segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ela é bem melhor


MEU DENTISTA É ELA

Tenho pesquisado entre conhecidos meu a opinião dos mesmos sobre o desempenho das odontólogas na última década, afinal a proliferação das mesmas tem sido bastante intensificada. É verdade que minha amostra não é de uma harmonia geral, pois não a classifiquei por faixa etária, cultural e tantos outros critérios definidores de uma estatística da verdade, mas devido a uma opinião unânime posso afirmar que, excetuando uns poucos, o resto pode mudar de profissão. Para se ter uma idéia eu odiava os dentistas e agora já está virando um caso de amor. As mulheres são por natureza carinhosas e com carinho agente deixa até furar os olhos. Viva as mulheres.
Devido a alguns traumas provocados por aqueles estúpidos, independente de sexo, ainda tenho certo receio de qualquer um que utilize a broca infernal. Este apelido foi dado ao motor de alta rotação pelo Sílvio. Sílvio era meu colega de infância. Certa vez foi criado pela Prefeitura de Araguari um Gabinete Odontológico dentro de uma Kombi com finalidade de percorrer a periferia da cidade e prestar um atendimento aos menos favorecidos. É lógico que se tratava de dentistas novatos, mas quando a Kombi branquinha, com aqueles doutores simpáticos estacionou na nossa rua, foi uma curiosidade enorme. Em poucos minutos, atendendo aos pedidos gentis, formamos uma fila gigantesca para atendimento. O primeiro da fila era o Sílvio. Ele era o mais esperto e, em termos de dentição o mais necessitado. Os dentistas se pudessem, liberariam o restante, pois o Sílvio iria consumir todo o tempo. Em dois tempos o Sílvio já estava na cadeira-cama. Os olhos curiosos corriam por todo o interior do consultório ambulante. Mexe daqui, mexe dali e finalmente o motorzinho de alta começa a querer desbravar aquela boca intocável por pastas dentais acopladas às escovas Tek (só existia esta) e muito menos palitos. Fio dental também era desconhecido. Naquela boca só mesmo comida, bebida e muitos beijos das meninas – dizia ele. Essa comida, entende-se que, em sua maioria, resumia-se a doces, refrigerantes e pipoca. Como uma criança carente conseguia estas guloseimas é outra história. Resumindo, no zumbido da perfuratriz, os olhos quase saíram da órbita e quando houve a penetração no caquinho de dente a reação foi inesperada. Sílvio se livrou do malfeitor e, após um berro, saiu em disparada. A fila inteira desapareceu atrás dele. Por todos os bairros vizinhos a Kombi carrasca era desprezada e até apedrejada. Não sei se o magnífico projeto dera certo em alguma outra parte da cidade, mas ali foi dizimado e se alguém pretendia angariar votos se deu mal.
Nas escolas éramos bem esclarecidos a respeito da referida profilaxia, mas nossos pais não nos cobravam nada – criança tem que encher o saco para escovação, está provado cientificamente - além do que seria um item a mais na caderneta do armazém. A cultura de banguelas, por eles vivida, provava que não é preocupante o fato, pois todos são banguelas e nos países dos banguelas quem tinha dente era rei.
Até hoje não sou chegado nos dentistas e não é por trauma de infância somente, mas traumas vividos em todas as fases de minha vida. Traumas de periodontia, aquele lugar onde há choro e ranger de dentes de período em período. Traumas de endodontia. Traumas de doendontia. Enfim, traumadentologia.
Há pouco tempo vi o Sílvio. O danado tem filhos banguelas com várias mulheres banguelas e na minha hiprótese são dentes falsos que o alimenta, pois ainda hoje é mais fácil, para os prefeitos, distribuir dentaduras, pois a dita dura muito e sempre traz à lembrança do miserável quem o acudiu nesta necessidade. A boca da urna parece banguela, mas morde e dói.

