sábado, 29 de janeiro de 2011
Ao Neguinho da Beija Flor
Paródia de: Domingo, eu vou ao Maracanã
(Hino que o Ronaldinho Gaúcho gosta)
Por Aristeu Nogueira Soares.
Do Mengo, não é só o Maracanã,
Em qualquer estádio é o bambambam
Se escalar o R10 é tremedeira
Vai ser pura brincadeira,
Garantia de jogão
Corra, compre sua entrada
Não cometa a mancada
De ver na televisão.
Meu Ronaldinho não é o gorducho
O nome dele pode deixar que eu puxo:
(ô, ô, ô )
Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Gaúcho!
Ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô, ô Gaúcho!
Meu primeiro Ronaldo Gaúcho
Éramos Vinte.
Vivo sonhando acordado e não é que acabei sonhando dormindo? Outro dia sonhei com o Ronaldo Alves Moreira, alguém que não vejo e nem falo há mais de vinte anos.
No quartel ele tinha o nome de Moreira. Eu e outros o chamávamos de Gaúchinho, uma pessoa muito inteligente e esforçada.
Quando fizemos o Curso de Formação de Sargentos Topógrafos do Exército, no Rio, em 1982, dentre nós vinte alunos, ele era cotado pra ser o "Zero Um" - como são chamados os primeiros colocados em curso militar. Num curso de dez meses de duração, ele deve ter ficado no topo das notas mais altas por mais de sete meses, mas sua calculadora "truncou", durante uma prova, e ele perdeu três posições, o suficiente para desqualificá-lo numa das vagas de Porto Alegre.
A luta entre os gaúchos para retornar ao estado natal era ferrenha. Chegava a ser desonesta, pois alguns roubavam "papiros" - como são chamados os livros de estudos militares - dos outros colegas, para impedílos de estudar.
O Ronaldo, até diante o bandeijão de comida, tinha o papiro aberto à sua frente. Mastigava estudando, dormia estudando e não dava trégua a si mesmo. Era um tal de riscar, sublinhar, colorir e colocar palavras de incentivo em cada página dos livros; tipo assim: Vá em frente, Ronaldo; Leia de novo, Ronaldo; Porto Alegre espera teu filho; Volte duas páginas...
Eu o achava o máximo. Eu pretendia ir pra Brasília e as vagas não eram assim tão disputadas - o que me dava um certo confoto! Dos vinte, eu, mesmo malandramente, fiquei em oitavo lugar com a nota oito ponto sessenta e oito. Uma turma forte, jamais vista por aquele centro de ensino. Quinze notas "MB" separadas por centésimos de conhecimento.
O Ronaldo era um "caxias" de marca maior, coisa inerente aos militares gaúchos. Fez inimizades homéricas durante seu xerifado, período em que comandou, nós, seus companheiros.
Abriram-se três vagas pra Brasília e, junto comigo e meu compadre, escoltamos-o para a capital federal, único reduto que estaria entre simpatizantes.
Fomos então distribuídos em três funções diferentes - Um para a instrução dos recrutas, um para a contabilidade e o último pra o Rancho. O Ronaldo, competente até debaixo dágua, tinha precedência sobre nós e escolheu, graças a Deus, a instrução. Eu tinha precedência sobre meu compadre gordinho e poderia ter escolhido a contabilidade, mas fui seduzido por ele a escolher a Cozinha, pois ele lá iria engordar ainda mais. O que não se faz pelos amigos, senão obedecê-los?
O Ronaldo era o terror! Nunca vi alguém vibrar tanto com a caserna. Ele fez um Plano de Defesa do Aquartelamento tão perfeito que vigora até os dias de hoje.
Em pouco tempo ele saiu do Exército, pois passou no Concurso do Banco do Brasil que era mais rentável à época. Sei que se deu um ótimo bancário e sua carreira foi promissora por lá também, mas foi o militar mais garboso que conheci, ao contrário de mim um tanto relapso e que assim passou uma vida aprisionado à farda, a menor jaula do mundo, brincávamos, por caber apenas um animal dentro.
Éramos vinte, mas em pouco tempo, talvez menos de cinco anos de formação, já estávamos reduzidos à metade. Nossos amigos foram pra Petrobras, Eletronorte e outras tantas estatais de porte.
