domingo, 28 de junho de 2009

Porque sou brasileiro e tolerante!


Sou trapaceiro e não desisto nunca.

Não sei precisar qual foi o meu primeiro desvio de conduta e o último ainda dista.

Quando brincava de “pique esconde”, na minha vez de contar, eu olhava disfarçadamente onde os amiguinhos se escondiam.

Jogando “varetas” eu assoprava para buli-las na vez do adversário. No “bafo” também ventava.

Na escola “achei” muito material alheio. Colar em provas nem se o diga.

Nas feiras-livres uma frutinha ou outra acabavam sendo degustadas sem que houvesse a devida indenização ao comerciante.

O “pão nosso de cada dia” eu furtava na janela em que era deixado.

Aprendi a apagar carimbos de selos e reenviava correspondências com os mesmos. Nos mesmos Correios eu me abastecia de cola para meu álbum de figurinhas.

Como garçom não repartia equitativamente gorjetas, além de errar nas contas a meu favor.

Na caserna fui especialista em fechar contas mal resolvidas, contabilizar notas sem a entrega do material e embolsar comissões de fornecedores.

Já furei bola única quando meu time tava ganhando.

Já fiz interurbanos de repartição pública.

Já soneguei imposto de renda quando aumentei despesas e dependentes, assim como quando comprei sem notas.

Já me embriaguei na contramão, ultrapassei indevidamente tanto em faixa contínua quanto em velocidade.

Já bebi e não paguei não sendo esquecimento.

Já fui protestado, sempre protestante.

Já invadi propriedade pra colher fruta madura.

Já aprisionei a fauna silvestre local.

Já fiz ramalhete de jardim alheio.

Já fiz “boca de urna” com dinheiro na carteira. Já fui beneficiado com tráfico de influência.

E, se um dia eu for eleito, certamente, vou empregar minha família fantasma em gabinetes de parceiros políticos.

Podeis me encontrar facilmente junto a outros manifestantes que imploram por políticos honestos, suplicam por criminosos presos e se declaram no caminho da retidão.

Sou brasileiro e não desisto nunca.

Isto é uma crônica de ficção - Qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência!

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