domingo, 30 de agosto de 2009

Amigo Tricolor


PESADELO DE BARRIGA CHEIA

Hoje, do alto das minhas conquistas, parcas, mas significativas, posso olhar meu passado com orgulho. Era muita miséria, pé no chão, salário mínimo como o máximo, porém com o sorriso amarelo e com gargalhadas cariadas.
A uma criança nenhuma dessas dificuldades pesa. Ela continua saltitante e brincalhona. Valores sociais e de casta não lhes são parâmetros.
No horário do almoço a fome era ferrenha e quase sempre o “Feijão com Arroz” era tudo que corria para dentro do prato esmaltado. Ainda ouviam-se as recomendações maternas: “- O feijão é só pra tingir o arroz!” Como ouvi esta frase e pra tingir mais meu arroz eu colocava o feijão por cima. Tática pra não ficar nem um pouquinho de cor do feijão no prato, apesar de quê, nesta época, a gente lambia os pratos.
A abóbora e o chuchu, de vez em quando, mergulhavam nas panelas de ferros em companhia da carne moída de segunda. O fogão era à lenha e tal combustível era buscado no cerrado. Pra gente o cerrado não tinha dono, mas vez por outra tínhamos que correr de agressões como tiros de sal. Qualquer pessoa tinha arma de fogo e qualquer criança fumava.
Lembro-me de uma casa que moramos que foi feita de adobe ou taipa, chamado por nós de “adobro”. Nós mesmos fizemos os adobes com o barro de um buraco no fundo do quintal. Tal buraco virava cisterna ou privada. Nas cisternas a gente usava sarilhos e baldes pra buscar a água do subsolo. Alguns privilegiados tinham bomba manual. Estes mesmos metidos a chiques chamavam a “casinha” de latrina.
A escola era pública e notória de boa.
A respeito da alimentação, ainda recordo-me de frases amedrontadoras: “Não pode comer manga verde com sal”, inclusive um colega meu morreu depois de comer isto; “Não pode beber leite com manga”... Era pouca coisa que tínhamos para comer e ainda tolhidos por alguns folclores do tempo da escravidão. Tanto escravos quanto crianças são gafanhotos indomáveis que precisam de um psicológico para frear o apetite.
Pra comer menos no jantar, chamado de janta, os mais velhos vinham com estórias de pesadelo. O pesadelo foi me traduzido como uma velha gorda que, durante o nosso sono, sentava nas nossas barrigas.
Outro dia, teclando no MSN com o Marcos, disse-lhe, em tom de brincadeira, que, caso não sonhasse com ele, não teria valido a pena dormir. Ele afrontou-me dizendo que, caso isto acontecesse, seria um pesadelo. Retruquei-lhe: - Pesadelo como, se seria eu quem estaria por cima?
Pediu-me melhores explicações, o que gerou este relato, ufa!
Metaforicamente estava referindo a mim gordo sentado na barriga dele... Estes são meus sonhos, desde a tenra idade, pra não deixar fugir de mim as pessoas que amo, mas pra eles um pesadelo.

sábado, 29 de agosto de 2009

Goiandira precisa ser impressa



LIBERDADE DE IMPRENSA

A liberdade de imprensa só cumpre seu papel quando alguém é preso e lá fica.

A liberdade de imprensa deve acabar porque ela nos mostra o que não deveríamos ver. De quê adianta ver autoridades algemadas se antes do pôr-do-sol já se evadiram da prisão? Às vezes nem chegam a ver o sol nascer quadrado.
Pra quê CPIs se eles nem conseguem limpar a pauta? A imprensa serve somente para divulgar que o crime compensa. A impunidade é matéria constante da telinha. Ibope alto. A imprensa investe maciçamente em alguns casos e a seguir os abandonam por outro filão televisivo. Tudo gira em torno de audiência e não de moralidade.
A imprensa, os políticos, os magistrados, os legisladores e os empresários estão mais sujos que puleiro de patos.
O povo também não fica atrás – cada qual está envolvido com menor ou maior grau na corrupção que nos assola até o ventre. No mínimo, o povo, torna-se responsável por aqueles que elege.
Se for pra não ver a punição, prefiro não ver nada, pelo menos se tem a impressão que tudo é um céu e não há incentivo imoral à população.
Ainda somos, portanto, terceiro mundo...
Primeiro mundo não é a falta de corrupção, mas a presença das conseqüências danosas aos infratores.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Luz na Câmara em ação - Ultima Ata do 1º Semestre

Ata nº 15
Sessão Ordinária em 15/06/2009
Presidente: Vandervino Gregório da Mota
1º Secretário: Gilberto Vitorino Cavalcante