O Miguel Lotário Knigler, nosso primeiro colocado, formado também em Direito, passou no Banco Central, onde o seu coronel chefe bombou. Ingressou no Ministério Público e deve ter alçado voo sem limite das minhas vistas alcançar!
Eu, ainda em Brasília, certa vez, quis fazer um encontro da turma, mas desisti, pois meu primeiro contato de organização foi com o Ronaldo Gerente e ele entusiasmou-se por demais. Queria que, durante o evento, fizéssemos Teste Físico Militar, Tiro, Pentatlo, Corrida Rústica e uma partida de futebol entre os que saíram contra os que ficaram. Pareceu-me um pesadelo e abortei a missão. Pensava eu em muita conversa, comida e bebida!
... Sonhei que ele tinha sob seu comando uma grande carteira de investimento internacional e que, junto com ele, eu caminhava pelos seus domínios. Na repartição bancária dos meus sonhos, o tempo todo Ronaldo estava fardado, mas com os bolsos cheios... como o outro - Tudo pela Pátria!
PARA MUDAR O MUNDO!
Pela primeira vez mundo não rima com profundo
Deus o dilúvio mandou,
Num dia cogitabundo,
Assim Ele projetou...
Para mudar o mundo!
Escolheu família de justos,
Dum modo autofecundo,
Com alto preço de custo...
Para mudar o mundo!
Os genes do mal recessivos,
Fazendo-se então jucundos,
Reberlaram-se ao Deus-Vivo...
Para mudar o mundo!
Numa outra tentativa,
Mandou-nos teu Filho facundo,
Que se fez alma cativa...
Para mudar o mundo!
O quê será desta vida?
Com tantos vagamundos?
É muita ovelha perdida...
Para mudar o mundo!
O quê cada um tem feito?
Em prol do planeta moribundo?
Não sê vê outro jeito...
Para mudar o mundo!
A luta é individual:
- Morte ao varecundo!
Sê exemplo social...
Para mudar o mundo!
Cuide-se e vá à luta,
Um tanto que fremebundo,
Haverá alguém na escuta...
Para mudar o mundo!
Tenha bons pensamentos,
Não se faça de furibundo.
Amor é arma contra violentos...
Para mudar o mundo!
Comprometa-se por inteiro,
Seja bravo a cada segundo,
Invista tempo e dinheiro...
Para mudar o mundo!
Compromisso com honestidade,
É natural ao pudibundo.
Mude o lar, a rua e a cidade...
Para mudar o mundo!
Não viemos de uma explosão,
Nem tampouco de um fungo,
Expoentes da criação...
Para mudar o mundo!
A Deus que todos apelem,
Mas uma proposta difundo:
- Conecte-se no Blog da Ellen...
Para mudar o mundo!
www.paramudaromundo-ellen.blogspot.com
AVÔ KABULÁRIO:
cogitabundo: adj. Pensativo....
autofecundo: adj. Que possui a propriedade da autofecundação....
jucundo: adj. Que é agradável, aprazível....
facundo: adj. Que possui facúndia; eloquente; verboso....
vagamundo: adj. s. m. O mesmo que vagabundo....
moribundo: adj. s. m. Que ou aquele que está quase a morrer....
varecundo: adj. Vergonhoso....
fremebundo: adj. Que treme....
furibundo: adj. Cheio de fúria....
pudibundo: adj. Que tem pudor....
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Usinas dos sonhos
INCERTEZA - OBRA DOS BARRAGEIROS
As águas mágicas vão subir...Poção.
Vai melhorar nossa vida...Enganação.
Vou é resistir...Paixão.
Terá choro na partida...Montão
Na bolsa vai o dinheiro...O pão.
Meu tudo é pouco e vai... Anão.
Lá na chapada é o estrangeiro...Mundão
A usina foi um sonho de papai... Em vão.
Vez em quando vem gente da Capital...Tantão
Rodopiando pelo Céu pra intimidar...Ao chão.
E o capital de todo povo vai a pau...Sabão.
E o Veríssimo vai virar mar...Razão.
Rede vazia em breve se romperá...Sansão.
Lanchas e pranchas o leito abrigará...Riscão.
E o meu peito parece que se abrirá...Explosão.
Mais que a incerteza dor nenhuma existirá...É sim ou não.
