quarta-feira, 3 de junho de 2009
PÊRA, UVA OU MAÇÃ?
Criança não peca. Juro por Deus e quero encontrar minha mãe mortinha!
Das infinitas travessuras, do meu tempo de menino, existem algumas que se alojaram no cerne da minha existência.
O “Pastinho da Dona Eugênia”, mais próximo, tornava-se nossa selva no cotidiano. Ali era possível brincar de “Pique-some”, Tarzan e, na boca da noite, contar estórias de assombração. Existiam árvores muito grossas para nossos bracinhos abarcar, então era necessário fazer entalhes no tronco para que subíssemos nas mesmas. Lembro-me de uma em que íamos até a ponta dos galhos e eles, gentilmente, curvavam-se e, como elevador, deixavam-nos no térreo ou próximo, sem que se quebrasse.
Guardo cicatrizes nos ossos e na carne como troféus.
Nossas mães nos criavam soltos, inclusive lembro-me muito bem de minha mãe dizer, após as refeições: “Barriga cheia, pé na areia”. Pronto, era nossa voz de comando de cumprimento imediato.
Amanhece dista de Araguari uns doze quilômetros, dizíamos duas léguas, e muitas vezes íamos pra lá, seja de carona, bicicleta ou a pé. A gente gostava de ir buscar castanha de côco, acho que babaçu.
A pessoa que mais nos dava carona era o “Chico Dez”. Era possuidor de um caminhão muito velho e detestava quem o chamasse pelo apelido. O caminhão dava partida através de uma manivela na frente. Soltava tiros e fumaça pra todo lado. Ele mexia com ferro-velho, por isto o carinho com as crianças, pois elas que ajuntavam este tipo de material.
No meio do caminho para Amanhece havia um cruzeiro e a gente sempre queria passar ali antes das dezoito horas porque havia assombrações. Kkkkk. Era o que dizia o Sirlei, nosso amigo mais velho!
Mergulhar na Ponte do Fundão machucou muitos de nós. Eu fiquei ligeiramente manco da perna esquerda, pelo resto da vida, devido a uma constipação que peguei nos “Verdes”. Os “Verdes” era uma deságua das piscinas do Pica-Pau com uma nascente. Água muito fria e eu, muito quente, mergulhei para o choque térmico.
Joguei muita bolinha de gude. Perdia todo meu arsenal na “biloca”, aquele jogo das casinhas. Sou péssimo em mira.
Os melhores estilingues eram os meus, mas nunca acertei passarinho algum, a não ser um “tiziu”, aquele saltitante dos capinzais. Atirei a pedra, ela iria passar por cima e ele pulou de encontro à mesma. Não consegui encontrá-lo para demonstrar minha artilharia. Em compensação, o Celso não vai mesmo para o Céu. Ele chegou a matar duas rolinhas com uma pedrada só e a apagar, com pedradas, os cigarros na nossa boca. Era perigoso fumar perto dele. Kkkk.
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