quarta-feira, 24 de novembro de 2010
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Dados curriculares
Muitos escritores e ou compositores lançam mão de pseudônimo na assinatura de um artigo ou composição. Isto se dá a vários fatores de preservação do autor, inclusive de cunho político. Em concursos de poesias, por exemplo, exige-se a utilização de pseudônimo, por parte dos concorrentes, para que integrante de banca avaliadora não se direcione a algum conhecido. Lembro-me que, nas minhas primeiras aventuras poéticas, escolhi o pseudônimo de Corinthians. Escolhi tal nome com o intuito de enganar mesmo já que meu time é o Flamengo. Corinthians também dá mais credibilidade por ser um nome bíblico e ainda, no meu caso, termina com as letras "ANS" as quais seriam a abreviatura do meu nome por inteiro - Aristeu Nogueira Soares. Muito criteriosa a minha escolha.
Quando adentrei como cronista do Panorama de Araguari, antigo nome do portaldearaguari.com.br, o amigo oportunizador e terno editor Aloísio pediu-me um modo de apresentação para assinatura, em rodapé, do espaço concedido. Lembro-me que à época disse-lhe que bastava colocar que eu era um ex-engraxate de Araguari.
De lá pra cá deu no que deu e muitas matérias foram publicadas. No transcurso das mesmas desfilei de coração aberto minhas várias facetas, minhas mazelas, meus sonhos em torno de um progresso social e pessoal, inclusive moral com pouco sucesso. A verdade é que sou metido a querer saber um pouco de tudo, a satirizar o desconhecido, banalizar o complicado, serenizar os afoitos, açoitar com poesias o torto e o direito, mas nada maior há que ex-engraxate de Araguari. A explicação vem a seguir.
Fui moleque mais travesso que obediente. Fui aluno adiantado que se perdeu. Chutava de "bicuda" e só encaçapava no meio da mesa. Fui irmão de uns dois quando éramos nove além de filho de forçada emancipação. Militar de uma vida inteira sem batalhas. Escritor sem livros. Garçom sem gorjetas. Agrimensor sem terras. Sorriso sem brilho. Choro sem lágrimas. Caminheiro sem destino. Medo sem causa. Beco sem saída. Padeiro sem bigode e sem queima de rosca...
Ex-engraxate eu o sou, meu primeiro ganha-pão. O tilintar daquelas moedas causavam-me maior alegria que todas as quantias oriundas do Governo Federal em salários de uma vida.
Meus amigos de coluna de lá e tantos outros autores, nos dados bibliográficos em fim de matéria, são as suas últimas profissões, com mérito sem medida, diga-se de passagem: Um é Juiz consagrado escritor, outro Advogado melhor prefeito e a educadora inconteste cidadã, mas eu me apresento pelo primeiro ofício - Ex-engraxate de Araguari. Não por modéstia ou humildade, mas mais uma vez por ser petulante. Não me faço assim o menor, mas imito o Maior Mestre: Enquanto Ele lavava os pés dos discípulos eu o imitava ajoelhando-me aos pés dos sem graxa e reluzia o sol com a justa medida da multiplicação dos pães necessários à minha sobrevivência de cruzes.
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