A FESTA DAS FESTAS
Nita,
Eu te conheço há vinte e oito aniversários, mas este foi demais. Havia uma alegria inebriante. Você estava cercada e ovacionada por muitos que te desejam um grande bem, sem carocha. Por imposição das adversidades outra multidão, que também te ama, não foi à sua festa, mas o contentamento da mesma também chegou ao ambiente único formando uma cúpula de puro magnetismo.
Como o tempo foi generoso com suas formas! Como o esporte deu consistência à sua musculatura! Como o sol tonificou a sua epiderme! Como o vento acaricia seus cabelos! Como seus olhos brilham a generosidade e como vertem pranto de amor! Como te segue a sua cadelinha...
A sua elegância deixa um rastro de perfume e um cumprimento jovial pelos caminhos por onde desfila! O seu sorriso não tem trava! Seu canto, como as sereias, encanta, pois não há mal a espantar.
Por sobre a cama de casal, como uma debutante, presentes se acotovelam.
Com alguma fertilidade de pensamentos pode-se imaginar toda a peça envolvendo os itens presenteados.
A primeira tomada de cena dá-se com você saindo do Box, onde fizera uso do conjunto de sabonetes, da caixa de sabonetes e do creme. Com um passinho curto faz-se sua saída do ambiente molhado e repousa as partes plantares no tapete cheirando fofura. Pronto, é chegada a hora de estreiar a toalha personalizada “Peron”. Este apelido carinhoso revela o carisma insofismável e sem fronteiras da aniversariante. Ao colocar o conjunto soutien/calcinha a vontade irresistível de dar uma rodadinha é saciada. Os amigos a conhecem e a calça jeans, fazendo conjunto com a blusa, tornam-se sua segunda pele, uma couraça que a delineia. O baton percorre cada canto dos lábios tornando-se então o maior explorador destes rincões. Três pulseiras ornamentam o pulso direito enquanto colares abraçam seu pescoço. A pulseira do Divino Espírito Santo fica do lado do coração. O cinto abarca sua cintura e parece ficar com uma vontade de não mais sair dali – puro conforto! O relógio mostra ainda certa folga no tempo - o que lhe permite apreciar alguns bombons finos. O móbile balança por sobre a cama onde três pijamas aguardam ansiosamente o fim da festa para saber qual o escolhido para aquele resto de noite feliz! O colar de anjo e Espírito Santo, desta vez, inaugurarão o novo porta-jóias, onde repousa o livro destinado às horas vagas raras. Por falar em porta-jóias você ainda vai ganhar um bem grande e, de preferência, que te caiba dentro. Metade do custo do som contratado está no bolso e o fôlego acelera-se para consumir o presente-combustível: Duas caixas de cervejas, sendo uma em latas e outra em garrafas.
Tudo realmente sobre medida sem que houvesse combinação.
Com você tudo é perfeito.
E o filme continua...
Parabéns!
sábado, 22 de janeiro de 2011
Goiandira Terra Branca
Minha concunhada "Rita Linda" adora a música “Debaixo Dos Caracóis Dos Seus Cabelos” do Rei. Então, como brincadeira, fiz uma paródia como se seu esposo, Euler, residente com a mesma em Catalão viesse, um dia de volta para Goiandira, a Terra Branca. Pena que ela não tenha gostado,
Umas caixas de skóis com muito gelo
Um dia a Terra Branca
Teus pés irão pintar
E vai arrepiar seus pelos
A volta ao seu lugar
Janelas e portas vão se abrir
Hão de você falar,
E ao se sentir em casa
Deixa o pau quebrar
Umas caixas de skóis com muito gelo
Muita história pra contar
De um Catalão estafante
Umas caixas de skóis com muito gelo
Um soluço e a vontade
De escutar alguém que cante
As cruzes e o dolorido
Que você tem agora
As rugas por toda banda
Um gole a mais e chora
Você olha mudo e nada
Lhe faz ficar com pente
Você só deseja agora
Tirar o espelho da frente
Umas caixas de skóis com muito gelo
Muita história pra contar
De um Catalão estafante
Umas caixas de skóis com muito gelo
Um soluço e a vontade
De escutar alguém que cante
Você anda pela tarde
É um Euler tristonho
Deixa singrar dum jeito
Um pescador de sonho
Um dia vou ver você
Abrindo um sorriso
Pisando a Terra branca
Que é seu paraíso
Umas caixas de skóis com muito gelo
Muita história pra contar
De um Catalão estafante
Umas caixas de skóis com muito gelo
Um soluço e a vontade
De escutar alguém que cante
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
Homem clique
Tudo se resolve num clique
Pacifique, abdique, falsifique,
justifique, crucifique, indique,
descomplique e fique chique
Sempre através de um clique!