Aos quinze dias do mês de Junho de dois mil e nove (15/06/2009), às dezenove horas (19h00min), nas dependências da Câmara Municipal de Goiandira, Estado de Goiás, com a presença dos Vereadores, em nome de Deus, foi aberta a Sessão. A Ata anterior foi lida, discutida e aprovada. Expediente do dia: Entrada do Projeto-Lei nº 023/09, “Altera o art. 115 da Lei Municipal nº 1.010/2004 (Estatuto dos Servidores Públicos de Goiandira-GO), e artigo l67 da Lei Municipal nº 1004/2003 (Estatuto do Magistério do Município de Goiandira-GO), e dá outras providências”, que foi encaminhada à Comissão para pareceres. Veto do Executivo à Lei nº 113/09, “Música na Saúde”, Veto do Executivo à Lei nº 1.133/09, “Tempo de atendimento nas agências bancárias”; Veto do Executivo à Lei nº 1.134/09, “Gratuidade do Transporte urbano e semi-urbano”; Veto do Executivo à Lei nº 1.136/09, “Fechamento da Avenida Tiradentes e outras”; Veto do Executivo à Lei nº 1.137/09, “Institui a Rua do Lazer”. Ordem do dia: Discussão ao Veto do Executivo da Lei nº 1130/09, do Vereador Erick Marcus, “presença de profissionais na área psicológica às creches e escolas municipais. O Vereador José Boaron acha muito bom o projeto do Vereador Erick, mas que gera despesa e não é de competência do Vereador. Diz que precisam ter muita cautela ao apresentarem algum projeto. O Vereador Clodoaldo diz que acreditava que era ilegal, e sabe da dificuldade financeira de manter um profissional desses na escola e creches municipais. Fala que em projeto proposto ao Banco do Brasil, propôs essa questão. O vereador Erick Marcus, diz que discorda do Vereador José Boaron, pois se a assessoria do Executivo tem uma opinião, a assessora da Câmara também tem a sua. Por quê o executivo não reenviou outro projeto com os termos dele? Acha inadmissível uma escola de tempo integral, não ter um psicólogo, pois a Secretaria de Educação tem sua própria dotação orçamentária. O Vereador José Boaron diz que tudo é política. Da parte do Executivo e da parte do Vereador Erick. Diz que os projetos do Vereador Erick são bons, mas é triste saber que não vão pra frente. O Sernhor Presidente Vandervino colocou o veto em votação. Sendo que os vereadores: Antonio Raimundo, Hugo Mariano, Pedro Gilberto, digo Gilberto Vitorino, José Boaron, Francelino Junior e Clodoaldo foram favoráveis ao veto do Executivo. Somente o Vereador Pedro Gilberto foi contra o veto do Executivo. Colocado em discussão o veto do Executivo à Lei nº 1.129/09, “institui a Bolsa Universitária”. O Vereador Pedro diz que se for ilegal não é imoral. O Vereador Gilberto acha que é um sonho de todo estudante, mas vê grande dificuldade do Município poder concretizar o projeto. O Vereador José Boaron diz que, nesse caso, a Lei não obriga o Executivo, então não vê ilegalidade. Colocado o Veto em votação, votaram a favor do veto os Vereadores: José Boaron, digo, Clodoaldo da Silva Cardoso, Francelino Junior, Gilberto Vitorino e Hugo Mariano. E foram contra o veto os vereadores: José Boaron, Pedro Gilberto e Antonio Raimundo, ficando reprovado o veto. Discussão ao Projeto-Lei nº 015/09, “LDO para 2009”. O Senhor Presidente suspende a Sessão por cinco minutos para as comissões darem seus pareceres. Voltando a Sessão, o Vereador Erick Marcus, pede vistas ao Projeto. Nesse momento o Senhor Presidente convoca os vereadores para Sessão Extraordinária, para votação da LDO 2009, para o dia 22/06/09, às dezoito horas (18h00min). Aprovada a indicação verbal do Vereador Erick Marcus, para que a Câmara envie ofício à Caixa Econômica, solicitando parecer sobre as casas que serão construídas no Município. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Erick Marcus, para que o Executivo construa quebra-molas, na Rua Absay Martins Teixeira, próximo à casa do Sr Alfredo. Aprovada a Indicação Verbal do Vereadro Erick Marcus, para que o Executivo veja a possibilidade de ceder parte do prédio do IPASGO, onde funciona a Secretaria de Educação, à Polícia Militar. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Erick Marcus, para que esta casa envie ofício ao INSS, para saber sobre questão da contribuição patronal da empresa. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Pedro Gilberto, para que o Executivo faça uma garagem (Cobertura), no Prédio do IPASGO. Aprovada a Indicação Verbal do Vereador Pedro Gilberto, para que o Executivo providencie, com urgência, a troca de lâmpadas no Bairro São João. O Vereador Antonio sugere que façam visita ao Banco Itaú, para solicitar um terminal de auto-atendimento pra cidade. O Vereador José Boaron cumprimenta o Sr Prefeito pela iluminação feita no trevo de Goiandira/Catalão. O Vereador Gilberto justifica sua ausência na Sessão passada, fala que estava viajando a serviço. O Vereador Pedro Gilberto diz que como Presidente da Comissão de Justiça e Redação, deveria ter convocado os membros pra os pareceres. O Vereador Erick Marcus, lembra da entrega do Título ao Deputado Federal Rubens Otoni e pede que tragam suas reivindicações ao Deputado, cobrando dele as prioridades pra Goiandira. Sugere ao Líder do Prefeito que fale com ele, para trazer também suas reivindicações. Lembra que estamos no mês de junho e até agora o Executivo não enviou projeto algum, para realização do concurso da Educação. Mostra números referentes ao repasse do FUNDEB. Diz só ter evolução nas receitas. E por que o Executivo não paga os 2/3 do piso dos profissionais do Magistério? Argumentos financeiros não os convence. Mostra também números referentes ao repasse do FPM. O Vereador Antonio agradece aos presentes. Diz que não fez críticas ao Presidente e ao Secretário, na intenção de derrubá-los. O Senhor Presidente justifica também sua ausência na Sessão passada. Diz que foi em Goiânia, para o lançamento do Programa Asfalto Para as Cidades. Diz ainda que um dia ou outro alguém tenha que faltar. Nada mais havendo a tratar, em nome de Deus, foi encerrada a Sessão. Eu, 1º Secretário, subscrevi e assino a presente Ata.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


Debaixo de sete palmos

Para servir de exemplo
Saddam foi ao cadafalso.
Ninguém é senhor do tempo
Debaixo de sete palmos.

