Minha Cadela Brighithe
Com treze anos faleceu, na última passagem de ano, vítima provavelmente de cinomose, a mais grave doença canina. Era uma cadela de apartamento, adorável. Quando mudei pra Goiandira mandei gramar o quintal e provavelmente a grama, de um ambiente desconhecido, veio contaminada. Como nossa casa estava em construção esquecemo-nos de imunizar nossos caninos com a vacina devida que não passava de míseros quinze reais.
Ela morreu, mas resistiu por um mês às agruras de tal fim. Perdeu os movimentos traseiros e em fase terminal soltava uivinhos à noite. Eu a levava para Catalão de manhã, a fim de tomar soro e medicamentos e a trazia de volta à tarde. Muito carinho, dedicação, mas esvaiu-se deixando um vazio sem fim.
O veterinário, Liomar Constantino da Silva, foi muito eficiente e, inclusive, recusou-se a praticar eutanásia, caso pedíssemos, pois o sofrimento era grande.
Quando ela findou-se, em meio a dores no coração ainda fiz-lhe um acróstico com sentimentos póstumos no qual também se homenageou o veterinário pela sua conduta. Num encontro silábico de palavras independentes, em três versos seguidos, postei seu nome.
Lógico que, na primeira vertical, destaquei “Minha Cadela”...
MESCLADA POR TRÊS CORES RELUZENTES
INVADIA SORRATEIRA O AMBIENTE
NO COTOCO DO SEU RABO VELOZMENTE
HABITAVA A ALEGRIA DE REPENTE
A RAÇA NÃO DEFINIDA... DIFERENTE
CAIU DE CAMA A VETERANA TÃO ARDENTE
AGUENTOU FIRME O CINU-VIRUS RESISTENTE
DOMICÍLIO MARTIRIOSO ENTRE SEUS ENTES
E OS GRITINHOS CONSTANTE HINO DA VALENTE
LÁ NO PÓ VAI VIRAR FÓSSIL VALIOSO – DIAMANTE,
A BRIGHITHE, A NEGUINHA, TRIUNFANTE...
2 comentários:
Um motivo a mais para gostar da Brighithe: ela era tricolor, mas, ao contrário do apagado Flu, suas cores eram reluzentes.
Aliás, outra qualidade da Brighithe: ela era especialista na caça ao sorvete, não deixando nenhuma gotinha cair ao chão.
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