Estou preso na minha casa
Quero ver quem me critique
Liberdade é dar asas
A um alvoroço de cliques.
Hoje para comprar cachaça
Que vem direto do alambique
Daquelas feitas sem trapaça
Basta que eu dê um clique.
Para que eu monte um som
Daquele que dá tremelique
Não preciso ser tão bom
Basta que eu dê um clique.
Se o computador travar
Não precisa dar chilique
Para de novo recomeçar
Basta que eu dê um clique.
Pra convencer a namorada
A ir num gostoso piquenique
Falar das flores e caminhada
Basta que eu dê um clique.
Se alguém abriu meu e-mail
E começou a dar chilique
Digo alto: isto é feio!
E apago tudo num clique.
Meto a mão e abro a carteira
Também abro na net-butique
Compro tudo de primeira
E pago tudo num clique.
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Caixa Postal 3 - CEP 75740-000
FELIZ 1979!
Remexendo gavetas deparei-me com o cartão de um Feliz 1979. Certamente uma das mais antigas correspondências que manti guardada. Um aerograma! Coisa que ninguém mais utiliza dos Correios. É envelope, selo e papel de se manuscrever com estampa - o que tornava a arte da comunicação, naqueles tempos, inovadora e econômica. Hoje existem cartões muito mais lindos virtuais que deletamos em dois tempos. Quem guarda um cartão de internet por algum tempo considerável? Mesmo que seja de uma pessoa importante?
Meu amigo eterno de infância, inesquecível e adorável Adnan Assad Youssef Filho, havia remetido-me tal felicitação na data de 18 de dezembro de 1978, eu então com dezessete anos, quase um ninguém! Nesta época, revendo o remetente, ele morava em Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul, logo após também ter residido em Uruguaiana. O pai dele, um comerciante palestino, sempre almejava praças comerciais mais rentáveis, mas Araguari era como uma matriz, pelo menos de morada da família.
Eu e do Adnan éramos usuários viciados dos serviços dos Correios. Naquele tempo os Correios eram apenas agência postal. Hoje é banco, órgão pagador de governos, filial do Baú da Felicidade, dentre outros e, quem precisa remeter uma simples cartinha, há de se agendar com uma espera com demora.
O Adnan tinha uma máquina de escrever portátil - muito mais tecnológica, à época, que este tal de "leptop". No papel datilografado a gente se correspondia com o mundo e nos davam a devida importância.
A família do Adnan pagou-me o Curso de Datilografia e, desde então, tornei-me um exímio digitador-datilógrafo em todos os tempos. Talvez datilografar tenha sido o que mais fiz de melhor em toda minha vida, além de prazeroso ganhei o pão!
A gente escrevia pra SUDAM - Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia, SUDENE, FUNAI e outros órgãos governamentais pedindo periódicos ou impressos sobre as atividades públicas do governo nesses rincões. Nossos trabalhos escolares eram os melhores! Aos outros colegas e professoras era um mistério onde conseguíamos farta e atual biblioteca!
Éramos apaixonados pela causa indigenista, tanto que o Adnan acabou tornando-se antropólogo e trabalha atualmente na Universidade Federal de Roraima, na capital daquela unidade de federação.
Por causa de uma simples cartinha datilografada de um aluno das Gerais, por mais de duas décadas, ao alvorecer do segundo milênio, eu ainda recebia exemplares gratuitamente da Revista "Interior" - uma publicação periódica do extinto ministério com prestação de contas de suas realizações, certamente manobra da dita ditadura até mesmo a publicação de minha cartinha na coluna "leitores" da revista.
Naquele sistema torturador de governo o serviço público fazia suas próprias estampas e ou propagandas com o suor do próprio rosto. Hoje as empresas privadas de mídia abocanham o orçamento público de divulgação e que bocão!