A idade do papai
É uma conquista e pasmo,
Pois a mocidade murcha e cai
Debaixo de sete palmos.

Às vezes fico demente,
Mas sempre me acalmo.
Quem fica para semente?
Debaixo de sete palmos?

Não adianta ficar aflito
E se recorrer a um Salmo.
Tomba o pobre e o bonito
Debaixo de sete palmos.

Seja germe ou paquiderme
Perca o teu entusiasmo
Banqueteiam-te os vermes.
Debaixo de sete palmos.

Caixão não tem algibeira.
Não se pode por si ser salvo.
Tudo vai virar poeira
Debaixo de sete palmos.

Não tem médico e nem cura
Todos se tornam alvo.
Reduzidos à verdadeira estatura
Debaixo de sete palmos.

Pra se livrar dos sete palmos
Deixe aos teus a ordenação:
“Confirmado os espasmos
Que venha a cremação...”

sábado, 22 de agosto de 2009

Reality Show


O Mendigo Carlinhos

Apesar de adepto do bom humor nunca olhei com total admiração o pessoal do Pânico. O humor deles, muitas vezes, me parece excessivamente invasivo. A irreverência não pode dar passaporte ao desconforto. Às vezes, no meu cotidiano eu os imito, mas isto me faz muito mal a posteriori. Muitas vezes o humor é irracional, repentino e isto pode gerar mal estar devido ao improviso, mas inconveniência repetida deve ser desprezada.
Um dos personagens do Carlinhos, o Mendigo, é bem caracterizado apesar de o ator apresentar-se como um jovem sarado. Alguém já viu um mendigo forte por aí?
Os “realitys shows” têm sido uma coqueluche para o público televisivo e, vez por outra, somos brindados com histórias de vida impressionantes.
Carlinhos apresentou-se no palco da vida iniciando-se no drama e que drama. Com uma origem em família desajustada sentiu na carne todos os tipos de agruras. Como criança em sobrevivência, num mundo animal, deve ter sofrido todo o tipo de violência como frio, fome, medo, espancamento e, a revolta, seja de qualquer tamanho, ainda seria pequena.
Aos treze anos, entre capturas e fugas de abrigos, a compaixão do próximo lhe deu um lar, uma educação – antes tarde do que nunca. Tal amparo moldado ao caráter do jovem mudou-lhe o destino errado, porém tido como certo e fatal.
O Carlinhos não tem traços dos mocinhos televisivos, os ditos protagonistas, mas a sua criatividade é inerente à maior escola que existe – A escola teatral da vida. Poderíamos chamá-lo até mesmo de Carlitos.
A Fazenda foi composta de episódios sem scripts, mas o seu final, ou pré-final, demonstra claramente que o autor da peça foi Deus.
Não será de se estranhar se a história do nosso famoso Mendigo virar romance entre capas ou enredo de telas.
O Carlinhos, com certeza, encontrará Brasil afora, muitos pais e muitas mães.
O nome dele é Carlos, mas dane-se Carlos, pois é o maior trunfo do episódio, um prêmio que nos foi dado, no valor de UM FILHÃO.





quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A volta dos que não foram.


CONTO - O RESGATE DO FUNDO DO POÇO

Ainda me lembro do Airton, quando estudávamos na 5ª Série do “Raul Soares”. O pai dele tinha uma engraxataria defrente a praça e servia de “fachada” para a sede do “jogo do bicho”. Era um garoto mirrado de olhos sempre vermelhos e as garotas viviam cercando-no.

Parece que toda a escola acobertava esse aluno de notas baixas, mas sempre alegre; dizia-se “ligado”. Era proibido fumar, mas uma fumaça excito-contagiante os envolviam.
Para fazer parte parte da “turma” não foi difícil: comecei a facilitar as “colas”. Era eu muito aplicado.

Um dia experimentei, baseado não sei em quê, um daqueles cigarros brilhantes. Muito gostoso!... Segura!... Demais!...

Os pais do Airton não tinham tempo pra ele e para os meus quem não tinha tempo era eu. Um dia estudava no Adnan, depois da escola; outro no Uassil; outro no Antonio; outro no Manelogando...

No princípio bastavam as colas, mas a sapiência começou a faltar e para conseguir o “cigarro-do-capeta” tinha que fazer algum “bagulho”. Comecei a trabalhar duro. As forças não eram suficientes para o custeio do vício e comecei a seduzir os amigos. Muitos viraram usuários e eu me transformei em mula, cavalo, avião, idiota...

Quando minha mãe quis saber o motivo das minhas constantes irritações mandei-a para o inferno e disse que sabia o que estava fazendo.
Mudei para as ruas. Abandonei a escola antes da reprovação. Comecei então a trabalhar na noite como garção, balconista e alcoviteiro. A bebida disponível supria a falta de um papelote.

