Carta Aberta ao Amigum
Meu Amigum,
Ontem fui a Araguari. A BR 050 duplicada está uma maravilha, apenas um ponto perto do Jordão é que ainda está por acabar. Bom que a velocidade diminui e, pelo menos, fico a imaginar em que vicinal se entraria para chegar na Barra do Taquaral, aonde se escreve o “Era uma vez” da sua vida.
A cidade está muito movimentada. Cavaletes de campanha eleitoral por todos os lados. Até seu xará Alvim, hospital demolido, reluz diante olhos, estupefatos meus. Tomara que os carpinteiros ou marceneiros estejam recebendo por isto. Meu sobrinho, que trabalha com placas e letreiros, se apeteceu em trabalhar apenas para o tiozinho federal do Rap, aquele que balança bunitim e redondim. Meu sobrinho já levou calote eleitoral em propagandas feitas, nada mais natural e óbvio. O Luiz Porcão, fazendo jus ao nome, é o que mais tem cavaletes espalhados, como batatinha, pelo chão. Parece-me que o tempo passa e os partidos, mas os políticos e os balançadores de bandeiras são os mesmos.
Não resisti e fui no Bairro Goiás, para não perder o velho costume e parei na frente da residência 109. Vi uma cerca elétrica e me preocupei com o gato Torresmo e aquela folgosa pomba do bando. Pensei: “Papagaios, o quê estou fazendo aqui?” Quando dei por mim já havia apertado a campanhia. Esperei como sempre aqueles velhos passos firmes, mas ninguém atendeu. Apertei novamente com os olhos esfregados e ainda pude ver o acúmulo de poeira. A casa estava realmente sem vida. Jornais foram atirados no alpendre e já não eram boas-novas. Aquele Fiesta laranja bombeiro marcava presença. Lembrei-me rapidamente de quando o “compramos” na Cidade do Automóvel.
Voltei para o carro. Senti um gosto de café nos lábios e parti com a alma inebriada.
1 comentários:
O senhor, como sempre, consegue me emocionar. Obrigado pela homenagem aos meus velhos pais.
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