Vou confessar tardiamente, porque certamente é crime prescrito, que, devido minha sede de escrever e ler, eu enganava os Correios não só com a cola usada nas minhas figurinhas do álbum, mas no apagamento dos carimbos dos selos que eu reutilizavam. Era uma técnica primitiva de descolar do envelope com vapor dágua e apagar aquela tinta com uma borracha molhada com saliva.
Sobre a cola, quando nos punham pra correr, havia a alternativa nossa de cozinhar polvilho numa colher de sopa com um pouco dágua. Além de dar uma excelente cola, até se engomava roupa com isto, a gente ainda comia o que sobrava. Hoje ninguém cria nada - até as figurinhas são auto-colantes.
O Adnan, daquela feita, já usava de caixa postal, coisa que eu aderi-me somente nos dias de hoje, depois de um atraso de quase trinta anos. A minha Caixa Postal nr 3, no CEP 75740-000, é utilizada praticamente pra recebimento de compras feitas via internet, mas está à disposição de leitores, inclusives anônimos. É interessante porque, com a taxa de cinquenta reais ano, pode-se até utilizá-la como cofre, além de "Os Correios" não devolverem suas encomendas. Quando há tumulto de correspondências, como no Natal, quem tem caixa postal é mais feliz! Com caixa postal a gente muda e o endereço não! Também faço uso da Carta-Social e pago apenas um centavo por cada missiva pessoal, devo ter umas três cartelas destes selos. Espero que os Correios sintam-se indenizados por prejuízos meus causados em tempos remotos com esta propaganda...
Eu também uso o e-mail, mas não dá o mesmo prazer.
Os Correios, neste Brasil desmedido, não é mais tão confiável como antigamente, mas muito necessário.
domingo, 9 de janeiro de 2011
Ao Pai de minha neta
PRIMOGÊNITO
Há vinte e sete anos nasceu meu primeiro filho de uma série de dois. Era a segunda quinta-feira do mês de janeiro de 1984.
O palco do espetáculo foi o hospital militar de Brasília. Foi um parto difícil, mas normal. O perímetro sempre avantajado do seu círculo encefálico fez com sua mãe chorasse mais que ele. Eu não tinha automóvel e tantas outras coisas naqueles tempos de terceiro-sargento, mas o motorista do coronel nos levou de madrugada para aquela agonia que iria durar até à tarde.
Era um bebê muito vermelho e havia marcas no seu rosto devido à luta travada pelos "parteiros". As marcas permaneceram por muito tempo - primeiras cicatrizes de um bravo! A dificuldade fez com que nosso segundo filho nascesse por cesariana.
Tirando a mãe, não sei se naquele momento havia no mundo alguma criatura mais feliz que eu! Teria que dar-lhe tudo embora pouco tivesse!
Um menino esperto! Um menino obediente! Um menino inteligente! Um menino esforçado! Um menino estudioso! Um menino trabalhador! Um filho exemplar!
Eu não gostava do Exército, mas, por ser um emprego de garantia de sobrevida aos meus queridos, ali permanbeci todo o tempo necessário, até a reforma.
Infelizmente despertei-lhe o interesse pela caserna e aos dezessete anos ele foi servir à Pátria e nunca mais voltou para o nosso aconchego. Que Deus o guarde e proteja de todo o mal que o circunda. Abraçou a carreira do oficialato, um tanto melhor que a minha, mas sempre adverti-o que o Exército não compensa nem no posto de general. No seu batizado, como que numa professia, o padre, ao dizer o seu nome, disse haver um grande general com o seu nome, naquele tempo, Danilo Venturini.
Não sei o que o mesmo guarda na memória de seu pai, mas certamente serão boas memórias, pois sempre o amei sem medida.
Comprei-lhe os primeiros objetos escolares sabendo que qualquer vitória na vida dependeria daquele armamento.
Comprei-lhe o primeiro instrumento musical sabendo da existência da sua total capacidade de memorização e ritmo, além da persistência peculiar da mãe.
Parabéns, nosso filho!
"Onde você estiver..."
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
NÃO FOI BIG-BANG – FOI CLIC
FOTO-GÊNESES
Antes do primeiro dia,
Um plano perfeito existia.
É claro que em negativo,
Mas projeto de um DEUS-VIVO!
A luz veio, em início de manobra,
Pra moldar toda a revelação,
Pois o universo da plural obra
Teria em seis dias conclusão.
