Capitalismo ou Democracia?
Aconteceu em Brasília
e eu testemunhei. No subsolo do Conjunto Nacional, quase ocupando a metade
daquele nobre espaço central, havia uma unidade do Pão de Açúcar, nossa talvez
maior varejista, inclusive muito atuante como hipermercado. Na entrada da loja
havia um pequeno espaço e tal, através de insistente pedido, foi cedido a um
chaveiro, ofício que daria mais atração à loja. Evidentemente, pois enquanto se
copia uma chave compra-se algo naquela infinidade de itens bem
disponibilizados.
O ponto de chaveiro pegou e o tempo
passou. Administrar é um processo dinâmico e sempre surgem novas ideias de como
levar o negócio adiante. Chegou um novo gerente para aquele Pão de Açúcar e, no
seu levantamento preliminar, não achou correto que aquele chaveiro ficasse por
ali, sugando como uma parasita, os louros do seu negócio feito quase sem nenhum
investimento, pois não pagava energia, água e nem o aluguel do espaço. Calculou
uma taxa e a colocou sob análise do chaveiro. O chaveiro não gostou de jeito
nenhum, lógico. Bradou que tinha seus direitos e que o tempo o tornou soberano
sobre aquele espaço. Vieram em sua ajuda dois ou três lojistas vizinhos que se
ofereceram para ir até a justiça, caso necessário.
A pressão empregada do gerente cedeu
sobre a aparente democracia que ali imperou. O gerente então, no espaço
simétrico ao do chaveiro parasita, montou outro chaveiro custeado pela
organização e colocou o preço das cópias e demais serviços oferecidos com o
preço dez vezes menor.
A busca por cópias aumentou inclusive
o resultado diário da loja. O chaveiro dos direitos voláteis não teve como
fazer frente e, com o passar do tempo, foi obrigado a levantar-se daquele lugar
para não morrer de fome.
Isto pode demonstrar claramente o que
pode fazer o suposto abuso do poder econômico. Pobres podem colocar alguém no
poder, mas o poder necessita de capital para ser exercido. Se o poder
aquisitivo abandonar um local, associado ao não pagamento de impostos, como se
governará?
Deus está presente na Terra, mas
devemos obrigações a César, em nome da moeda circulante e enriquecedora.
1 comentários:
Aristeu, o texto é de sua autoria? Perfeito! As pessoas acham que o governo pode viver só de fazer obras sociais, sem necessidade da indústria, do comércio, das obras públicas, serviços que dão emprego ao povo e que arrecadam os maiores impostos. A frase "Pobres podem colocar alguém no poder, mas o poder necessita de capital para ser exercido" é clara e evidente. As bolsas sociais, que no Brasil existem aos borbotões, são pagas pelo povo, através dos altos impostos pagos. Sem economia forte, adeus fartura. Um abraço.
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