domingo, 24 de maio de 2009

Diário de um Poeta - Capítulo Quarto

Vamos tentar engolir alguns pensamentos meus, pois todos os metidos a escritores têm que ter frases célebres, ou seriam céleres, que de preferência transformem-se em ditados populares...

Não quero viver só, mas também não quero ter um só amigo.

Se queres um diploma é fácil, mas se queres conhecimentos é outra história.

A idade do patrão sempre é pouca para a experiência e demais para a aparência.

A janela está aberta. Se eu chegar junto à ela verei quanto posso e imaginarei tantas cousas que não caberão neste espaço sideral. Imaginação de quem quer ser escritor. Escrevo onde não tem linhas e arquivo nas nuvens. Será lindo quando chover ou terei que desculpar-me pela enxurrada?

Não te julgues fraco demais, pois até o vento te derrubará.

Mais vale um pássaro voando que dois engaiolados.

Antes que te peçam: dê-lhes.
Antes que te vejam: mostra-te.
Antes que te chamem: não saia.
Antes que te procurem: encontra-te
Antes que te jantem: almoce-os.
Antes que te irritem: acalme-os.
Antes de ser pai: seja filho.

Eu sempre gostei de escrever. É fácil. O duro é encontrar quem leia.

Antes de conhecer nem sequer sabia escrever. Agora que te conheço já sou poeta.

Quando eu olho para você: parece sonho. Quando você olha para mim eu sei que é sonho.

Não sou como Cristo, mas faço como ele, ou seja, sou capaz de dar a vida por quem não merece.

Eu sou egoísta demais, herdei uma casa e desejo uma cidade; me deram uma flor e adquiri um jardim; tropecei em uma pedra e chutei uma montanha; comprei um livro e já quero uma biblioteca; tive um filho e não quero ter mais nenhum.
Este mundo de hoje é tão cão e medíocre que cada flor tem um espinho, cada sorriso é um disfarce e atrás das grades há um padre.

Uma veia encontra uma artéria, banhando-se em glóbulos vermelhos e hemáceas, pulsando por canais, num ritmo involuntário, movido por um músculo que bate, apanha, dilata, retrai, maltrata, é maltratado, mas acima de tudo, também ama. Faça aquilo que vai e vem do coração, pois esta é a maior maneira de amar. (não tenho certeza de ser meu).
...

Sei que não convenci como pensador então segura esta, pois foi uma tentativa fracassada de imitar o poema do Vinícius. Que pretensão, mas escrever é preciso. O poema do homem é “Gente Humilde”.

A MINHA RUA
O que vejo no meu bairro,
Principalmente na minha rua?
Vejo pessoas alegres que transitam,
Geralmente, crianças nuas.

Uma que chupa o dedo sujo de terra,
Outra, que já possui uma grande barriga.
A que tem um pedaço de pão
Vem às outras fazer figa.

Vê-se pessoas honestas.
Cada cara numa janela;
A moça mais feia da cidade
Lá seria a mais bela.

O vendeiro da venda mais próxima
Está, também, atolado,
Coitado, não podemos pagar a dinheiro,
Muito menos acabar com o fiado.

Dormem todos amontoados
E estirados ao chão.
São poucos os que têm cama,
Mas com grande coração.

Quem passa as noites frias,
Sentindo o gelo na carne crua,
Sem ter coberta ou cobertor?...
É gente de minha rua...

Gente simples contenta-se com o que tem
Não importam que chamam isto de favela.
Não são capazes de fazer mal a ninguém;
Embora, muitos vão dormir em cela.

O prefeito age em todas as partes,
Mas na favela ele não atua.
“Deixe que todos morram...”
Mas ninguém extermina minha rua.



Poesia encomendada é muito interessante. Pela segunda vez uma amiga policial pediu-me para que fizesse uma poesia em favor do Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (PROERD). Esta poesia foi feita em mais ou menos uma hora, pois a mesma teria que ser levada no dia seguinte para o curso de instrutores do referido programa. Aliás, não é poesia e sim poema. A diferença entre poesia e poema é que o poema tem que ter enredo.

PROERD – O Caminho da volta

Como tudo ocorre
É mais ou menos assim:
Em vida o sujeito morre,
Mas isto já tem um fim.
Segue um depoimento
Que não é invenção.
É o pouco do sofrimento
Numa simples narração:

Por dentro da barriga
Da minha mãe amiga
Não senti só calmaria,
Vez por outra uma guerra
De pancadaria e berro.
Vim saber em terra,
Depois de anos ancorado,
Que eram brigas e intrigas
De um pai alcoolizado
Com uma mãe faladeira
Durando isto uma vida inteira.

Minha bela maternidade
Foi onde mãe torrava farinha
E desde tenra idade
Muita liberdade tinha.
Filhos por dezena
Não é conveniente
Com salário de pena
O mundo maltratou a gente.

Aprender mal a tabuada,
Ler e escrever eram tudo
Que precisava a criançada.
Dispensava-se mais estudos,
Pois devia-se trabalhar
Para ajudar o lar.

Nas ruas por tempo demais
Brincado e engraxando
Imita-se os erros dos pais.
Muito cedo vai-se viciando:
Cigarro, bebida, cola,
Sexo e maconha.
O crime vira escola
E muito se pensa que sonha.
Ilusão, confusão, camburão,
Violência e pouca vergonha
É o dia-a-dia da escuridão.

Cocaína, heroína e o craque
É o bicho, é o baque.
Trampo já ficou pra trás:
Se é mula para bacanas.
É a onda do Rapaz
E é aí que se engana.
São muitos os viciados
E poucos pra se passar.
Como loucos esfomeados
Começa-se a roubar.

Era tudo isso caminho sem volta
Agora se tem como escolta
Um PROERD com tiras atuantes
Que não são bandeirantes,
Mas os próprios brilhantes.
Como meta querem desfazer
O que o submundo fez aos irmãos teus
Com eles LSD quer dizer
Louvado Seja Deus.

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