sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Suzane, tá todo mundo louco.



E a Suzane Von Sopa de Letras?

E disse-nos Jesus: “O escândalo é necessário, mas ai daquele que o provocar”. Suzane queima em vida.
Assim ocorre com esta garota, ou monstro para muitos, Suzane Von Sei lá. Ela praticou um crime imperdoável à sociedade limpa, cristã e moralista, pois não “honrou pai e mãe”, irmão, vizinho e nós.
Cada um opina sobre a personalidade dela publicamente e com veemência, com ou sem douto conhecimento. Douto ainda é muito pouco, pois os próprios cientistas neurológicos afirmam decodificar uma percentagem ínfima dessa nossa massa craniana e encefálica, lotada de capacidades mil, sem aventar interferências extras de energias do além.
Uns poucos, talvez também psicopatas, defendem o seu convívio conosco, seres pacíficos e mansos de coração, e, uns muitos não, ainda que se faça picadinho dela, salgue e atire aos abutres, seria uma pena branda. Olha que ela não teve mais nenhum surto neste tempo, bem como tenha feito esta mente atabalhoada trilhar o caminho da superação vestibulanda.
Jogam por sobre seus ombros todos os desvios insanos da mente humana, mas o que ocorre foi o “incentivo” que a fez cometer o crime – as drogas – estas que têm o poder de fazer “anjos caídos”. É verdade que, por onde as drogas passam, elas deixam danos irreparáveis, mas nossa sociedade, outra louca, não corre tanto perigo assim, ainda mais que ela é conhecida. Que bom seria que todos os criminosos ou psicopatas fossem reconhecidos imediatamente, assim de cara, mas até a algema eletrônica está oculta no tornozelo. Falta de zelo? Talvez merecesse uma nova identidade ou mesmo uma nova fisionomia para descer redondo, pois quem vê cara acha que vê coração. Enquanto for sopa de letras alguém quererá definir e repelir, matar a charada.
Tenho experiência que um psicopata não ficaria tanto tempo preso sem ter crises ou surtos. Um louco deseja a liberdade mais do que ninguém, muito embora não saiba o que fazer com ela.
Há muito tempo um outro desvairado querido encontrou loucos pelo caminho e os curou para sempre. É inadmissível alguém ombreando a ciência médica, esta maravilha, dizer que loucura não tem cura, pois tem até no nome.
Navegamos entre o “não saber de nada” socrático e o “vós sois deuses” cristalino.
Não discordo de as psicopatias estarem inseridas na genética estrutural, pois sei cromossomos na nossa família. O que admiro, por exemplo, num resultado de DNA, não são os 99,9991 que atestam a hereditariedade, mas os ínfimos 0,0009 que são suficientes para nos fazer tão diferentes dos pais.
Pra quem já foi hóspede do cárcere da insanidade, por um tempo considerável, o que posso afirmar é que, ainda que “mens sana”, precisará o incauto das drogas que os médicos lhe introduziram como alimento, uma exigência do corpo.
Se fosse psicopata Suzane seria inocente dos seus atos, Suzane não usa medicamentos, Suzane paga o que deve, Suzane não é louca, loucos somos nós com os nossos preconceitos e rotulação. Que ódio!

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Não é?



Não é, Nilton Junior Fazarte?

A tecnologia é mais que demais! Como facilita a vida de nós, simples mortais!
Lembro que, na década de oitenta, trabalhando pelo Exército, na Amazônia, demarcando reservas indígenas, era necessário acampar, durante três dias na selva para, com equipamento de GPS, chamado Magnavox, coletar dados que levariam à determinação das coordenadas do ponto.
Sem contar a aventura que era para chegar no local. Um helicóptero da FAB pairava no local e dois militares desciam por rapel, com motosserra, gasolina e algumas ferramentas, o mínimo necessário para abrir uma clareira que permitisse o pouso da aeronave. O helicóptero, normalmente sem muita autonomia de voo, principalmente pela carga limite, voltava para a base e aguardava, via rádio, a ordem para levar o restante da carga necessária para o cumprimento da missão.
Um helicóptero caiu, certa vez, em época de cheia dos rios, e a equipe ficou quatro dias isolados, até serem encontrados, com água pelos joelhos.
Além de se ficar três dias, gravava-se uma dezena de fitas cassetes para que fossem processados os dados em grandes computadores.
Hoje, não mais que trinta segundos, são suficientes para se determinar estes pontos geodésicos, na hora.
Para facilitar, GPS hoje, é também componente de celulares e derivados e serve de carcereiro de prisioneiros nos lares.
Este androide, príncipe da comunicação, pra mim, é o maior acumulador de invenções do planeta. Não existe algo mais útil e ainda acumulará outras praticidades que se despontam. Com seus inúmeros aplicativos atende a todas as categorias, sendo inclusive, passatempo e ensino, um atrativo sem igual para as crianças e jovens.
Ferramenta esta que paralisa, isola, junta, que cala os diálogos presenciais ou denuncia, mas faz parte e muda o mundo.
Escrevi há algum tempo que tal aparelho aproxima quem está distante e distancia quem está próximo, mas é exagero.
Nas mídias sociais conseguimos um milhão de amigos, sonho de consumo do Rei Roberto Carlos, pois bem mais forte podemos gritar neste quintal sem muro.
Eu tenho íntimos amigos virtuais e que nunca estivemos juntos pessoalmente, mas o caráter, a decência ou a simpatia são reais, assim como os antônimos que vão sendo bloqueados paulatinamente.
Não é? Nilton Junior Fazarte?

