Na Praça, no meio da Platéia, Platão soletrava-se Arístocles.
O título é uma brincadeira minha com o uso do mesmo radical – PLATYS. Tal palavra grega, que quer dizer largo, dava o apelido ao pensador e tal fazia alusão aos seus ombros um tanto largos.
Isto acima eu aprendi esfregando a lâmpada maravilhosa – o computador de alma Google, meu Deus virtual que responde a todos os meus questionamentos.
Eu quase peguei o tempo em que se estudava latim e grego. Que pena! O conhecimento de ambas as línguas tornam-nos mais que vocabulistas, o que nos eleva de categoria de cliente para fornecedor de glossários.
“Navegar é preciso”. Esta frase muito utilizada pelo Senhor Diretas, Ulysses Guimarães, é parte de um verso de Fernando Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. “Certezamente” nada tem a ver com a Internet, mas cabem-nos perfeitamente, internautas de cada dia e noite ou madrugada afora.
Eu sou “virtuo-dependente”. Entro na grande rede várias vezes por dia. Existe uma rotina por onde clico, mas meus “favoritos” cada vez aumentam mais. Como contra-indicação minha barriga se avoluma e o esforço repetitivo lesiona apêndices do membro superior direito, vulgos dedos e seus tendões, mas... Navegar é preciso!
Em vários endereços visitados notei a figura de um garoto tentando acostumar-se a ser celebridade. E sabem porquê? Porque conhece alguma gama de vocabulários e sabe soletrar palavras inteiras.
Incrível! Alguém do meu tempo deve estar pensando que estou com chacotas, mas conhecer palavras hoje é uma bênção. Duvidam? Visitem o Orkut e as provas de redações escolares – É uma lástima!
Enquanto este garoto ganha notoriedade, e dinheiro, em soletrar algumas palavras, eu carrego um dicionário MEC Silveira Bueno por toda a vida, devido o fato de, ainda na 4ª série, dita primária, ter feito a melhor redação da escola, o que não era fácil. Quanta diferença nos proporciona a mídia!
Outro dia eu vi um pai americano que, por ter filmado o filho anestesiado pelo dentista, já havia embolsado, pelo feito, mais de cem mil dólares... E eu, que submeti-me à uma extração coletiva de oito dentes de uma só vez, não ganhei sequer a prótese.
Certa estudante Geyse, por ter colocado uma “microssaia que eu estou passando na faculdade” virou celebridade sem fim enquanto eu que fiquei nu na cidade da Esplanada fui recolhido ao manicômio.
Meu Blog completa um ano e nele eu publiquei mais de 130 crônicas minhas. Foram também tiradas mais de onze mil impressões de textos variados pelos usuários. Sabem quanto ganhei com as propagandas que aparecem no Blog? Dez fantásticos dólares e que só podem ser sacados quando completarem cem dólares – estatisticamente daqui a nove anos, caso eu consiga continuar no topo das visitas.
Mas não é isto que me importa. Como no Oceano do Pessoa vou navegando e não preciso mais viver. Esta lâmpada maravilhosa traz riqueza pra todo mundo – de um modo ou de outro, principalmente o “pessouol” da Banda Platys.
