sábado, 23 de abril de 2011

Bendita a sanidade


Diário de um alucinado

Numa prancheta do Grupo “Equilíbrio” ao qual pertencia, descobri que cheguei à Mansão Vida no dia 18, numa sexta, sem ainda a hora definida. O psiquiatra Hoel Mendes, que me atendeu sentenciou-me como sendo Douglas e Vera Maria, pobres almas penadas, que me internaram ali. Fiz algum texto para o psiquiatra para que ele avaliasse o grau de insanidade que em mim repousava. Foi algo interessante, mas nada a esses seres ou semi-deuses causam impacto. Dois psicólogos – um é o Marco Aurélio, seriam meus terapeutas.
Existe distribuição para outros grupos, inclusive sei de um com o nome de superação, reservado ao pessoal usuário de drogas em tratamento. Caberia eu lá? Droga medicamentosa nãp deixa de ser droga. Fio interagindo muito bem apesar do mestre ser um tanto sem medida no espanhol e alguns lunáticos querendo apenas fugir deste lugar de cárcere. Ali também existem médicos internados, generais, psiquinalistas e o barco, parecendo à deriva, não nos deixa a ver navio. Existem problemas mil distribuídos em alas que nada amenizam a individualidade de um mundo de orates, manias, esquizofrenias e pobres diabos que, detendo o frasco de remédios, pode-se manipular bonecos de olhos arregalados. Qualquer tempo em exposição aos doutores psiquiólogos ou terapeutas musculosos respiradouros páuseos podem arrancar do seu íntimo pacientoso sequer parcela mínima flagrante de suas dores ou dilemas indecifráveis.
Somos farrapos de um exército que se tornará vitorioso se o amor for o remédio de boa medida ou em overdose.
Fui surpreendido na tarde, 24, quinta, antes da chuva, pela visita do meu filho segungênito. Um garoto bonito de porte e também de coração, mas que poucos têm a oportunidade de tatear quão delícia são seus ventrículos e aurículas.
Pedi-lhe cigarros, não que tenha abraçado novamente por este vício indecente, mas para que através dele eu possa ter mais interação com outros pacientes necessitados desta fumaça.
Também experimentamos o dulcíssimo café expresso e caputtino. Esta sua atenção para com a minha plena recuperação também está o deixando em maus lençóis no emprego, mas a sua competência o desculpará frente ao chefe. Ele contou-me detalhes do que fez com ele me trouxesse à tranca das raias das loucuras. Tinha razão plena! Algum remédio de socorro que foi-me receitado pelo Doutor do HFA, entre eles meu temido haloperidol, que me fizeram desabrochar os meus mais íntimos monstros terríveis.
Através do celular dele, que também é proibido, liguei pra minha esposa perdoando-a por não ter retirado-me dali dentro daquele prazo estúpido estipulado por mim anteriormente. Sofreu com isto indevidamente ainda mais que esta se desdobrando no pós operatório de nossa cadelinha e da assistência terapêutica ao nosso velho cão cardíaco. Sem contar que ainda continua estudando artes e engolindo sapos de nosso outro filho que está perdido. Entre amores que escravizam ou cegam.
Eu estou feliz não de todo nem de completo, mas felicidade são instantes ilúcidos.

1 comentários:

natal fernando disse...

Amigo, lamento a fase que passou. Você tem a seu favor, além do amparo dos seus familiares e amigos, diversos ensinamentos espíritas que bem podem ampará-lo nesses momentos. Você os aprendeu não foi em vão. Além da sua observação acurada dos sinais da vida, tudo lhe ensinou a ser forte e preparado para as surpresas do caminho. São conhecimentos que dão respaldo à nossa mente nos momentos de indefinição existencial. Os seus palpites lúcidos que leio nos blogs atestam a sua recuperação rápida, servindo de exemplo para quem lhe acompanha. Isso talvez seja o resultado da sua capacidade intelectual, mas também pela sua forte crença nas boas atitudes e no amor ao próximo. O certo é que nenhuma doença é boa e todas nos obrigam a um mergulho em nós mesmos, reexaminando nossas atitudes e modo de pensar sobre tudo. Dessa forma, as doenças graves, assim como os aleijões, funcionam como escoadouros das imperfeições do espírito. Talvez por isso que alguns dizem que o sofrimento eleva o espírito, tornando-nos melhores. Evidentemente que o livre arbítrio não nos deixa entregues à sorte, impondo-nos a necessidade de lutar, se esforçar mentalmente, buscando a cura ou a saída das situações de agonia física. Felizmente a medicina avançou muito, também produzindo medicamentos eficazes, e podemos afirmar que cada paciente pode ter esperança nos tratamentos, mas a observação atenta de si mesmo pode ajudar muito o diagnóstico do médico. Dessa forma, devemos fazer nossa parte e nosso esforço buscando e acreditando na cura inclusive para tornar menos difícil a intervenção das bênçãos que vem da Fonte de Todo o Bem!

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