OS PROTAGONISTAS DA NOSSA VIDA
Acabo de deliciar-me com a crônica de Rafael Kesler, estudante de Direito, escritor, 22 anos, colunista do Diário de Araguari, no link http://rafaelkesler.blogspot.com/2011/07/invisibilidade-social.html .
Um texto apropriado e o autor com uma visão privilegiada de quem observa os fatos sob um camarote especial.
Rafael, você finaliza dizendo ter fé suficiente para que toda a situação seja revertida e eu te digo que apenas fé não resolve nada. Um texto como o seu já é um pequeno feito e pode ser o início de uma obra.
Analisar uma situação tão desafortunada pelo meio televisivo, no conforto e segurança de um verdadeiro lar, serve apenas de alerta que normalmente é seguido de esquecimento.
Há de se viver junto ao drama para que nossa alma fique impregnada das mazelas existentes na nossa sociedade. É um aprendizado para sempre. Não há uma invisibilidade social, mas uma cegueira quase que total para aqueles que não querem ver, afinal “pobres sempre os teremos conosco.”
Já atuei junto à população carente, principalmente na “favela” da Estrutural em Brasília, e posso afirmar peremptoriamente que muitos seres humanos dão as mãos uns aos outros. Em meio a crianças usuárias de drogas já ouvi uma tocando violino como se fora um anjo.
Dentro de favelas percebe-se nitidamente a variedade de religiões que buscam resgatar filhos de Deus através não só da palavra, mas também do pão. Eu, por exemplo, pertencia ao movimento dos Vicentinos Católicos, mas havia também sociedades civis como ONGs ou até mesmo empresas privadas, na busca incessante de elevar ou promover tais categorias de pessoas da situação tão desumana. A Estrutural nasceu em torno de um lixão.
É muito fácil culpar os administradores públicos, mas qualquer canetada de recursos públicos, em prol desta inferior camada, é combatida veementemente por todos. É um tal de dizer que cesta básica gratuita sustenta vagabundos, mas ninguém quer dar emprego a estes desocupados. Pertencem ao lixo e que cuidem de nossos lixos, quando muito.
O transporte coletivo não entra na favela e, na verdade, nem a Polícia, ambulâncias, bombeiros, Correios ou empresas telefônicas. Se favelados comprarem um bem nalguma loja não encontrará transportadora.
Queremos sempre mais presídios para abrigar esta categoria de vizinhos desagradáveis, desde que tais presídios fiquem bem longe de nós.
Falando nisto, se os governantes atuarem e construírem escolas ou postos de saúde no seio desses eleitores miseráveis, hão de faltar professores e profissionais de saúde.
Haveremos sempre que bradar por reformas, mas só mesmo o amor pra reformar o ser humano que, uma vez reformado, não haverá mais o que reformar.
Abra o olho, não para a televisão, mas para aquele que te vê por baixo, pois alguém na nossa esquina esmolando é o nosso próximo – o protagonista da nossa ascensão a Deus.