sexta-feira, 29 de maio de 2009

Poderia estar roubando, matando, prostituindo...


USINA DE LETRAS

Todo sofrimento tem seu fim – O difícil é perceber quando termina um e começa o outro.

Conheci um site com este nome e adorei. É um recanto para o poeta.

O bom mesmo, nos tempos de hoje, é uma usina de álcool, diria meu pai, apreciador alcoólico e conseqüente cirrosista, ou será cirrosense?

Antigamente a gente xingava os outros assim: “Vai catar mamona” e hoje, devido ao biodíesel, passou a significar outro tratamento: “Vai caçar serviço”.

Fizemos muitas guerrinhas de mamonas, era o dia inteiro, elas eram pragas. Agora, aposto que sumiu dos terrenos baldios. Sempre não gostei deste nome. Pra nós, que não saíamos destas datas abandonadas, eram terrenos vadios.

Depois destes lotes eram as ruas as nossas preferidas. Quatro metades de tijolos viravam golzinhos e o “racha” pegava. Os golzinhos tinham outra vantagem primordial e que garanto ter sido utilizada - Se algum vizinho não devolvesse a bola ou a furasse, os meios tijolos viajavam para o telhado dele.

Um dia, em 1976 ou 77, apareceu, na rua do lazer, um sujeito querendo rapazinhos para trabalhar. Eu aceitei, mas que fria!

Fomos em três: Eu, o Duir e o Osvaldo. O serviço era muito ingrato, ainda mais para jovens de quinze anos. O sujeito havia sido dono de umas terras, desapropriadas na área da Usina Hidrelétrica de Emborcação, e queria aproveitar telhados, arames farpados, postes de madeira de lei e mancos de curral, coisa que a CEMIG já havia indenizado.

Como é difícil seguir cercas e enrolar arame velho. Arrancar manco de curral só mesmo com água corrente no pé dele.

Montamos e moramos numa barraca de lona. Tínhamos gêneros para dois meses, regrando, mas deu pra três. Terminamos o serviço e o dono da obra não nos foi buscar. Deu vontade de fazer uma fogueira de tudo, mas a gente tinha que receber. Voltamos a pé para Araguari, à noite, fugindo do sol forte, pois tínhamos que carregar alguma coisa e estávamos com fome. Detalhe - ainda teríamos que descobrir aonde o FDP morava.

Descobrimos. Deu-nos o cano do combinado. Pouco faltou para pormos fogo na casa dele, o Osvaldo era mais velho e muito violento. Eu? Piolhento. Kkkkkk.

Com o parco dinheiro recebido passeamos durante três meses, mas isto é uma outra história.

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