TRADUÇÃO DE PARTE DA IMAGEM: OS
PREFEITOS SEJAM BONS
Antes deste
meu particular relato sobre a “Marcha Contra a Corrupção”, em Araguari, quero
contar outra história introdutória:
Na pequena
cidade de Assis, à época elevada à categoria de Vila, havia um mosteiro, com
maioria de jovens, dirigido pelo Irmão Francisco. Reinava naqueles jovens um
ímpeto forte para mudar o mundo como havia pedido o Maior Mestre. Certa vez, um
noviço afoito foi chamado por Francisco para, com ele, ir à vila evangelizar.
Deu gritos de alegria, enfim ao lado do grande pregador, iria mostrar sua fé
sem medida no Cristo ao mundo. Puseram-se em marcha e, silenciosamente,
percorreram todas as ruas da vila, sem falar com ninguém, e retornaram à
clausura. Francisco perguntou ao noviço o que ele achara da evangelização e,
com a sinceridade peculiar dos jovens, respondera que foi frustrante, pois não
catequizaram ninguém. Francisco então lhe explicou: - Irmãozinho, todos na Vila
nos conhecem, principalmente pelo modo da nossa veste da humildade e modéstia.
Só de terem nos vistos lembraram-se do Cristo. Evangelizar é colocar o Cristo
no pensamento e coração do outro e isto fizemos a todos que nos viram ao passo
que, se nos detivéssemos com um ou outro poderíamos não evangelizar ninguém.
O silêncio pode convencer mais que o
debate e semelhante foi a Marcha contra a Corrupção em Araguari. A cidade
parecia fantasma, mas não falávamos para as paredes. Os motoristas bloqueados
no trânsito ficaram perplexos pela ousadia de uns poucos. O organizador, Eu, o
Rauzito, o Zé Ramalho, O Gabriel, o Pensador, o Gonzaguinha e tantos outros
estávamos presentes.
Havia gente de fora, da capital, araguarinos
esperançosos que viajaram com este fim. Vontade de voltar e encontrar uma
cidade mais digna.
Havia pré-candidatos ao cargo
principal do município e a beleza de uma, quem sabe, futura primeira-dama,
tinha que ser reverenciada. Pretendentes ao cargo de falsos fiscais do futuro
prefeito certamente marchando Pró-Hipocrisia ou representando aqueles pecadores
que atiram pedras.
O “fotografácil” repudiado, ainda na
insistência, expôs ali na concentração, nossa Araguari – Imagens que eram pra
representar o descaso dos nossos governantes, mas que no seu clique mágico e
doutros congeladores de instantes, mostrava na arte irretocável a majestosa
urbe maltratada, mas que não agoniza.
O desinteresse faltou à marcha. Conheci
amigos virtuais que se mostraram contentes com minha presença e correspondidos.
A minha musa da CLI, a funcionária
delatora que não conseguiu engolir duplo marmitex, aparentemente frágil, corria
e pulava debaixo de um sol da sua grandeza. Sua voz rouca, certamente pelos
inúmeros depoimentos àqueles que não querem ouvir ou dar outra interpreção ao
que ouvem, dava mostra de cansaço físico, mas de elevada moral.
Pessoal do processo seletivo, ainda
não chamados, seguia à espreita e com discrição, pois retaliações aparecem mais
cedo do que se pensa no horizonte negro.
Um representante do GLBT empolgava
com a coreografia e a descontração. Por ele desvenda-se o fenômeno das
multidões presentes em qualquer Parada Gay. O povo quer espetáculo deste circo
imperdível.
Fui personagem deste enredo,
acreditem, pela primeira vez. Já participei de marchas marciais cívicas
obrigatórias, onde o olhar em frente aliado a movimentos enérgicos visam mostra
a Força Armada do Filho que entrega a vida pela Pátria.
Cheguei mais cedo e pude adorar o
Grande Palácio vazio onde, certamente, no transcorrer de atos emanados, tais paredes
majestosas cobrem orgias com os bens que deveriam ser públicos.
Marcharam crianças e velhos. Alguns com
dificuldades na locomoção e eu até saltitei.
No meio daqueles cinquenta um
chamou-me mais a atenção. Era um garotinho de seis anos que terminou
preenchendo um cartaz que a mãe iniciara. Ele mesmo produziu seus dizeres e
empunhou seriamente seu protesto pelo circuito do poder - Câmara-Prefeitura. Ao
fim dar Marcha eu requisitei o cartaz com pretensão de emoldurá-lo como o maior
troféu obtido contra a corrupção.
Naquele menino, “subversivo precoce”,
senti que a terra parou. Entre os inúmeros propósitos o mais verdadeiro era
daquele, talvez o único imaculado que poderia jogar pedras nos corruptores.
Ao sentir naquela criança o brilho “intimidatório”,
confeccionei mais um cartaz e levantei sem qualquer receio. Nele dizia: A
CORRUPÇÃO PODE TER FIM. EU LARGUEI.
Ainda assim fico com a pureza da
resposta da criança do cartaz: QUE OS PREFEITOS SEJAM BONS.
4 comentários:
A magia da "Marcha" ficou mesmo por conta dos inúmeros abraços e da alegria de se sentir cidadão: custe o que custar.
Minha alegria pessoal de rever e novamente abraçar Aristeu, Mirian Lima, Sandrinha, Rodolfo Paranhos, Glaucio Henrique Chaves, Marcus Vinícius, Leandro Cesar Maniezo, Dilson Martins, Rafael Kesler, Raul Belém, Amanda Belém, Werley Macedo, e tantos outros.
Cidadania é assim: compartilhamos nossos defeitos, nossos sonhos, nossas diferenças e, acima de tudo, nossa crença de que um mundo melhor depende apenas de nós.
AMEIIIIII......
NOSSA O CASO DO MENININHO EU NÃO TINHA VISTO, Q LINDOOOO, NOSSO BRASIL TEM FUTUROOOO......
Nossa que lindo...valeu muito a pena ter lhe dado esse cartaz...depois de palavras tão belas na verdade foi uma honra.
''e eu fico com a pureza das respostas das crianças...'' obrigada por palavras tão belas!
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