domingo, 28 de fevereiro de 2010
Se sobrar tempo o que farei?
MINHA AGENDA NÃO É DISPONIBILIDADE ZERO
Como não acredito no acaso, dia 04 de fevereiro, o destino traçado trouxe até minha casa, em Goiandira, reforço de idéia porque não tenho outra, o ilustre senhor jornalista araguarino, editor e amigo, Aloísio Nunes de Faria, além de patrimônio cultural itinerante, lógico.
Foi uma surpresa agradável, mas nem sobrou tempo de estender o tapete vermelho ou coar um cafezinho. Ao menos se refrescou do calor reinante com um sorvete caseiro, porém sem tempo pra escorrer o xarope como cobertura.
Os assuntos fervilharam em minha cabeça, mas poucos foram comentados devido à pressa do grande homem e das suas imensas responsabilidades. Um exemplar fresquinho do “Gazeta do Triângulo” foi trazido e tomou-me parte da tarde em leitura. Não gostei de uma foto da cidade de Araguari, em primeira página, mostrando Caldas Novas como destino onde, com certeza, a caldeira infernal esteja fervilhando ainda mais.
A vinda de tão grata personalidade, apurada por alto, a um minúsculo lugarejo, deve-se ao fato de ser membro colaborador do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Veio, portanto, a trabalho com fins de coleta de informações inerentes à restauração de uma antiga estação ferroviária de Goiandira. Só deve ter aceitado tal missão sabendo que poderia estar comigo um instante sequer. (risos cínicos)
Ele, espantado com a pequenez e tranqüilidade do município, perguntou-me o que eu faço pra matar o tempo por aqui. Respondi-lhe alguma coisa rapidamente, mas agora completo meu relatório de tarefas. Não há vínculo com a obrigatoriedade no cumprimento destas missões, mas um compromisso verdadeiro com a gratuidade.
Não ambiciono qualquer remuneração ou cargos e estou em busca de salvar a minha alma. Para a manutenção do corpo estou garantido, porém sem doenças que me acometam. Vamos ao meu roteiro de ocupação:
01) Todos os dias posso ter ações voltadas à religião, no caso o Espiritismo. Tais como visitas domiciliares a doentes, estudo do Evangelho, Distribuição de Sopa e donativos. O que me cabe, em especial, é uma relatoria das atividades do Centro.
02) Uma pretensa obra literária, intitulada “Aventura Ferroviária”, também toma meu tempo, pois tenho de visitar antigos ferroviários para ir preenchendo lacunas de uma história linda. Enquanto restauram monumentos de pedra eu procuro restaurar a vida daqueles homens de ferro que tinham nestes monumentos a vida depositada.
03) Também costumo me disponibilizar para o transporte de pacientes em tratamento à cidade de Catalão, mais próximo socorro.
04) O espaço compreendido num somatório aproximadamente de três horas destina-se às análises internéticas de leitura e de digitação. Frequento meus favoritos e atualizo meus blogs.
05) Sou “Amigo da Escola” e desenvolvemos o Projeto “Jornal na Escola”. Além de outras contribuições sou o designado para lastrear o editorial, chamado de Carta ao Leitor.
06) Ajudo nas tarefas domésticas e garanto que é o serviço mais duro.
07) Frequento as reuniões da Câmara e clamam-me no Rotary.
08) Planto, colho e distribuo horti-fruti-granjeiros aos próximos.
09) Podo e aguou grama, além de olhar nas árvores ou postes e conferir os pássaros.
10) Beijo a sogra e tenho pesadelos, não exatamente nesta ordem.
É mais ou menos assim e, como criança, não me esqueço de inovações sempre.
Tal agenda está sujeita a alterações tendo em vista que a Casa da Cultura deseja-me de mãos dadas no Projeto recém-implantado: “Pequenos Leitores, Grandes Escritores”.
O Asilo também merece minha atenção e esporadicamente contribuo para com os sorrisos desdentados, mais ainda, não demora muito, deverei vencer sóis e luas ao lado deles.
O resto do tempo eu descanso, leio e escrevo, de novo não exatamente nesta ordem.
Tenho uma providencial rede de balanço posicionada estrategicamente – meus pés apontam pra Catalão, minha cabeça remete-se a Araguari e Goiandira me embala.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Bom Apetite!
ALMOÇO E JANTAR NO ASILO
A falta de tempo nunca será um bom álibi para a ausência de caridade.
Um amigo meu que mora fora da cidade, mas com raízes profundas em Goiandira, autorizou-me a promover um almoço no Asilo com as despesas por conta dele.
Procurando a Presidência da Instituição informei-me do cardápio preferido e da respectiva lista de compras.
