domingo, 31 de outubro de 2010
Carta também ao Serra na última derrota ao Lula
SERRA
Caro brasileiro José Serra, quero parabenizá-lo pela Campanha Presidencial realizada. Aconteceu a derrota, mas o resultado a seu favor não deixa de ser expressivo, pois apesar de tanto apoio o mérito é particular. No apoio recebido de outros figurões pode-se observar o desânimo e a presença em palanques como que por obrigação.
Na reta final votei no Senhor por dois motivos: 1) Porque a sua desenvoltura me causa admiração fora de períodos eleitoreiros e 2) Porque o sufrágio resultante em percentual elevado pode dar ao vencedor uma pseudopopularidade que talvez seja capaz de transforma-lo num déspota. Haja vista ter se intitulado, no debate, como a única saída para o Brasil. Talvez a faixa presidencial transforme-se em asas que o leve tão alto e, pensando ser um deus, transforme-se num diabo.
Que Deus nos abençoe e transforme nossa opção realmente em único caminho, pois só a Ele cabe as transformações miraculosas.
No Primeiro Turno votei no Ciro que foi nocauteado pelo seu marketing. Aconteceram falhas irreparáveis na sua estratégia eletiva: O Sr atacou a “todos” indistintamente e “todos” foram obrigados a se posicionarem contra a sua investidura. O Sr tinha o Governo, a capacidade intelectual, as “olheiras” de um homem trabalhador e um perfil revolucionário que não puderam ser revertidos em votos devido a uma arrogância e impetuosidade apresentadas, porém não existentes.
Não se amargure e que todos os seus dias continuem sendo vividos pela glória da Nação e evolução dos povos.
Minha carta a Roriz quando governou DF pela última vez
RORIZ
Sr Governador, muitos são os motivos que me levaram novamente a dar aval pela continuidade do seu nome no Governo. Nas urnas repetiria o mesmo ato quantos turnos fossem necessários, mas defender o Senhor tem ficado difícil. Militar na gratuidade tem saído caro e arriscado. É desolador ver adversários insistirem que somos, em totalidade, cabos eleitorais beneficiados com pagamentos.
O Sr conhece estas paragens antes mesmo de se edificar esta capital monumental, mas não sabe traduzir em palavras, às vezes mais necessárias que ações. Tudo bem, afinal a oratória é um dom, mas vez por outra a empolgação o envolve e o Sr diz coisas impensadas sem que façam parte do seu coração: És cristão? Então cala e o Espírito Santo falará no seu lugar. Lembra que “nem todo aquele que diz SENHOR! SENHOR! Entrará no reino do Céu”. Os apóstolos indagaram como seriam reconhecidos como cristãos e Jesus disse que bastava que se amassem uns aos outros: Eis a única apresentação do Cristão.
Apesar de suas atenções serem direcionadas aos mais carentes, o que ganha minha simpatia, há a necessidade de tomada de consciência que o Sr é o Governador de todos. Em alguns setores permanentes do Estado o Sr tem oposição acirrada e permanente. Ganhe esse pessoal. Como estadista e visionário é chegado o momento de reverter este quadro. Na Educação pública meus filhos foram prejudicados: o modelo Petista de Administração Educacional, adotado noutro mandato, era melhor e gostaria de saber qual a dificuldade de se assimilar o que é bom? A velha geração continua solidária, mas se torna minoria à medida que os jovens estão sendo lapidados por professores grevistas. Seus redutos eleitorais estão mudando o seu favorecimento a cada votação.
O Sr não é Jesus Cristo, mas parece estar cercado de ladrões e nenhum bom.
Sua imagem, num futuro próximo, poderá ser ainda mais ridicularizada. Isso me dói, porque sempre acreditei nas suas boas intenções. Governe e não peques mais.
sábado, 30 de outubro de 2010
Proibido de cantar e tocar
Ciúme do Violão
Acorde pra vida - não.
Posição de alegria - não.
Abraço apertado - não.
Condenada a canção!
Meus lábios censurara
Sete línguas calaram
Oito orelhas esquecidas
Duas mãos atrevidas.
Três braços sem colo
Dez dedos sem solo
Duas bocas sem choro
Ninguém me faz coro
Nada de estouro
Sucesso nem passageiro
Parada nem em banheiro
O divórcio enfim chegou
Voltei com o violão
Vinte anos durou
Nossa separação!
