domingo, 21 de setembro de 2014

Dia da Árvore


Quarenta Anos depois

Meu primeiro incentivo à literatura ocorreu há exatos quarenta anos. Numa redação, na época chamada de composição, sobre o Dia da Árvore, fui agraciado com um diploma de Honra ao Mérito pelo meu desempenho como autor da melhor redação do Grupo Escolar. Este diploma, não sei o que minha mãe fez dele,  continha assinaturas de vários figurões nacionais; lembro-me, por exemplo, das assinaturas do Rei do Futebol e de Jarbas Passarinho, Ministro da Educação e Cultura.
Talvez, naquela época, meu olhar infantil tenha enfatizado a árvore como portadora da sombra, dos frutos e abrigo dos pássaros. De lá pra cá outros conceitos se acumularam, tanto nas experiências e quanto ao estudo sistemático protetor. Como topógrafo, sempre nos limites da cidade e da zona rural, onde os bosques têm mais vida, sempre evitei o abate dos vegetais da linha de visada, ainda que aumentasse os trabalhos. Na exuberância amazônica, o espanto da grandeza; na força vital do agreste, a resistência da vida e, nas torturas do cerrado, a vitória do verde sobre cinzas.
Amar a natureza não é uma opção pessoal, mas uma atitude ferrenha diária, ainda que tardia, por toda a sociedade. Estamos no limite e, sem consciência, será a instalação derradeira do caos.
Há uma frase atribuída a Lincoln, o presidente americano libertário, assim: “Se me derem três horas, para derrubar uma árvore, ficarei duas horas e meia amolando o machado.” Assim deve ser nosso procedimento, pois uma árvore para ser cortada só mesmo em último caso e depois de esgotados todos os estudos em favor da mesma. Decepar uma árvore, quando a tecnologia nos permite transplantá-la, é um tiro no próprio pé.
Quem sabe o que faz e o faz por ímpeto do mal, receberá sua paga havendo choro e ranger de dentes. Derrubar uma árvore, intempestivamente, é cortar lenha para a própria fogueira.
Cortar uma árvore, além de ser impiedade ao ecossistema, pode ser manifestação de loucura. Só os loucos acham que, cortando as árvores, deixarão de ser crucificados ou enforcados pelo crime cometido.
Os frutos da árvore que se destacam são lápis, cadernos e livros, mas nem sempre a história registra que os portadores do conhecimento sintetizaram sabedoria, afinal “A tristeza da árvore aumenta quando ela vê que o cabo do machado também é de madeira.”

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