Um porém fez-se presente, pois para doação haveria a necessidade de se doar alimentos suficientes para o almoço e jantar sendo que o jantar acontece com as sobras do almoço, inclusive com adição de quatro funcionários. A relação era simples que não vi problemas neste sentido.
O Cardápio preferido dos dezoito internos resume-se a arroz, feijão, maionese, frango ao molho, macarronada, salada de tomate, refrigerante e, como sobremesa, Romeu e Julieta.
Mais modesto ainda o total da despesa que não chegou a R$91,00 (noventa e um reais).
Neste almoço estarei com os velhinhos no Domingo de Carnaval.
É fácil fazer caridade e, ainda por cima, barato.
Muito obrigado, amigo e quaisquer outras coisas, no quesito de amor ao próximo, estamos prontos. Que Deus não te poupe jamais de tais ações.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Aventura Ferroviária VII
O Trem Assassino
Quando se trabalha coletivamente, principalmente com o gênero masculino, apelidos substituem o nome registrado em Cartório. No interior, então, o apelido é que dá aval de correspondência à pessoa, sendo possível, inclusive, que alguém jamais seja conhecido pelo nome verdadeiro.
Nosso personagem irrequieto do momento, Aristides Patrício de Oliveira, é conhecido por Nova Aurora, sua terra natal.
Este homem de ferro trabalhou inicialmente na “Vila Permanente”, uma empresa terceirizada que tinha contrato indeterminado como conservadora de linha junto à Rede Ferroviária Federal SA (RFFSA) – recordo de um amigo meu que traduzia assim: Roberto Foi “Faqueado” Sábado Atrasado.
No ano de 1970, porém, efetivou-se à Rede por meio de concurso para o cargo de Auxiliar de Manobra, tanto em Goiandira quanto em outras estações circunvizinhas.
No ano de 1975 foram elevadas suas responsabilidades como Manobreiro Especial. O Manobreiro tem como função formar as composições no pátio ferroviário e adjacências – engata, desengata e muda de linha.
No fim de 1980, por graça, camaradagem e benevolência, o Chefe de Estação Lázaro Davi, já mencionado em capitulo anterior, permitiu que ocupasse, como moradia, uma parte da Estação de Goiandira.
Por um período de quase doze anos trabalhou e acordava com o cantar do trem em movimento e frenagem.
Suas filhas relembram as dificuldades da infância. Os corações nostálgicos umedecem os olhos ao recordarem dos passageiros do Trem Misto que, pela janela, atiravam-lhes biscoitos, bolachas e outras iguarias. Naquela hora iam brincar de “cozinhadinho”, mas desta vez o “tomatinho de tapera” não seria o ingrediente principal.
De 1992 a 1993 mudou-se para outra casa, desta vez na Estação de Ferro Goyas.
Pôde então adquirir moradia pra onde se mudou e reside até os dias atuais perturbando a vizinhança. É um incansável inventor com atividades barulhentas na sua oficina de quintal nos dias úteis, feriados e dias santos – Fez-me, com total aprovação, uma raladeira de milho com motor de tanquinho de lavar roupa.
Aposentou-se com quase vinte e nove anos de serviço, em 1995, à época da privatização, quando, na realidade, bastavam apenas vinte e cinco anos de serviço. Ainda havia de se lhe somar o tempo de “penosidade”, acréscimo similar à insalubridade.
Existem aqueles que o chamam de bobo por ter trabalhado tempo a mais e, com disposição septuagenária verdadeira, afirma que saiu obrigado, pois trabalharia até morrer na ferrovia, caso deixassem e não tivesse ocorrido o fim da mesma.
Antes da Rede foi trabalhador rural e servente de pedreiro.
Como tantos, ele também aprisiona alguns passarinhos cantadores e desabafa-se com um papagaio falador, principalmente em dias de muito calor.
Lastima-se devido a Rede não ter tido órgão atuante na segurança e prevenção de acidentes, única falha administrativa talvez. Muitos colegas foram mutilados por falta de material.
Numa escala apertada, quase sempre 24x24, dia sim-dia não, em estações com pouca visibilidade, principalmente nas atividades noturnas, teve a seu turno quatro acidentes, sendo três fatais. Normalmente as vítimas eram pessoas bêbadas que ficavam caídas nos trilhos. Doía-lhe recolher corpos aos pedaços de pessoas conhecidas e de bem.
Além da dor de uma culpa inexistente ainda era convocado a comparecer em juízo sem acompanhamento de advogados e com a obrigação de inocentar a Rede de tais óbitos.
Fim da entrevista e, ainda sem mesmo ter alcançado o outro lado da rua, escutei o motor de esmerilhar sendo ligado e o papagaio pedindo sorvete.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
BBB - Um cordel de um baiano
"Big Brother Brasil, um programa imbecil"
(ANTONIO BARRETO)
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
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