FOTO-SÍNTESE
A semana objetiva assim focou:
Dia dois – águas, terra e firmamento.
Dia três – A semente ELE lançou.
Quarto encantamento – As estações do tempo!
No dia cinco, com farto e contínuo alimento,
Aves e peixes ganham movimento.
Em resumo, até então, como tudo Deus criou?
Com memória fotográfica ELE nada copiou!
FOTO-CÓPIA
Na manhã do sexto dia na arca estão
Espécimes de animais em exposição,
Mas a tarde quando brilha
Faz-se a maior das maravilhas:
Foi moldado, com as próprias mãos,
Do Grande Artista da Perfeição,
O que se chama auto-retrato:
É imagem e semelhança
Batizada de Adão.
FOTO-CARTA
DOMINGO – Desta feita, com a coleção perfeita,
O Benfeitor, pelo acervo, dá ao homem procuração.
Fá-lo herdeiro de tudo quanto há
E a Divina Ação seria contemplar!
Cheio de poses, o então procurador
Perdeu o filme, a sensibilidade e se enrolou.
Como Narciso, a criatura só a si fotografou.
OBRA-PRIMA-VERA
Restringindo-se à proposta primaveril
O tema central enquadra as flôres
Que se postam a gosto em setembro:
Em nuanças e cores mil.
Todos verão, no hemisfério, o florilégio.
Até cegos e apáticos: É aromático!
Escuta-se o floreio dos poetas,
Os apaixonados desabrocha em quimera.
Outra meta é o ar que refrigera.
Não tem jeito e arde no peito:
Pode cantar, é Primavera!
Crianças fazem colheitas
De rosinhas até mal feitas.
Garotinhos, com segurança,
Dão ramalhetes como lembretes
Do bem-me-quer e amor-perfeito.
E quantos querem copo-de-leite?
FLÔR-TÓGRAFO
Fotografar não é só desenhar com a luz:
É raptar a beleza, flagrar o momento,
Cessar o movimento, deter o tempo,
Dimensionar a alegria... É pura magia!
Fotógrafo é um floricultor
Que planta, sem cheiro, uma flor,
Mas com carinho e sem espinhos;
O tato aveludado não se sente,
Mas no retrato o visual é florescente;
De mentira, mas é prova da verdade!
P’ROSA
Qualquer um de nós,
Ao ler o nosso melhor livro do mundo
E encontrar nele uma pagela solta e seca,
Talvez com função marca-página,
E tal coisa receber o nome de pétala seca,
Teremos a certeza, em nossa imaginação,
De ali conter material suficiente
Pra escrever um outro livro ainda melhor.
FECHA-O-PANO
O papel do fotógrafo é irradiar luz e preservar; chega a ser divino quando deixa qualquer coisa na sua imagem e semelhança.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Último vídeo cassete
Nossos Heróis
Como dói ao relembrar debaixo dum pé de manga
Que tive um herói que se bastava com uma tanga,
Uma faca, um BOY menino bem franzino,
A loura esverdejante Jane – mais linda que Lana Lang,
Uma macaca barulhenta de nome Xita,
Uma selva, mas que mata, umas cascatas,
Um cipó atrás do outro, desde o tempo da vovó,
Viajando solto preso à condução por fortes mãos,
Dá um nó no coração e pra aliviar a dor do peito
Força-se um jeito de arrumar mais um fã
Para o lendário, ora morto, uuuuuu Tarzan.
Chama-se o filho virtual e locatário que o acha otário
E um brilho se apossa do pai-criança da esperança.
No caminho da locadora se estoura numa velha dança
E saltitante por um instante ouve-se um risinho matreiro
Do Informático herdeiro do patrimônio,
Talvez errôneo, mas genético daquele corpo
Um pouco torpe e esquelético.
Cabeça feita não aceita a lista dos mais pedidos
Pede uma fita e quase grita o nome dos artistas estrelas
Jonh Weismuller, serial killer dos crocodilos;
Gordon Scott, perfeitos mamilos que num abraço
Ao Rei dos Animais é mais que um amasso é um que jaz.
Pode até ser o Ron Elli, o mais fracote que se pode ter.
Também da cidade, tinha terno, tornando um inferno
Meu Tarzan ideal, o Bambambã original quase imortal
Apareceu a tal cassete cheia de pó, uma raridade
De muita idade como ele só e sem xodó.