Um dia, depois de muitos anos, jogado na sargeta, muito longe do local da minha infância, sem saber o que realmente se passara, fui abordado por alguém que se apresentava como Servo do Senhor. Convidava-me para ir a um local chamado “Desafio Jovem de Brasília”. Falou-me de comida, roupas limpas, banho...

A palavra comida me aguçou. Entrei no carro e o mesmo saiu em direção a Planaltina.. Adormeci ou desmaiei, não sei.

Quando acordei estava numa enfermaria tomando soro e amarrado. Gritei, debati, xinguei e alguém muito doce desatou aqueles nós dos lençóis. Vim a saber que quem me levara ao local foi um tal de Pastor Vilarindo e que o “bom samaritano” havia pago a internação de seis meses. Seis meses? Nem pensar.
Acontece que a doce voluntária me cativara, me adotara e lá permaneci. Renasci das cinzas! Cultivei a terra! Estudei a “Palavra”.

É verdade que faço uso de medicação controlada, mas não são drogas como aquelas às quais tornei-me dependente. Consegui emprego no local como monitor. Vez por outra invadimos os semáforos para arrecadar doações. Em alguns delírios, ainda não consegui me livrar por completo deles, alguns pensamentos me ocorrem: “Numa picada o Manelogando se foi - overdose... Airton promiscuiu-se por demais e bem cedo a AIDS o levou... Adnan foi preso num assalto... Antônio nunca mais saiu de um manicômio... O Uassil... e o Uassil?”

Fui polpado não sei porquê, mas deve ser por causa da doce companheira do Desafio Jovem.

Além desse campo de recuperação evangélico existem outros da Igreja Católica, Associação de Pais de Dependentes Químicos e o Grupo dos Neuróticos Anônimos. Já dei testemunhos neles.

Outro dia fui numa escola do Plano contar a minha história para as crianças da 4ª Série. Era atendimento a um convite do Programa Para Erradicação das Drogas e Combate à Violência – PROERD – da Polícia Militar – e pude ver um garoto mirrado, olhos vermelhos, cercado de garotas, azarando minha “aula”.

domingo, 16 de agosto de 2009

Escrevendo nos céus




ARAGUARICA

Estive em Araguari por seis dias e renovei minha alma. Amigos, há mais de trinta anos não vistos, desfilaram diante meus olhos. A maioria não obteve progresso algum, mas frutificaram descendentes.
Com algum tempo em Lan House coloquei coraçõezinhos de sobrinhas-netas em aceleração. É muito barato fazer brilhar olhinhos.
Minha mãe, oitentona, ainda não se acostumou às eternas dores corporais. Lembro-me de seus queixumes ainda antes dos quarenta. Acometida por diabetes não pode mais saborear o doce como vício. Suas articulações não permitem percorrer trajetórias fora do lar, então, com o meu pé-de-pneu, pude levá-la até uns parentes. Também pude levá-la às compras e, ao ver apenas dois frangos e um quilo de lingüiça, como a carne do mês, pra três pessoas adultas, tive que interferir no cardápio. É mais uma pensionista do INSS que fez empréstimo pra socorrer quem não devia. Ainda por cima paga aluguel tornando as despesas uma incógnita matemática.
As coisas ficaram mais difíceis pra ela quando, recentemente, saiu de casa o meu padrasto, um velho de 99 anos ainda sexualmente ativo, parece mentira. O salário dele ajudava, mas os irmãos vão segurar a peteca, muito embora ela tenha abandonado alguns para se amigar com ele, dentre os quais... Eu.
Também fui ao Aeroporto com algumas crianças assistir à Esquadrilha da Fumaça – a perfeição da ousadia. Mais cedo, no Napolitano, vi a tripulação almoçando e fiquei de queixo caído ao notar a juventude dos pilotos. Pensei tratar-se de veteranos da FAB.
Por falar em Napolitano tive que cumprimentar o Zezinho pelo estabelecimento impecável. Ali houve progresso apesar de ter usado as instalações de um cinema. Quando trabalhei com o Zezinho, a gente servia um tal de “montanha”, um apetitoso Prato Feito batizado assim por ele.
Passei rapidamente pelo Corujão e notei ali algum progresso, não tanto, mas suficiente. Obras de arte, pintadas por Maitê Sopranzetti, dão um fino trato à decoração do salão.
O que me impressionou mesmo foi conhecer o Aloísio, meu editor virtual do Jornal de Araguari, bem como os caninos que o cercam. O café da Sra Aloísio tem gosto de quero-mais, por isto que tripiti.
Perguntei para quando iríamos ter o Jornal de Araguari no papel e respondeu-me que já existe e, embora parado, pertence ao espólio do Deputado Raul Belém. Era do Aloísio e ele vendeu ao deputado. Um negócio insólito...
Era do Aloísio e a história da negociação é incrível. Diz ele que certa vez mandou um repórter até o político araguarino com algumas perguntas. Uma pergunta não agradou o deputado ao que mandou refazer a pergunta, de um modo muito diferente. O repórter, então, se retirou e cancelada foi a entrevista. Houve até murro na mesa.
O Aloísio, quando notificado, ligou para o deputado e, na conversa, sugeriu ao deputado para que fizesse um jornal e colocasse nele as perguntas que lhe fossem convenientes. Dito isto num tom ameaçador ao que o deputado disse que comprava o seu jornal. Aloísio pôs preço e o deputado pagou.
Um bom negócio da discórdia... by Araguari.

