segunda-feira, 25 de março de 2013

Jornal Observatório nº 1 - Página 1



 

ONTEM, HOJE E AMANHÃ – DIA DA MULHER


                Minha esposa, sempre cheia de dotes, salve salve, num tempo duro de nossas vidas, fazia salgadinhos, bolos, vendia roupas e outras atividades lucrativas para complementar nossa renda familiar, sempre no recôndito do lar. Eu ia para o trabalho bem cedo e retornava na boca da noite. Na escola do meu filho caçula perguntaram as profissões dos pais e ele prontamente respondeu que o pai era militar e que a mãe não fazia nada.
            É assim o dia-a-dia da mulher em geral com tarefas tão necessárias e que quase não contam pontos ou não são notadas. Oh! Glória!
            É atribuída a Jesus Cristo, não sei mais onde li, pois não consta dos evangelhos, a seguinte frase: “Bendita seja a mulher, pois de uma só poderá nascer uma nação inteira.”
            A mulher, que teve na costela do homem, uma matéria-prima mais elaborada que o barro, é este ser que dá vida, de sexto sentido, que embeleza, transforma, perpetua e se sobrecarrega de tarefas que nunca dantes a pertencera. Ela abraça a causa, afaga as lágrimas e desmancha-se em sorrisos por um mero e aquém-elogio do seu merecimento.
            A mulher é mágica e, como agente modificador do ambiente por inteiro. Segue pacificamente mudando a face do planeta.
            A sociedade que, por milênios, a trancafiou no recôndito do lar, não poderia ir muito longe mesmo sem a mesma como ponta de lança.
            A mulher é amiga da dor, companheira do silêncio e vítima de destemperos daqueles que mais sugam de sua seiva. Ela crê facilmente naquele que pouco tem a ofertar-lhe além de falsas palavras. A sua luta tem desenvolvido mecanismos de proteção e o seu real valor vai ficando escancarado e vai paulatinamente calando os que antes se diziam fazedores do progresso.
            A mulher simplesmente não saiu de casa, mas invadiu salas de universidades, mercado de trabalho antes restritos, parlamentos, paisagens do dia-a-dia, o código de leis, os corações, os céus...
            A mulher cuida da saúde e expõe suas dores sem qualquer constrangimento.
            A mulher se exercita com a vestimenta e perfumes adequados nas passarelas urbanas das caminhadas “matino-verspertinas”, apesar do dia escaldante que enfrenta como atriz principal de vários papéis no palco da vida.
            Nos templos religiosos elas são maioria esmagadora. Elas vivem mais que os homens e, apesar de muito ter penado nas mãos de tantos, sente saudades do algoz.
            O perdão é uma de suas armas mais usadas nas guerras de sua existência.
            Elas estão em maioria nos asilos por sempre estarem sujeitas ao não incomodar os outros que tanto incomodaram.
            Elas são minoria nas prisões, mas não deixam nunca de estarem cativas.
            Vivemos a Semana da Mulher que se confunde com a mãe, com a filha, com a mendiga, com a doutora, com a presidenta, com a dona de casa, com a internada, com a de cara sofrida e a com cara de burca... Reverências mil, sempre!

domingo, 10 de março de 2013

Calçada difama



PASSIVIDADE E PERMISSIVIDADE


            Estamos cercados de problemas por todos os lados, não só pessoais, mas inclusive coletivos.
            Se um idoso não tem preferência no atendimento a gente deixa pra lá afinal ainda não chegamos nesta fase.
            Se a educação via mal, não nos afeta, pois os filhos estão formados, empregados e os netos vão pra educação privada.
            As drogas não existem na nossa família, mas ainda podemos ser vitimados por usuários contraventores.
            Até então, embora ciente das dificuldades de locomoção para quem usa cadeiras de rodas, não havia sentido na pele este contratempo. Nossas calçadas goiandirenses, tão mal feitas ou mal conservadas ou não feitas, jogam até os pedestres normais para as pistas de rolamento.
 
Carros estacionados sobre as calçadas são uma constante. Existem aqueles veículos parados há tantos anos no local, inclusive decompondo-se a céu aberto, podendo, inclusive, ser foco de dengue.

Em Goiandira inclusive o posto de gasolina invadiu a calçada.
Outro dia estava observando o Wender, nosso ceguinho predileto “bengaleando” pela cidade com muita destreza. Que capacidade! Quem o vê dirá que não é deficiente, pois sabe até onde estão para serem puladas, as poças dágua da chuva. Tem toda a cidade mapeada menos os carros nas calçadas que surgem do nada. O Wender é fenômeno juntamente com sua esposa Rentatinha, também deficiente visual.

Estava me esquecendo, sei das dificuldades porque um tio idoso conta comigo para dirigir sua cadeira de rodas. Acidentou-se num tombo e merece cuidados especiais. Se for especial, este cara sou eu. Brincadeirinha...