terça-feira, 8 de setembro de 2009

GEOMETRIA DO AMOR


Lógica da vida e lógica da matemática


Outro dia um amigo levou-me a conhecer José Nogueira Fontes, uma figura ímpar da matemática literária. Ele é muito conhecido pelo pseudônimo adotado de Jonofon Sératis. Quem lhe deu tal segundo batismo foi Malba Tahan, seu professor espetacular e mestre amigo lido no mundo inteiro.
Malba ajuntou as três primeiras sílabas do nome dele e formou Jonofon, a seguir pegou as últimas sílabas e formou Sérates. Nessa métrica de Tahan meu pseudônimo seria Anoso Teurares. Gostei, parece nome de constelação!
O pseudônimo é tão importante que um artigo assinado por José Nogueira Fontes, no antigo “Correio da Manhã”, no Estado do Rio, nunca foi publicado, mas o mesmo artigo assinado por Jonofon Sérates teve destaque e “glamour” no mesmo jornal.
Jonofon deu aulas por quase sessenta anos e, como doutor da lógica, descomplicou muito a temida Matemática. Tem um acervo de vinte e dois livros publicados e mais um em formatação. Suas histórias e truques matemáticos maravilham qualquer observador. Fez parte da revista Galileu e teve várias apresentações televisivas, principalmente no “Programa do Jô” por mais de uma vez.
Numa primeira análise havemos de o ter por um maníaco numérico, pois a matemática o cerca por todos os ângulos. Reside numa mansão enigmática onde a geometria é retratada na horta, nas portas, nos pisos. Os animais domésticos recebem números como nomes - vi um “fila” com o nome de “Cinco” e um gato com o nome de “Catorze”, certamente em alusão ao Jogo do Bicho. Acho que se Jonofon fosse um matemático religioso chamaria o cão de “666”.
A flora do seu jardim também é agraciada com nomes algébricos e certamente suas raízes expoentes são quadradas. Uma palmeira imperial é chamada de Pitágoras e forma com suas irmãs um triângulo eqüilátero num ponto plano daquela área. A piscina é em forma incógnita e seu volume está contido de sujeiras.
Jonofon conquistou o seu espaço e é um professor de fortuna, um evento raro na estatística dos educadores brasileiros.
Eu só não sei a razão de ele com setenta e três anos ter uma namorada de vinte e sete, a não ser que juntos ele fique “sem”...

4 comentários:

natal fernando disse...