sábado, 15 de agosto de 2009

Seu Antonio Cara de Paulo






Aventura Ferroviária IV


O Batalhão Mauá, de Araguari, teve uma participação intensa na malha ferroviária do País. Entrou em campo também nas rodovias e sempre com o mesmo sucesso.
Nunca andei nos trilhos, mas sempre louco e emotivo. Na imagem acima, um observador atento poderá ver toda minha irreverência, em relação aos amigos, apesar de recruta ousava estar desuniformizado – atente para o garfo pendurado no botão da farda.
Eu sou este aparente risonho. Aparente porque meus dentes, nesta época, eram projetados pra fora por falta da ortodontia. Não carrego mais este falso sorriso, pois meus dentes verdadeiros foram substituídos por falsos, mas que produzem sorrisos verdadeiros.
Esta locomotiva, à entrada do Batalhão de Araguari, é um resgate histórico dos áureos tempos da ferrovia a vapor.
Ainda sobre esta locomotiva há uma história muito interessante... Pelos idos de 1976, a confirmar, o Batalhão Mauá quis fazer uma comemoração em que o bolo fosse uma cópia idêntica da locomotiva. Óbvio que não se tinha os recursos de hoje em dia, mas um confeiteiro da Panificadora e Lanchonete Super-Pão edificou tal bolo. Manualmente cada parafuso da máquina foi torneado de um bastão de chocolate. Sei disso porque eu trabalhava como chapeiro nesta lanchonete.
Não me lembro do nome do artista confeiteiro, mas ele era reconhecido como tal. Trabalhava no local por apenas duas horas e ganhava o triplo da gente. O que ele merecia mesmo era muitos aplausos e de pé.
Bem, esta Maria-Fumaça queimava muita lenha e o encarregado da caldeira era chamado de foguista. O inferno era ali com caldeirão e tudo.
Seu Antonio de Paulo, pai do Antonio Marcos - mentor destes relatos, me disse que conforme fossem as curvas do trem de passageiros, caso as janelas ficassem abertas, a cinza quente entrava nos vagões e chegavam a queimar pertences.
Disse-me também que, nas estações, quando da espera da chegada da composição, à noite, podia-se vislumbrar ao longe a chegada da magnífica – a Maria Fumaça parecia mais um dragão e iluminava com os braseiros a linha por onde passava.
Aquele zigue-zague nos trilhos tornava-se como um vagalume gigante ou então uma serpente de fogo.
Seu Antonio de Paulo, na maior parte do tempo, aparenta e é um homem sério, mas é cheio de troças. Qualquer um, como que hipnotizado, fica atento para ouvi-lo e dar-lhe crédito.
Olhe com que ele me veio:

... Há muito tempo teve uma máquina a vapor que, vindo pra Araguari, perdeu forças na Serra da Bucaína. O Maquinista danou a gritar pedindo mais lenha na fogueira e o foguista fazia de tudo para que a pressão aumentasse. Com muita dificuldade chegaram à estação. No ponto do café começaram a discutir – cada um pondo a culpa no outro pela demora e pelo ocorrido. Era um tal de que faltava fogo e um tal de faltava é maquinista. A coisa ficou séria. A discussão se acalorou e o maquinista passou a mão num pedaço de ferro, partiu pra cima do foguista e gritava que ia matá-lo. O foguista correu para a linha de ferro com o maquinista no seu encalço. Corre daqui, corre dali e o maquinista já estava alcançando o foguista. Era então próximo a um desvio e o foguista, muito inteligente, virou a chave dos trilhos, o que foi suficiente para fazer o maquinista correr na outra direção.

É mole? Não vou dar mais atenção ao Seu Antonio Cara de Paulo, mas um gravador por perto do moleque de oitenta anos iria extrair pérolas de um tempo que não volta mais.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Urologista - Vida versus preconceito


Outro buraco

Antes de qualquer censura
Quero esclarecer direito:
Estes versos buscam a cura
De quem tem o preconceito.

Tenho mais de quarenta
E tal idade é indicada,
Mesmo que nada aparenta,
Pra o homem levar “dedada”!

Na ante-sala do urologista,
Alguns de chapéu disfarçados,
Óculos escuros esportistas,
Cada qual amargurado!

Tomei um banho caprichado,
Perfumei o meu cangote,
Só não me pus depilado...
Lá no fundo vai que’u goste!

