quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
DOUTORA BACTÉRIA
QUITÉRIA
Obstinação! Talvez seja esta a palavra que define melhor toda uma atividade de pesquisa científica. No princípio, talvez, o que move um estudante quaternário na busca de um bom embasamento teórico-prático ou de uma doutrina seja a diplomação, mas a convivência diuturna com o objeto da busca incessante faz com que a relação se transforme em paixão desenfreada.
Minha amiga acreditou que fosse possível em, no máximo duas semanas, desvencilhar-se da missão, mas a interação humana com partículas de vida tão protozoárias, viróticas ou bacterianas virou um fascínio, um infinito no fundo de um tubo de ensaio ou numa pose fotográfica numa lâmina reveladora.
Daqui a pouco tempo poderemos saborear um fruto do cerrado, de produção escalar, em variadas porções da culinária multifacetada brasileira de exportação, sem que alguém por perto tenha sido testemunha da abnegação e zelo de uma ação investigativa de uma cientista dedicada. Talvez até o fruto tenha sido rebatizado para que soe bem aos ouvidos, pois araticum mais parece um banho d’água onomatopeico.
Não sei do que se leva em conta para conceituar minha amiga Quitéria - assim apelidada por ter tido tantas noites mal dormidas preocupada com a vegetatividade das suas bactérias incubadas – mas será um critério aquém do seu esforço.
Cada DNA compilado, de quase dois milhares de indivíduos da mesma população, é um espetáculo à parte cuja conclusão de tese nunca será completa se se considerar o universo ímpar de tão perfeito ser.
Pelos dias incansáveis e em nome do resto da Humanidade, obrigado Quitéria.
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