quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Meu Herói, Meu Capitão.

HÁ 28 ANOS... O ano era 1.984. O mês era janeiro. O dia seguinte seria sexta treze e o melhor foi a superstição não ter entrado em cena. Muita juventude no casal e a falta de recursos, com o excesso de felicidade, eram a tônica da vida. Tínhamos mais amigos talvez por não termos sido mais críticos. Um destes amigos passageiros, porém inesquecível, foi nosso motorista, logo pela manhã, em direção ao Hospital Militar, onde nasceria meu primogênito na parte da tarde. Os médicos diziam parto normal, mas pra eles somente. Meu bebê, portador de um perímetro cefálico avantajado, causou dores extras à maternidade. Num acompanhamento posterior, agonizante, chegou-se à conclusão que era apenas macrocrania, mas nos deu pano pras mangas, desconforto e incontáveis lágrimas verteram. O importante é que hoje ele não é mais isto, apenas cabeça dura. Pai não guarda dos filhos os mesmos detalhes que as mães, mas no dia que ele nasceu uma alegria indescritível tomou conta de mim. Liguei para todos os parentes e fiz uma festa solitária, pois permaneciam no hospital. Fui até arteiro, pois um pessoal que fazia barulho sob minha janela predial levaram um banho de borra de café patrocinado por mim. Um amigo recém-pai comentou comigo que “filho quando nasce é muito feio, tem cara de joelho...”, respondi na lata que só se fosse o dele, pois o meu era lindo. Não era só lindo, mas inteligente, trabalhador, obediente e atleta. Neste ano dei uma bicicleta nova e enorme a um garoto que mandou aos Correios uma cartinha para o Papai-Noel, mas para os meus dois filhos, as primeiras bicicletas foram usadas, inclusive a mãe jura que havia uma feminina... Quando um filho equilibra-se numa bicicleta seus caminhos começam a se esconderem dos olhos paternos. Tempos duros que passaram despercebidos tamanha a felicidade. A mãe não consegue esquecer a quantidade de fraldas lavadas a mão no tanque, nem eu, pois eram muito cheirosas e o arame do varal da altura do meu nariz. Quanta facilidade nos dias atuais com a proliferação das fraldas descartáveis, um agente poluente da mãe natureza. Eu aprendi a espetar as fraldas, fazer mingau e, pelo amor de Deus, a dar balas Soft. A marca dele era ser estudioso e em cima de cadernos, tipo brochurão, do MEC e mochilas que tinham que durar três anos. O Atari, trisavô dos vídeos-games, era praticado por toda família no apartamento funcional. A cidade de Brasília era o palco das nossas aventuras e, cidade cara, fez nos padecer bastante. As dificuldades passadas hoje são lampejos saudosos sem cicatriz. Inspirado na minha rota farda seguiu a mesma carreira, porém em posto mais elevado. A nossa distância quilométrica não é pouca, mas, nesta data querida, continuo acendendo velas, para ele, ainda que o mundo tente apagar.

5 comentários:

Douglas Nogueira disse...

A bicicleta feminina foi dada pra mim... =/

Aristeu disse...

Foi mesmo meu filho e eu fiquei muito brava com isto,mas na época não tínhamos dinheiro para comprar outra.Felizmente em outras oportunidades vc teve outras bicicletas novinhas.Bjos filhote .Te amo.

Aristeu disse...

O Comentário acima foi da mãe.

Aristeu disse...

Douglas, nesta época seu piu-piu não estava tão definido como agora, hehehehe. Não seria uma bicicleta que iria definir sua masculinidade. Sua falta de torcida por algum time de futebol também não influenciou na sua virilidade. Nem também você praticar ginástica olímpica, única modalidade que sobrou na grade escolar. Você, além de ter a minha cara, é varão.

Aristeu disse...

Além de ser muito lindo e um filho exemplar.Orgulho muito de ser sua mãe.Bjos meu filho te amo.

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