O doutor tinha uma estatura
Que me deixou confiante.
Mergulhei na aventura:
Eu sou macho e não amante!

Tive então uma experiência,
De todas a mais profunda,
Um sujeito das ciências
Começou a circundar!

Fiquei prostrado à mostra,
Respondia com gemidos
Cara de quem não gosta,
Um trancamento fingido!

Tenho que tomar cuidado,
Vale a pena ir de novo?
Até já fui convidado,
Deixe a boca do povo...

Dói muito mais o dentista,
Mas a verdade do toque
É que faz terra, o eletricista,
Ainda assim levei choque.

Enfim fiz o exame,
Mas estou desapontado,
Pois um novo vexame
Daqui um ano passado.
PS: Estes versos foram feitos em 2007, na minha primeira visita urológica; agora, na segunda, foram encontradas alterações e estou em tratamento.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Aventura Ferroviária III


TUTI BÃO PRO CÊIS

Tive um amigo a quem rendo este singelo capítulo. Uma pessoa de aventuras, de noites mal dormidas, de corpo maltratado pelo trabalho árduo e coração com dupla via de safenas, aliás, um mal de família. O órgão bomba é a herança de genes alelos defeituosa, mas também é conseqüência daqueles que muito amam.

Nas vezes que eu passeava em Goiandira, ficávamos eu e o Heleno conversando por até cinco horas seguidas. Discutíamos de tudo. Aprendia muito e ensinava-o um pouco. Fica difícil ensinar alguma coisa para alguém tão vivido. Eu adorava fazê-lo rir, mas o fazia com moderação porque ele ria e começava a tossir sem parar, aí então eu ficava preocupado.

Com as narrativas dele nasceu uma vontade de relatar num romance em torno da Rede Ferroviária. Pena que minha principal fonte tenha secado. Ele contou-me maravilhas de como foi construída Brasília. De como os materiais chegavam pela via Férrea até a Estação de Calambau, a mais próxima de Brasília. Os caminhões que ocupavam quase toda a estrada de terra, depois de se abastecerem nos vagões, eram chamados de Rodo. Naquele tempo os desvios de materiais eram enormes. Era a nascitura Brasília corrupta. Heleno controlava o que saia dos vagões e, no canteiro de obras da nova capital, deveria ter outro Heleno pra receber o que não tinha. Heleno obteve inúmeras promoções dentro da Rede, chegando, inclusive, a Supervisor.

Era muito brincalhão e defensor perpétuo dos netos – fazia as vontades dos mesmos e fazia com força – motivo de infindas discussões com a avó, a minha tia Carmelinda, na verdade adotada, pois é tia de minha esposa.

Ele, quando militava na política, era o amigão de Wal, uma nossa amiga em comum, ex-secretária municipal. Apoiava todas as suas idéias e ainda às incendiavam. Certa vez, descontente com ambos os candidatos à Prefeitura, fez campanha para o voto nulo. Pra ele era fácil fazer oposição, pois tinha um carro de som. Normalmente tal carro era utilizado, depois de aposentado, como propagandista. Saía pela cidade anunciando e a cada pessoa conhecida fazia uma brincadeira. Nunca deixou de trabalhar e também de se divertir.

Costumava gritar de dentro da cabine da velha camionete em movimento, aos transeuntes, como troça: “- Tuti bão pro cê!” A pessoa inocente entendia “tudo de bão”...

Ganhou, certa vez, um quadro que fora pintado por sua nora Maeda e, aproveitando do desconhecimento de Wal, disse à mesma que era um quadro dele e que tinha muitos outros pintados, já até desbotados, como se pintura desbotasse... Wal entusiasmou e disse que iria arrumar um local para que ele expusesse seus trabalhos de pintura. Ele ia entrar numa fria, pois Wal estava lutando nisso com afinco. Até a mensagem da sua Missa de Sétimo Dia, Wal ainda cria que fosse um grande pintor. O que não era de se duvidar, pois ele era um verdadeiro artista. Ator de mão cheia e músico de incontáveis instrumentos. Seu xodó era a sanfona, mas devido às proibições médicas quanto ao esforço, tivera que abandonar tal prazer, mas consta ter tocado uma semana antes do óbito na Festa de São Sebastião. Foi seu último show.

Na viagem para seu velório meu filho Douglas disse que iria reclamar sua herança, pois o Tio Heleno havia lhe prometido suas moedas antigas. Realmente ele tinha uma porção de moedas, mas daí dar para o Douglas só mesmo uma brincadeira. O Douglas sabia da brincadeira, pois também, muito menino, proseava bastante com o Tio Heleno. Tio Heleno o chamava de “Inventor” e era um apelido que vinha a calhar, pois Douglas sempre foi um tanto cientista. O presente que ele mais adorou ter ganhado na vida era uma coleção “Pequeno Cientista” onde auto-explicava como as coisas funcionam.