Acorde pra vida - Sim
Posição de alegria - Sim
Abraço apertado - sim
Libertada a canção
Uma poesia minha classificada em concurso
CREDO DO VERÃO PASSADO
Numa viagem elipsoidal
Dispúnhamos de quatro estações,
Mas nosso comportamento bestial
Trouxe-nos duras transformações
Virou bagunça o espaço,
O Sol acerta-nos em cheio,
As fortes chuvas de março
É inferno de veraneio!
A Terra, às águas blindada,
Inunda mais que permeia
E pessoas desgovernadas
Vão enfrentar outras cheias.
Amazonas vira rego,
Pede arrego Itaqui,
Não demora há emprego
No deserto de esquis.
Só se faz com protetor
Uma relativa nudez.
O Santo ou o bloqueador
Só não filtra a estupidez.
O grande amor de verão
Pode ser com o Doutor...
Piores verões virão
E haja câncer e tumor!
Esta visão pessimista
É de um mero escritor.
Concorda assim o Cientista
E que não o Criador!
Nem só de pão vive o homem...
Nada de sócio - só ócio!
Que se dane o padeiro e renasça o cronista...
Minha última postagem por aqui foi em primeiro de agosto. Morri? Sumi? Desaprendi a escrever? Não. Nada disso. Virei padeiro, na realidade pandeiro, pois nunca apanhei tanto.
Na última postagem, denominada "Maré Braba", falava eu de minha situação calamitosa. Gente, quando tudo parece estar ruim é sinal de que ainda vai piorar ainda mais. Quando se vê uma luz no fim do túnel é porque o trem vai te atropelar. Quando se está no fundo do poço é sinal de que terra ainda desabará sobre sua cabeça.
Em meados da década de setenta eu trabalhei numa padaria de nome Super-Pão, na Praça Manoel Bonito em Araguari. Era uma padaria linda, uma lanchonete diversificada, uma sorveteria multi sabores, uma confeitaria mágica. Turnos que funcionavam perfeitamente. Era esta minha ótica, mas é um negócio muito complicado.
Um amigo, responsável direto por esta minha ausência internética e do mundo em geral, me convidou pra participar, meio a meio, de um negócio deste (Neste momento a madeira da mesa faz toc-toc-toc sob meu punho cerrado) e eu fui.
Instalamo-nos num imóvel velho, multado pela vigilância sanitária e fomos realizar sonhos. Padaria produz sonhos sem que ninguém durma.
Não vou falar do assédio do poder público nem dos amigos que queriam comer de graça.
O lucro, quando existe, é pouco ou quase nada pelo tanto que se trabalha. Até Jesus teve prejuízo, pois fez pão pra sobrar. Aliás, Ele foi o maior dos padeiros, mas pedia pão ao Pai, pois, com certeza, não queria fazê-lo. Há quem diga que Ele fazia pão da pedra e eu, ao contrário, faço do pão uma pedra.
Durante minha vida militar sempre acertei na mosca, mas na padaria não acertei sequer uma. Os olhos dos clientes são de lince, pois descobrem uma mosca escondida em qualquer cantinho do balcão e, impiedosamente, com o dedo em riste, brada com o infeliz do padeiro: - Credo! Uma mosca. Que nojo! Faça alguma coisa.
Tudo isto como se tal inseto não fosse invencível. As moscas sempre existiram apesar dos padeiros e baygons.
Fiquei um lunático. O pouco que ressonava usava toca e luvas. O ser humano tem mais nojo do ser humano do que de moscas ao varejo.
Acho que vou abrir um buteco de quinta, pois ninguém olha a validade de uma cerveja e, se aparecer alguma mosca, ainda fazem-na de tira-gosto.
O pão de míseros centavos é muito exigido. Tem que ser fresquinho. Tem que ser quentinho. Tem que ser moreninho. Tem que trincar.
Dizem que pão engorda, mas é mentira. Eu, diuturnamente nesta padaria, perdi muitos quilos. Pão fora do ponto ou caído era meu principal cardápio.
Perdi tempo, trabalho, dinheiro, crônicas e ainda abandonei meu sócio que depositava fichas na minha competência. A gente não é obrigado a prosseguir em tudo. Eu não sou teimoso. Minha opinião é volátil, mas de uma coisa eu tenho certeza: O forno de uma padaria deve ser o último degrau para entrar no inferno. Estou fora, mas ainda continuo com meus demônios tendo que comer o pão que o diabo amassou. Então o padeiro é o diabo?
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