sábado, 20 de outubro de 2012

Vocação para parasita



Capitalismo ou Democracia?

         Aconteceu em Brasília e eu testemunhei. No subsolo do Conjunto Nacional, quase ocupando a metade daquele nobre espaço central, havia uma unidade do Pão de Açúcar, nossa talvez maior varejista, inclusive muito atuante como hipermercado. Na entrada da loja havia um pequeno espaço e tal, através de insistente pedido, foi cedido a um chaveiro, ofício que daria mais atração à loja. Evidentemente, pois enquanto se copia uma chave compra-se algo naquela infinidade de itens bem disponibilizados.
O ponto de chaveiro pegou e o tempo passou. Administrar é um processo dinâmico e sempre surgem novas ideias de como levar o negócio adiante. Chegou um novo gerente para aquele Pão de Açúcar e, no seu levantamento preliminar, não achou correto que aquele chaveiro ficasse por ali, sugando como uma parasita, os louros do seu negócio feito quase sem nenhum investimento, pois não pagava energia, água e nem o aluguel do espaço. Calculou uma taxa e a colocou sob análise do chaveiro. O chaveiro não gostou de jeito nenhum, lógico. Bradou que tinha seus direitos e que o tempo o tornou soberano sobre aquele espaço. Vieram em sua ajuda dois ou três lojistas vizinhos que se ofereceram para ir até a justiça, caso necessário.
A pressão empregada do gerente cedeu sobre a aparente democracia que ali imperou. O gerente então, no espaço simétrico ao do chaveiro parasita, montou outro chaveiro custeado pela organização e colocou o preço das cópias e demais serviços oferecidos com o preço dez vezes menor.
A busca por cópias aumentou inclusive o resultado diário da loja. O chaveiro dos direitos voláteis não teve como fazer frente e, com o passar do tempo, foi obrigado a levantar-se daquele lugar para não morrer de fome.
Isto pode demonstrar claramente o que pode fazer o suposto abuso do poder econômico. Pobres podem colocar alguém no poder, mas o poder necessita de capital para ser exercido. Se o poder aquisitivo abandonar um local, associado ao não pagamento de impostos, como se governará?
Deus está presente na Terra, mas devemos obrigações a César, em nome da moeda circulante e enriquecedora.

1 comentários:

Marilia cunha disse...

Aristeu, o texto é de sua autoria? Perfeito! As pessoas acham que o governo pode viver só de fazer obras sociais, sem necessidade da indústria, do comércio, das obras públicas, serviços que dão emprego ao povo e que arrecadam os maiores impostos. A frase "Pobres podem colocar alguém no poder, mas o poder necessita de capital para ser exercido" é clara e evidente. As bolsas sociais, que no Brasil existem aos borbotões, são pagas pelo povo, através dos altos impostos pagos. Sem economia forte, adeus fartura. Um abraço.

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