O Paulo André, primogênito neto do Heleno, foi deixado pelo mesmo, certa feita, às margens de uma poça d’água pluvial com uma vara de pescar, dizendo que havia muitos peixes ali. O coitado do neto passou a tarde molhando a minhoca e nada. Não sei se teve troco.

Um dos seus filhos chama-se Onele. Interessante que é o nome do avô e que, lido ao contrário, forma-se o nome de Eleno.

Minha cunhada Euzenita, sobrinha do Heleno, quando criança muito pobre, estava com a boca em péssimas condições e teve todo o tratamento custeado por Heleno. Quanta gratidão!
Coube então à Nita, na Missa de Sétimo Dia, ler o texto abaixo, feito por mim ao meu hoje grande mentor espiritual, Heleno Catuta:

DECLARAÇÃO PÓSTUMA

Uma das coisas doces que pude usufruir em minha vida foi a amizade com o “Primo”, o Heleno Catuta. Um ferroviário, um homem de ferro... Tal declaração vem ao encontro do falecimento precoce de um Grande Homem! Não está mais em nosso meio como desejávamos. Certamente o Céu precisou de um General e meu amigo foi chamado para incorporar às Milícias Celestes.

Um Anjo? Um Santo? Não. Um homem bem próximo deste objetivo divino. Agora, se a pergunta for dirigida a um de seus netos, a resposta será, em uníssono, um cântico de louvor ao avô.

Dedicação constante até no instante final, a todos e a tudo o que lhe rodeava, inclusive aos animais, todos de estimação – o grande touro, o cambaleante bezerro, as vacas, o cão fiel e o cavalo disposto.

Fica difícil imaginar a pequena cidade sem o Grande Homem. Só Deus mesmo pra realizar tal façanha. A sua voz ecoava pela cidade anunciando e propagando alegrias. Aqui e ali, uma brincadeira e um sorriso amigo. Conhecia cada habitante e suas peculiaridades. Na frente da casa montava sentinela e, ali, calçado da esperança e conforto, incentivava o transeunte, o caminheiro errante... A todos dava seu cumprimento e o “Deus te acompanhe”.

Sua locomoção motorizada era conhecida e estava sempre com a cabine e carroceria de portas abertas a um carona. Era um feliz brincalhão... A quem passasse por ele sempre vinha o sorriso e a gargalhada garantida. Assim como sorria também chorava. Era um homem de muita fé. Emotivo e, com os olhos voltados a Nossa Senhora, tinha sentimentos espontâneos! Assim como sorria sempre, sempre chorava. Pranto num canto e soluços inebriantes.

Mão aberta e jeito econômico – Formador de patrimônio e incansável aposentado. Via na política a solução social e uma faca para o peito.

Morou no mato. Louco e emotivo cantou e tocou, abriu o fole, teclou... Cantava e encantava! Tocou! Não só instrumentos musicais, mas, o coração de todos que o amava e por ele eram, facilmente, amados!

Tio Heleno, há um vagão na composição que trilha em nossos corações, cheio de histórias, de doces lembranças, da palavra sempre amiga e da certeza que podíamos contar com seu senso de justiça a qualquer momento e em qualquer circunstância!

Agora, um vazio ecoa pelas ruas da cidade... Mas, os nossos corações estarão sempre cheios de saudades e da certeza do reencontro...

O seio da terra, berço eterno de seus filhos, tragou seu corpo, uma semente fecunda com florada nos céus e terra.

Saudades daqueles que anseiam o reencontro. Prepara nossa entrada.


Contra-indicado para diabéticos. Ôh, dó!


DOCE

Nesta vida há quem não goste,
Há também os que não podem,
Criança quer é de pacote,
Se deixar ela até se explode.

Há de tudo quanto é cor,
Há de todas as formas,
É algo arrebatador
Que médico quer por norma.

Pode fazer mal aos dentes,
Deixa a pessoa louca,
Não tem igual concorrente
Quando é pra agradar a boca.

Pode o sangue engrossar
Ou aumentar o peso,
Os olhos hão de arregalar
Com um gosto tão surpreso!

Têm de manga, goiaba e marmelo.
Tem na caixa, na palha e na lata.
Todo tipo, todos belos.
Criança por tão pouco fica grata.

Existe doce mais doce
Que o doce de batata doce?
Sim. Qualquer um
Que pra dentro da boca fosse.

sábado, 1 de agosto de 2009

Jacaré e lobisomem


Viado – Guei

Tudo pode se perder... extraviado.
O Tempo pode diminuir... abreviado.
O sol pode escurecer... anuviado.
O tesouro da nação... desviado.
Messias sempre é... enviado.
Um hino pode ser... assoviado.

Então: o preconceito... esmaguei,
Meu grande amor... afaguei,
Meu passado... apaguei,
Contigo... aconcheguei,
Com o álcool... embriaguei,
Nada aleguei quando te abriguei
E pra o nosso lar o carreguei,
O mais duro eu amarguei,
Sem ter pecado eu comunguei!