quinta-feira, 19 de abril de 2018

Aloísio de Araguari



"- Alô, Isio?
- Fala, Bão de Breu."

Era assim que começava nosso diálogo à distância ou não, eu e o Aloísio Nunes de Faria.  Eu estive na casa dele uma única vez e ele também na minha. Graças à virtualidade tivemos um relacionamento relativamente sério, dois brincalhões, por cerca de quinze anos.
Certa vez um médico passou doença venérea para a esposa e eu comentei no Blog do Aloísio que achava que quem passava doença venérea era o venerável. Pronto. Ele morreu de rir. Era maçon e contou para o Antonio Fernando Peron Erbetta, outro monstro da história de Araguari, também maçon. Só que o Peron não gostou da brincadeira e chamou-me a atenção duramente. Depois de muitas explicações, de que eu apenas brincava com a morfologia das palavras, o Peron ficou meu amigo e até me ensinou como ser maçon. Só amigo dele já estava de bom tamanho. Passei a frequentar o Blog dele de nome Ponto de Vista e perturbei bastante. Deve estar lá no alto esperando o irmão Aloísio.
Era um tempo de internet discada mas trocávamos bastante figurinhas. Eu o conheci através do Antonio Marcos de Paulo, o melhor auditor araguarino. Em Brasília, o Marcos insistiu para que eu escrevesse para o Blog do Aloísio que tinha o nome de Panorama, vindo posteriormente a se chamar Portal de Araguari. Como gostava da palavra Araguari!
Durante algum tempo minhas crônicas eram exclusivas do Panorama de Araguari, mas ele mesmo ensinou-me a ter o próprio Blog e, desde então, ele pegava meus textos e os reproduziam, sempre na íntegra. O lado político dele era o Jornalismo, tal como Mario Nunes. Foi através dele  que conheci o Mário Nunes Júnior, outra lenda viva, e pude participar, com muita honra, com três páginas no livro "Sou Mário Nunes, de Araguari".
O Aloísio, certa vez, teve a idéia de um projeto, em que se publicaria, pela FAEC, um livro sobre Araguari, crônicas diversas, onde os quatro colunistas do seu Blog, cada um, apresentaria dez crônicas. Era eu, a Marília Alves da Cunha, Dr Neiton de Paiva Neves e um juiz, não lembro o nome, que à época estava no Espírito Santo. O nome do trabalho seria  "Quatro Cronistas e um Blog". Não foi adiante porque ele assumiu a Presidência da FAEC e não era moral, talvez nem legal, executar obra onde havia o seu interesse. Lisura residia ali naquele senhor de meio sorriso constante, pronto para se abrir inteiramente.
Visitando o Aloísio, ele me contou um episódio com o Raul Belém, Pai. Aloísio era dono do Jornal de Araguari  e foi entrevistar o deputado. Ao chegar o deputado deu-lhe uma lista de perguntas que eram pra ser feitas. Aloísio, de pronto, disse que quem fazia as perguntas era ele. Se o deputado quisesse elaborar as perguntas, que fundasse um jornal para ele. O deputado disse que não precisava fundar nenhum jornal, bastava comprar o Jornal do Aloísio. O Aloísio, imediatamente, pôs preço e o Raul Belém comprou. Hoje, um tando das comunicações araguarinas, é espólio do Raul Pai que está no Plano mais Alto, Planalto.
Outra coisa interessante que vi foi ele diagramando uma edição de jornal. Havia muitas propagandas e eu lhe dei os parabéns por ter tantos patrocinadores. A resposta foi uma decepção: " - Que nada! A maioria é gratuita. É só pra preencher o jornal. O custo é de quem tem paixão."
Eu ainda o visitei na FAEC e orgulhosamente ele percorria os andares do antigo BEMGE, mostrando-me o acervo de patrimônio histórico e então me levava numa feira permanente de artesanato. Sempre comprava alguma coisa e mais uma garrafa artesanal de cachaça de nome RETIRO VELHO.
Deus retirou o velho Aloísio do nosso convívio, mas lições permanecem pra quem teve a oportunidade, de com ele, ser feliz. Viveu... por tal de Araguari!



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