segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O QUE UMA PERERECA FAZ – ACABOU COMIGO.



                 Depois de tanta chuva o dia amanheceu ensolarado. A horta, cheia de luz, trazia insetos à baila. A borboleta desengonçada atraia as tapas do meu gatinho branco, mas escapava num vôo aparentemente desordenado. Com tantos insetos fazendo a festa fui procurar o Saponáceo, às vezes apenas sapo e noutras tantas vezes apenas Inácio. Não há aqui nenhuma alusão ao grande presidente que, um dia, por Brizola, fora chamado de Sapo Barbudo. São apenas xarás.
                Meu saponáceo é um sapo mesmo, daqueles que, por um tempo, abandonou a lagoa e veio morar debaixo  da minha máquina de lavar roupas.
Ele foi embora, mas era um bom inquilino. Certamente pulou conforme a precisão. Pode ser que o pródigo volte e será recebido com mais pompas, pra nunca mais abandonar meu reino encantado.
Saía toda a noite por volta das oito horas, acho que não suportava notícias televisivas que chegavam até no seu refúgio. Retornava para debaixo da máquina de lavar por volta das seis da manhã. Lá passava o dia. Na horta eu deixava uma vasilha dágua para ele beber e ele até tomava banho; um detalhe – lavava o pé. Eu deixava a luz que ilumina a horta acesa um pouco mais, pois atraía os insetos e o resto do trabalho para se alimentar ele fazia com sua língua comprida de manicure.
Ele é muito bonito, ganha de um príncipe com cavalo branco e, por pouco não o beijávamos, mas carinho ele ganhava. Ele chegou pequeno e cães e gatos não se importavam com sua presença e vice-versa, mas tapa de gato levava dos três, mas era uma outra forma de carinho.
Com pessoas e animais estranhos ao nosso lar ele inchava, soprava e até nem saía da toca – o que fazia com que eu afastasse as visitas da área e as levassem a outro cômodo. A saída do Saponáceo era garantida sempre.
Não sei se ele vai voltar e outro talvez não se domestique. Ele já não cabia mais debaixo da máquina. As duas patas traseiras pareciam jararacas para não ser pego por trás.
Estou triste porque não é qualquer sapo que eu engulo, neste eu voto, mas, por ora, ganhou a perereca.

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