Um projeto antigo meu era convidar alguém para cronicar e poetizar, como os repentistas de outrora, também chamados de desafios. Sem guerra, apenas paz e pena. A ideia é que a pessoa faça uma poesia ou crônica, que dei o nome de Poesônica ou Cronesia, e o outro faça uma com o mesmo tema ou inverso ou semelhante. Pra meu deleite encontrei uma artista das letras, da comunicação, uma professora, pronto, precisa dizer mais nada. Por coincidência fonética e "estórica" somos a dupla ARISTEU E JULIETE. Será este o título de um livro, caso conseguirmos material suficiente. Vamos lá!
Indecisão
O sol a se pôr ,
O vento da tarde
Me convida para voar!
Não sei se fico,
Se aceito , se ouço o que o vento sopra aos meus ouvidos.
Será que deixo a intuição falar,
O coração pedindo às alturas, a asas querendo passear.
Sem obstáculos,
Sem dias ,
Sem volta
Me arrisco a ser livre?
Quem tem asas quer ter voz,
Estímulos ,
Quer o céu ...
A noite chega, o receio de voar aumenta,
a Lua chega e me ilumina,
Me lembra que preciso sonhar.
Talvez não seja corajoso,
Quem sabe a espera de alguém que queira voar comigo.
Mas se eu perder tempo demais a espera do outro,
Não o vou pro voo...
Para o mundo da Lua que tanto desejo ir,
Preciso me reencontrar , Por isso, ganhei asas...
Comigo , silente eu vou,
ganhei a Lua
Voei
Juliete Valero
Certeza
É certo que não quero mais voar.
O Ninho é o melhor lugar!
Já alcei-me alto demais
Chega de mar, eu sou cais!
A esperança esta amordaçada
E, calada, todo sonho vira nada!
Não é que o mundo entristeceu,
Mas é sentimento maior que eu!
Há um belo por do sol,
Mas sou peixe no anzol,
Boca da noite me espreita,
Estou pronto, de alma feita!
Meu horizonte é um portal
Onde se pesa o bem e o mal.
Não é caminho de depressão:
É fim do combustível, coração!
Viverei outros voares, tormentas...
Mais evoluído não se arrebenta.
Minha existência, em forma de nó,
Gritará: Somos mais depois do pó!
Aristeu Nogueira Soares