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Amor - Difícil amor!


Amor, difícil amor!

Não há de se chegar à hora derradeira para, na beira de um caixão, declarar a importância daquele ou daquela que se apresente à Morada Maior. Em vida, há o clamor geral, de se declarar ao ente querido, sempre que se oportunizar.
Quero então falar de minha esposa, um baluarte da minha existência. Conhecemo-nos ainda jovens e, como não querendo nada, em dez meses estávamos casados. Patrimônio zero e expectativas mil.
Logo de cara, fomos residir em dois cômodos de lajotas com banheiro coletivo externo, só verão.
Ela, sempre professora e atleta de voleibol, baixinha levantadora, principalmente da bola e da moral da equipe. Lembro-me que no Clube de Sargentos do Exército, em Brasília, ela foi condecorada atleta do ano.
Dentro de casa ela era bloqueadora e cortadora das minhas invencionices que não dariam em nada ou levariam para o buraco.
Ao longo da nossa comunhão os atributos foram brotando de um manancial sem fim, mãe e amiga sem medida, dura.
Recém-casados fui fazer o Curso Militar na cidade do Rio e ela foi comigo. Mais uma vez residindo em dois cômodos e banheiro externo. Uma cidade maravilhosa de imensa, poucos amigos, sem parentes e eu só tinha livre, às vezes, o final-de-semana, sem dizer da falta de dinheiro. O jeito era ver “O Povo na Tevê” com Sílvio Santos. Além do orçamento apertado demorava a receber, pois o pagamento era numa cidade e banco diferente, até acontecer as compensações corria a metade do mês.
Adoeceu por lá e enfrentou tal dificuldade sozinha com hospital longe e transporte espremido de trem. Enquanto isto eu era “massacrado” dentro dos muros do quartel-escola.
Findo o curso consegui classificação em Brasília. Lá sim moramos bem localizados e em apartamento funcional bem distribuído. As crianças vieram logo e ela rejeitou propostas de trabalho para se dedicar à criação dos dois filhos e minha, quase sempre ausente pela condição de militar.
Trabalhando em casa, o nosso endereço devia ter CGC, hoje CNPJ, pois ali se transformou numa fábrica de gostosuras. Era um centro de produção de salgados, doces, artesanatos, sorvetes, bolos confeitados, tanto para nós quanto para vendas, aumentando o orçamento e a dignidade.
Uma pessoa alegre, jovial, sincera, amiga, fiel a todos, contagiante...
Nos revezes da vida, em que fui internado várias vezes, lá estava a leoa me tirando do leito e renovando as esperanças.
Foi uma trajetória de luta pessoal e social. Fizemos dupla nos vicentinos em acudimento aos mais carentes por quase uma década. No meio deles, a professora incorporou seu papel mais digno, e ensinou vários dos seus dotes a eles.
Com os filhos independentes, logo cedo, vitória maior, foi convidada para trabalhar, com um deputado, em uma pasta de governo. Marcou presença como sempre face às suas qualidades de relacionamento e influência bem como dedicação.
São tantas coisas que não são relatadas, são pormenores que agigantam e que, talvez por serem constantes ou corriqueiros, não se lhes fixei na memória, uma rotina que flui gradativamente a gratidão devida.
Acredito ter dado mais preocupação, nestas quase quatro décadas, que os dois filhos juntos, acrescidos da neta.
Aquele tesouro que se apresentava por fora, linda e delineada, era menor que a jazida que se encontrava por dentro.
Como diz Paulo – Combatemos o bom combate e agora resta-nos a coroa da glória. Enquanto não ocorre, vamos peregrinando, parecendo um, unidos pela costela, onde abrigamos dois corações.
Beijos, Amor!