Prato de comida
Por um prato de comida,
Deixa-se a terra natal,
Na Araguari prometida
A fome iria se dar mal.
De nove, os três pequenos,
Por um prato de comida,
Provariam do veneno
De uma avó sempre mordida.
Era um de dura lida,
Não sabia o que fazia,
Por um prato de comida
A Vódrasta obedecia.
Pra trás ficaram três,
Com a fome ainda ardida,
“Ponham pouco todos vocês,
O prato é raso de comida.”
Por um prato de comida,
Mal se quis à avara avó.
Sara então esta ferida,
Jesus desmancha este nó.
Na cidade Sorriso,
Por um prato de comida,
Fazer de tudo foi preciso,
Toda a família investida.
Uns à toa na torcida,
Ficavam de boca aberta,
Por um prato de comida,
Avançavam sempre alertas.
O pai com mínimo salário,
Invernou-se na bebida.
Partiu com meio centenário
E rareou o prato de comida.
Por um prato de comida,
A mãe com outro se ajuntou
E os filhos na repartida,
Com a filha mais velha ficou.
Abandona-se então a escola,
Pra ganhar o prato de comida,
O que o mundo mais esfola
É a fome sem medida.
A Lei de Deus foi cumprida,
Com pranto suor do rosto,
Teve –se o prato de comida
Recheado a todo gosto.
Quando a fome aperta
Troca-se por uma jazida.
Simples mingau de fubá
Vira o melhor prato de comida.
Boia fria como prato de comida,
Desce bem no agricultor.
No restaurante é sortida,
Mas que pesa na hora de por.
No quartel vai-se engajar,
Por um bandejão de comida.
Sobre o estômago a marchar
Assim é nossa vida.
Um menu de boa pedida,
Pra não ter mais sede e fome,
É encontrar a verdadeira comida,
O Poço que abastece os homens.
O Prato Nosso de cada dia,
Merece uma boa esculpida,
De suor, lágrimas e alegria
De uma alma agradecida!
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