segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Último vídeo cassete


Nossos Heróis

Como dói ao relembrar debaixo dum pé de manga
Que tive um herói que se bastava com uma tanga,
Uma faca, um BOY menino bem franzino,
A loura esverdejante Jane – mais linda que Lana Lang,
Uma macaca barulhenta de nome Xita,
Uma selva, mas que mata, umas cascatas,
Um cipó atrás do outro, desde o tempo da vovó,
Viajando solto preso à condução por fortes mãos,
Dá um nó no coração e pra aliviar a dor do peito
Força-se um jeito de arrumar mais um fã
Para o lendário, ora morto, uuuuuu Tarzan.

Chama-se o filho virtual e locatário que o acha otário
E um brilho se apossa do pai-criança da esperança.
No caminho da locadora se estoura numa velha dança
E saltitante por um instante ouve-se um risinho matreiro
Do Informático herdeiro do patrimônio,
Talvez errôneo, mas genético daquele corpo
Um pouco torpe e esquelético.
Cabeça feita não aceita a lista dos mais pedidos
Pede uma fita e quase grita o nome dos artistas estrelas
Jonh Weismuller, serial killer dos crocodilos;
Gordon Scott, perfeitos mamilos que num abraço
Ao Rei dos Animais é mais que um amasso é um que jaz.
Pode até ser o Ron Elli, o mais fracote que se pode ter.
Também da cidade, tinha terno, tornando um inferno
Meu Tarzan ideal, o Bambambã original quase imortal

Apareceu a tal cassete cheia de pó, uma raridade
De muita idade como ele só e sem xodó.
Entristeceu e com dó ou caridade a si próprio
Não quis nem teste e locou o que outrora
Era seu ópio durante o ócio obrigatório.
Promoção. Muito barato. Que emoção.
É chato, pois nada vale uma paixão.
Estrada antiga, há quem o diga, não serve não.
A nostalgia do filme que rola, ou desenrola,
Manda embora com nevralgia a alegria.
São fatos tão redivivos, porém nocivos.
O filho ao lado acha engraçado, mas bem melhor
É o seu milho já estourado. É preto e branco,
Curta metragem. Algodão doce que num solavanco
Duma lambida desmedida como uma foice certeira
De boa bagagem ecoam vidas inteiras que voltam ou não,
Neste chão. No final, afinal, tão legal, uma pergunta
É feita no ar e em tom forte: - Filhote, foi bom?
Sim, talvez, dirá ou não. São tão incertos,
Mas o Pai, como paga, muito se fez, pois até os netos
Vão fazê-lo engolir “ Pokemon” ou derivados NIPON...

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