Entristeceu e com dó ou caridade a si próprio
Não quis nem teste e locou o que outrora
Era seu ópio durante o ócio obrigatório.
Promoção. Muito barato. Que emoção.
É chato, pois nada vale uma paixão.
Estrada antiga, há quem o diga, não serve não.
A nostalgia do filme que rola, ou desenrola,
Manda embora com nevralgia a alegria.
São fatos tão redivivos, porém nocivos.
O filho ao lado acha engraçado, mas bem melhor
É o seu milho já estourado. É preto e branco,
Curta metragem. Algodão doce que num solavanco
Duma lambida desmedida como uma foice certeira
De boa bagagem ecoam vidas inteiras que voltam ou não,
Neste chão. No final, afinal, tão legal, uma pergunta
É feita no ar e em tom forte: - Filhote, foi bom?
Sim, talvez, dirá ou não. São tão incertos,
Mas o Pai, como paga, muito se fez, pois até os netos
Vão fazê-lo engolir “ Pokemon” ou derivados NIPON...
domingo, 2 de janeiro de 2011
Paródia Brasiliana
NO DESCOBRIMENTO
Pátria (Poema de Olavo Bilac)
Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Criança! não verás nenhum país como este!
Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
É um seio de mãe a transbordar carinhos.
Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
Vê que grande extensão de matas, onde impera
Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
Boa terra! jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seui esforço, e é feliz, e enriquece!
Criança! não verás país nenhum como este:
Imita na grandeza a terra em que nasceste!
500 ANOS DEPOIS
Mátria (Esquema de Lavo di Arak)
Lama, da cabeça aos pés, na terra em que nasceste!
Lambança! Não haverá em nenhum país mais que este!
Dá nos chapéu! A roubar! Falta brio! O quê resta?
Que natureza, povo bobamente em festa.
É uma teta de mâe a patrocinar granfinos.
Vê se há vida no sertão! Vê a lida dos meninos,
Ficam os balanços no ar, tudo fechado e incerto!
Falta luz, amor, que multidão de insetos!
Sê grande extensão de mamatas, onde impera
Fecunda e dolorosa, a eterna miséria!
Farra de terra! Sempre a negou a quem trabalha
Para o pão de cada dia, o “Arquiteto” nos falha...
Que nem vala funda o infeliz merece,
Grande afago se tem almoço, pede bis e entristece.
Lambança! Não haverá em nenhum país mais que este!
Irrita com a esperteza na terra que bem quereste!
sábado, 1 de janeiro de 2011
POSTAGEM DE NÚMERO DUZENTOS
PRÓ - ÁSPERO ANO NOVO!
Cansei de ser bom... Viva a mudança de índole!
Ainda em 2010, devido ao transcurso do péssimo ano vivido, comecei a caçoar o vindouro 2011. Havia me decidido, como os atores em seus múltiplos papéis, a viver o antagonista da vida. Faz-se assim muito mais sucesso - Ser malvado se faz bem! A televisão até mostra.
Este ano inteiro teria pela frente, como exclusividade extra-classe, ações no sentido de ser não ser honesto, de não ser educado, de não cumprir qualquer lei, de não pagar dívidas, de não ligar para os políticos e até apoiá-los, enfim, de praticar todos os atos que nunca fizeram parte desta minha meia centena de anos.
Uma conversão ao contrário, uma passagem para os quintos, uma des-santifificação, hora de ficar de pé e não mais encarar nem Deus de joelhos. Meu lema? Dois mil e onze - Coração de bronze!
Tudo coisa de 31 de dezembro. Adormeci - a mega da virada virou-se pra outras bandas. Hora de pé no chão!
Acordei em dois mil e onze com a mesma sinfonia de pardais. A promessa de comprar um estilingue para abatê-los, junto com os pombos, arrebentou-se. Joguei sementes no comedouro de céu aberto para outras espécies ariscas. Além dos beijas-flores dei um monte de açúcar para as formigas. Acariciei os cães e troquei suas águas. Milho às galinhas, café pra meu bem, músicas antigas em assovio...
Não nasci nada novo, nem diferente. Tudo igual a antes, Graças a Deus! Pelo menos até conviver com outros bichos-homens...
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