sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mães desafortunadas





DIA DAS MÃEDRASTRAS

            O ser humano é um projeto de Deus que tem tudo pra dar errado. Sua primeira concepção é que seja a obra-prima do Projetista, chegando a se definir como sua imagem e semelhança, quando não passa de um rascunho ou esboço feito em fim de expediente e que, o dia seguinte, seriam as férias do Criador.
            Bajulamos muito as mães e as mesmas são as principais responsáveis pelo péssimo acabamento deste ser autodenominado de humano. Ser mãe não é apenas gerar filhos, é criá-los, amá-los, educá-los e dar-lhes um norte para um mundo melhor. Se for mãe de verdade não precisa ser mais nada. A mãe, grande parte, saiu de casa como guerreira na tentativa de cobrir o erro da escolha feita do seu reprodutor e ficaram os filhos a Deus dará e mercê do inimigo.
            Minha mãe era uma guerreira, inclusive, por não verificar a frequência no boteco, nos arrumou um pai cachaceiro e destruidor de patrimônio. A desculpa é que não escolhiam os parceiros, mas e agora? Às vezes tenho impressão que quanto mais desclassificado ou aventureiro for o varão mais probabilidade ele terá de ser pai.
            Sou o sétimo de uma ninhada de nove que eram como frangotes que teriam que trabalhar como se fossem o dono do terreiro. Minha mãe foi aquela que, como o Governo, tirou dos filhos que trabalhavam para dar aos que “nunca” conseguiam emprego, de jeito nenhum por conveniência.
            Tem mãe que joga filho pela janela por causa de homem e, na falta do meu ébrio pai, tive que ir ciscar no mundo. Não sei como não me perdi mais ainda neste labirinto de oportunidades múltiplas de erros.
            Certa vez foi publicado, em pleno Dia das Mães, como desabafo meu no jornal Correio Braziliense, a seguinte frase: “Mãe, sinto muito, devo muito à senhora, mas devo mais na praça”. O Antonio Marcos nunca esqueceu isto, mas há um fundo de verdade nesta suposta brincadeira. A praça, a rua, o relento foram minha madrasta, acho que, por isto considero todos os deserdados como minha família.
O amor materno, salvas as exceções, está embutido em todo ser e mãe nãoé, pois, privilégio dos humanos. A genitora está destinada a amar e proteger até com o sacrifício da própria vida, tendo parido ou dado à luz. A mãe onça ou a vaca parida ou a galinha choca são todas mães corujas. As mães dos animais, ditos irracionais, a certa altura, parecem desprezar os filhotes, mas nada mais é do que entregá-lo ao mundo e suas vicissitudes, foi o que aconteceu comigo... Talvez não seja a atitude politicamente correta, abominável para tantos, mas no caso específico, acredito ter sido fundamental para minha evolução. Parabéns e obrigado, mãe e também à Praça Manoel Bonito.

1 comentários:

Unknown disse...

Aristeu,nossas mães são os nosso porto seguro onde atemos nossas amarras nas certezas que os laços jamais serão desatados.São os nossos colos que nos aquecem a alma onde repousamos nossas tristezas e alegrias e os desabafos nas certezas das não repreensões.
É o ombro,que em suas magnanimidades suportam todos os nossos pesos de nossas fraquezas que elas se faz presente.Mãe é a procriação do mundo.

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