Seu Aristeu, depois que o senhor publicou a sua crônica em 25 de Novembro de 2007, no Panorama do Aloisio, a revista Istoé também publicou reportagem em 9.9.2008, da qual estraio alguns trechos para deleite dos seus leitores (http://www.terra.com.br/istoe/politica/151025.htm):
Jonofon diz que a escola está gagá, com currículos de 50 anos atrás. "O professor continua em sala de aula com cuspe e giz, a despeito de toda a tecnologia", afirma. Ele lembra que os fatores externos à escola são fontes motivadoras muito mais fortes e que os alunos não gostam da Matemática porque não a entendem. "Matemática não é decoreba." Jonofon detectou que os estudantes sofrem quatro doenças matemáticas: tabuadite aguda, fraçãozite grave, virgulite e a quarta é uma epidemia – raciocínio lento e preguiçoso. "Nunca se precisou tanto de raciocínio lógico como nos dias de hoje", acredita ele. Mas quem é Jonofon Sérates? Ele foi batizado José Nogueira Fontes, um sergipano que mora em Brasília há mais de 30 anos e é bacharel, mestre e doutor em Matemática. Quando fez o vestibular para a Universidade Federal de Sergipe, foi o primeiro lugar geral e acertou 99 das 100 questões de Matemática. Hoje é professor dos cursos de Pós-Graduação da Fundação Getúlio Vargas, mas vive também de escrever e de fazer palestras.
"Em dez anos de programa, nunca tive de convidar de novo uma pessoa em tão pouco tempo", disse Jô, reforçando o "fenômeno Jonofon". Autor de 12 livros – o mais famoso Raciocínio lógico matemático (Editora Olímpica), já na quinta edição –, Jonofon foi aluno e assistente de Malba Tahan, o autor de O homem que calculava e de outras 115 obras. Foi Tahan quem transformou José Nogueira Fontes em Jonofon Sérates. O sergipano escreveu um artigo, chamado "Amor geométrico", em que um hexaedro enamorou-se de uma esfera. Malba Tahan, que o chamava de Fontes, leu, gostou e o levou para ser publicado no Correio da Manhã (em 1956, o jornal de maior circulação do Rio de Janeiro). "Eu assinei como José Nogueira Fontes. No domingo, encontrei o artigo de Malba Tahan, mas o meu não havia saído. Eu fui à casa dele e contei. Ele riu e disse: ‘Eu sabia que não ia sair, porque quando eu era Júlio César de Melo e Souza meus artigos também não saíam. Quando eu passei a ser Malba Tahan, todo artigo que eu escrevia o jornal aceitava.’ Ele mudou meu nome", lembra.
Malba Tahan pegou o JO de José, o NO de Nogueira e o FON de Fontes, fez Jonofon. Em seguida, ele pegou as últimas sílabas de JoSÉ, NogueiRA e FonTES e fez Sérates. "Ele disse: ‘Pronto, agora você é espanhol, de origem grega, nascido em Sergipe.’ Virei Jonofon Sérates", explica. Lembra que a Matemática não é só números. "Antigamente, estudava-se Lógica para aprender Filosofia. Depois, a Matemática, para aprender as outras ciências. De Isaac Newton para cá, a Matemática foi se aproximando da Lógica. Com a Filosofia moderna, aproximaram-se mais ainda. Ninguém ama a vida mais do que eu, porque eu amo a vida matematicamente", afirma. Ele começou a estudar Matemática com prazer aos 12 anos, no grupo escolar, onde havia sabatina e palmatória. "Eu não queria apanhar, queria bater, então estudava a tabuada para bater nos colegas. Havia uma motivação negativa imposta pela régua, pelos castigos." Depois, notou que fazia todos os tipos de conta, mas não tinha facilidade na resolução de problemas. "Procurei entender a lógica e aí pude compreender melhor as belezas da Matemática. É o aprender que faz gostar", frisa Jonofon.

natal fernando disse...

minhas contas falharam, extrair é com "X".

JOSÉ CARLOS DUTRA DO CARMO disse...

Chamo-me JOSÉ CARLOS DUTRA DO CARMO e fui, com muita honra, aluno do Professor JOSÉ NOGUEIRA FONTES na Escola Agrotécnica Federal de Santa Teresa, ES, naquela época conhecida por BARRACÃO. Ele já era, então, um gênio da Matemática, um Professor que vibrava numa sala de aula.

Luiz Castro disse...

Arnoso Teuares( realmente mais pomposo que o nome), gostei do pseudônimo e, com sua rica, às vezes ácida e sempre bem humorada verve, o sucesso pode ter certeza vem a 11( ops! à cavalo).Apesar de nunca me ter dado com a matemática, sou admirador ardoroso do grande Malba Tahan ( prof. Julio ) com sua s geometrias e trigonometrias.E, quanto ao professor Jonofon, tive o prazer de assistir sua entrevista no JÔ: realmente sensacional.Tenho a certeza de que, a exemplo de Malba e Jonofon, o sucesso te aguarda na próxima esquina, esperto como um catorze(ops) gato e , logicamente com uma memória de 12( ops ! elefante). Que seu legado seja tão grande quanto seus mestre. Te desejo novamente muito sucesso. Só não se enebrie demais com este sucesso e abra a cauda como 19( ops ! pavão). Um abração,Luiz Castro

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