quinta-feira, 28 de maio de 2009

Morte é promoção?


O FUNERAL

A vida seria bem melhor se fôssemos a um único funeral – o nosso!

Não sei como me portar num funeral. Não sei como cumprimentar os parentes do defunto e nem como consola-los. É inviável dar o “Bom dia” ou perguntar se está tudo bem. Às vezes, nos velórios, existe um Livro de Presença e ali costumo deixar algo escrito externando minha dor.

Enquanto o falecido, devidamente embalado, percorre vagarosamente o trajeto para sua cova, tenho o hábito de passar os olhos nas frases póstumas sobre os jazigos. Vem-me à baila que preciso bolar algo para minha campa, mas só me vem a mais bela das frases – Era uma vez – pois a vida é um maravilhoso conto de fadas, por mais que existam bruxos, dragões e dificuldades.

É notório formarem-se grupinhos em torno do corpo, conversar baixo, chorar alto e arriscar algum sorriso. Acho que é luma experiência dispensável às crianças, mesmo filhos ou netos.

Nunca me importei com os jardins, mas é recomendável dilapidá-los e levar uma coroa de flores ou mesmo uma rosa para ornar o mausoléu.

Enterro é uma reunião triste de vivos. Alguém, encarregado das palavras bíblicas, tenta expor o caminho da alma imortal, mas ficam muitos sem convencimento. A vontade que dá, ao sair do féretro, é sair e gozar a vida na sua abundância, porque o endereço final está garantido.

O cemitério é chamado de Campo da Esperança, mas ela mesma não morre. É costumeiro repousar sobre o caixão uma bandeira, seja do clube de futebol preferido, da cidade natal ou do País.

Nos enterros militares o ritual fica mais espetaculoso. Rompendo a monotonia há a salva de tiros, a voz de comando e o Toque de Silêncio anunciando o fim da missão, nos mesmos moldes, para o soldado e o general.

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