sábado, 18 de julho de 2009

Personagens da Guerrilha ainda em confronto.


DE NOVO NÃO

Eu queria não mais falar do Exército, mas infelizmente não dá. Seria ótimo que aquela recomendação do Cristo coubesse em mim: “... Bata o pó das sandálias e saia daquele lugar sem olhar para trás, pois não são dignos de que leve o pó daquele lugar...” Acho que é mais ou menos assim o mandamento, mas eu carrego muito mais que o pó. Carrego o pão que me sustenta, carrego o fardo de quase trinta anos de caserna acompanhado ainda de mordaça e mágoas.
Além de me ter consumido uma vida, ainda povoa meus sonhos. Esta noite sonhei que morava numa casinha no meio do mato, totalmente isolado, quando uma algazarra invadiu meu domicílio. Era a Cavalaria do Exército, porém estavam montados em bois. Certamente pra servir de alimentação quando não servir mais pra o transporte. É assim o Exército – Você deve servi-lo sempre ou então será o tão sonhado inimigo. Falando nisto eu sinto dó do inimigo que um dia venha a ter, pois se trata tão impiedosamente os seus comandados, o que faria com um inimigo derrotado?
No meu sonho eles dançavam juntamente com os animais no jardim do meu asilo. Pisoteavam tudo, quando pude intervir, pela janela, desacatando-os pela atitude. O comandante deles devia ser um cabo, pois estavam sem as devidas divisas, desceu de sua montaria com a cara de quem dizia: “Deixa este imbecil comigo.”
Desfigurei sua fisionomia quando ergui minha identificação, no estilo árbitro de futebol quando sustenta o cartão vermelho. Ainda, relembrando a petulância peculiar aos militares, bradei: - Só aceito conversar com superiores a mim.
Acho que nem cabo era porque me levou até o sargento que não seria meu superior.
Nesse instante eu já havia me inflamado e bradava a plenos pulmões: - Bando de covardes, onde estão os heróis? Só falo com heróis.
Não sei como se deu, mas fui levado até um menino que estava ostentando uma estrela em cada ombro, um frangote, aparentando poder de vida e de morte.
O lugar já não era mais nem o mato, nem quartel, mas um shopping muito bonito.
Como minha voz estava alterada ele ameaçou me levar ao PIC, Pelotão de Investigações Criminais, onde tantos certamente ainda padecem... Um lugar de choro e ranger de dentes – tortura, ainda que de outro modo.
A palavra PIC me fez acordar e, às quatro da manhã, escrevi isto. Dando letras ao pesadelo.
Eu acho que tudo isto aconteceu porque na noite anterior recebi um e-mail em que se fazia lobby para lançar candidatura do General Heleno para a Presidência da República 2010, um militar contra a guerrilheira Dilma... Repetição da História?
O General Heleno é aquele que opinou sobre “Raposa do Sol” na Amazônia e sobre as tropas da ONU no Haiti. Declarou como comandante local da ONU que inimigo não tinha nem o direito de enterrar seus mortos.
Parecia um bom militar, até então, pois por cerca de quarenta anos foi submisso para receber os galões ou louros. Agora, no topo, onde não há mais degrau para subir na carreira me vem com esta. Não me passa por salvador da Pátria, mas um oportunista ou um eterno estrategista que burla o prato que comeu. O Clube Militar está cheio de generais assim, mas, quando na Ativa, em que tinham tudo para mudar o sistema, eram cordeirinhos e ainda encontram reflexos nos praças organizados também em clubes.
Eu até posso votar num general, mas desde que sua história prove que derrotou ou lutou pelo menos contra a corrupção dentro do Exército – Fato este impossível, pois se o fez não seria ele um General.

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