rua
Pra matar e dar aviso.

Urino a via pública
Exploro sexo e "boca".
O morro é minha república
A planície dorme de touca.

Espanco a Maria da Penha
Na violência doméstica.
Clono cartão e senha,
Mas no congresso tenho ética!

Desacato a autoridade
Onde moro ponho censura
Fecho o comércio da cidade
E pratico a tortura.

Busco armas poderosas
E novas rotas à droga
Na minha vida perigosa
Compro os de farda e de toga.

Quando preso na cadeia
Faço dela fortaleza.
Aumento mais minha teia
Viro mais que realeza.

Tenho rádio pirata,
Lavo dinheiro na Igreja,
Ostento ouro e a prata
Onde quer que eu esteja.

Tenho carros importados
E apartamentos em zona sul.
Elejo dois deputados:
Um vermelho e um azul.

Torço para a raposa,
Mas também sou urubu,
Por muito ou qualquer coisa
Dou carne humana ao pit-bull.

Quando chega a mercadoria
Solto fogos e balão.
Muita festa e alegria
Mostro na televisão.

Falam que eu sou forte
E então eu acredito.
Sou o senhor da morte,
Super-homem e até mito.

De repente exagero
Onde toco vira fogo
Quando menos espero
A polícia vira o jogo!

Acabou-se a paciência
Chegam em mim por terra e ar
Força armada e presidência
Acabam de acordar.

Pernas pra que eu te quero
Agora ou mato ou morro.
Chega de lero-lero
Do morro pro mato corro!

Se o cerco for rompido
Farei de mim mais um cristão.
Vale a pena ser bandido
Só noutra encarnação.

Chega de impunidade!
Grita o povo pelo Pai,
Mas pra vencer toda maldade
O sangue do justo cai.

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