segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Já que é tempo de poesia


A arca que não é

O mundo imundo e errabundo aos olhos cai.
Para a lama se esvai. Pára a lama! (dissabores)
Corrupto ou corruptor são ininterruptos cassadores,
São da bancada – que mancada – saltimbancos relatores.
CPI, CP VAI, CP CHEGA, CP CEGA, CP NEGA.
Navegar é preciso e na nave não há juízo.
A Procuradoria, com sabedoria, procura a Corregedoria...
Ia... Ia... Ia... O rio seca e transpõe o monte...
Vira estrada e o supremo aponta o super remo.
O Senado, ainda blindado, bóia sem horizonte!
A imprensa prensa o que pensa, mas não pensa.
A manchete mancha e se repete... e some...
... Outra notícia a consome: A polícia pega o pó e alicia.
O Congresso digresso é salvo do réu-confesso;
O presidente, água ardente, não presente;
O povo armado, de novo estorvo, na urna labuta;
A Câmara dos Deputados...

domingo, 28 de novembro de 2010

No "Portal de Araguari" tem outro final


Tudo Bem!

Teve um tempo de bonança
Em que se vivia com vintém.
Hoje toca e não se dança
E a gente exclama: Tudo bem!

Nosso plano de saúde
Era um chá de qualquer trem
Aliado a um Deus-te-ajude.
Hoje morre na carência e tudo bem!

Quem mandava era o coronel.
Só ele e mais ninguém.
Hoje somos escravos do papel
É autentique e tudo bem!

Tem a fila lá do banco,
Do hospital e do armazém.
De fila não se passa em branco,
Mas ela anda e tudo bem!

Na escola do passado
Professor era Seu Alguém.
Hoje é ameaçado,
Ele apanha e tudo bem!

Hoje fica-se mais perrengue
e por um pouco vai ao além.
Mata o câncer e mais a dengue.
Estou vivo - tudo bem!

A Cidade Maravilhosa
Está dominada também.
A segurança é vergonhosa...
Sou doutro estado - tudo bem!

Igreja pra todo lado,
Tanto irmão e tanto amém.
Pastor e bispo endinheirados
Dão-me o céu e tudo bem!

Pai e filha são nubentes.
Todos filhos são harém.
Muita cabeça doente...
É com os outros - Tudo bem!

Jogar bola é uma mina
E também casa-se bem.
Mulherzão que alucina
Pago o ingresso e tudo bem!

A corrupção anda larga
E do imposto sou refém.
Esta minha sobrecarga
Tiro do próximo e tudo bem!

Hoje é dia de Raimunda.
Tratam amélias com desdém.
Glúteo na tela de segunda a segunda
Compro a revista e tudo bem!

Vai ter guerra no oriente.
Quem vê jornal se entretém.
É num outro continente
E sendo só lá tá tudo bem!

Terremoto e furacão
Em um constante vai-e-vem
Treme e sopra outra nação,
Mas no Brasil tá tudo bem!

A natureza não demora
Há de nos cobrar porém,
Pois pimenta no do outro
Há de arder no meu também!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A diretora Lêda



O Ledor

A Escola é uma Igreja
Veja bem por qual razão:
É um Céu de conhecimento
E tem anjinhos de montão.
Tem a Pública e a Privada
Enchendo nossa bagagem,
Mas o destino do ensino
É a eterna aprendizagem.
E o preço da passagem
Nessa tão grande viagem?
Dinheiro não é paga
À tonelagem dessa carga.
Aproveite o quanto possa
A beleza da paisagem.
Fui aluno muito pobre,
Mas aprendi a lição
No caminho lá do Grupo
Com perfeita exatidão
Desenhava meu pezinho
Na poeira pelo chão.
Um conselho, oh fedelho,
Para a sua abolição
É amar a leitura
E nela por dedicação.
Lê de tudo quanto possa,
Pois é essa a solução;
Há quem lê da mão nossa
O futuro da Nação.
Lê da Escritura a verdade;
Lê da Cartilha o Bê-a-bá;
Lê da Lei o inocente;
Lê da vida o que há.
Lêda, cara Diretora,
Que não quer se aposentar,
A ânsia por mudanças
Do Brasil... do seu mundinho...
Através de uma criança
Mantém viva a esperança
Que rosas não dão espinhos
Do Jardim da nossa infância.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dez a fio


Enfio e afio

Caro amigo seguidor,
Poesias também aprecio,
Tecê-las me é um favor,
Cada uma é um desafio.
Se o fio da meada me agrada
A tudo num instante renuncio
E a uma nova empreitada
Minha atenção eu desvio.
Por um pouco de rima
Confesso que até parodio,
Mas me inspiro Lá Em Cima
NAquele a quem sempre confio,
Nossa vida é uma teia
Ou então um mar bravio.
Um sangue quente na veia
Ou um eterno vazio,
Mas tendo o Amor como tudo
Num instante me inebrio,
A teia vira um escudo,
O sangue, num sopro, resfrio,
O vazio se extasia,
O fio terra é poderio
Contra toda energia.
O fio pode ser uma canção
Ou um simples assobio
Um fio de cabelo na mão
É um DNA que copio,
A corrupção parece fio invisível
E a FioCruz tem seu brio.
Eis a verdade possível:
A evolução não quer fio...
Telefone sem fio,
Mouse sem fio,
Internet sem fio,
Microfone sem fio,
Quando muito meio-fio.
E na rede ponho meu perfil,
mas às vezes desfio,
Atrofio? e de novo fio...

Assinando a matéria



Dados curriculares

Muitos escritores e ou compositores lançam mão de pseudônimo na assinatura de um artigo ou composição. Isto se dá a vários fatores de preservação do autor, inclusive de cunho político. Em concursos de poesias, por exemplo, exige-se a utilização de pseudônimo, por parte dos concorrentes, para que integrante de banca avaliadora não se direcione a algum conhecido. Lembro-me que, nas minhas primeiras aventuras poéticas, escolhi o pseudônimo de Corinthians. Escolhi tal nome com o intuito de enganar mesmo já que meu time é o Flamengo. Corinthians também dá mais credibilidade por ser um nome bíblico e ainda, no meu caso, termina com as letras "ANS" as quais seriam a abreviatura do meu nome por inteiro - Aristeu Nogueira Soares. Muito criteriosa a minha escolha.
Quando adentrei como cronista do Panorama de Araguari, antigo nome do portaldearaguari.com.br, o amigo oportunizador e terno editor Aloísio pediu-me um modo de apresentação para assinatura, em rodapé, do espaço concedido. Lembro-me que à época disse-lhe que bastava colocar que eu era um ex-engraxate de Araguari.
De lá pra cá deu no que deu e muitas matérias foram publicadas. No transcurso das mesmas desfilei de coração aberto minhas várias facetas, minhas mazelas, meus sonhos em torno de um progresso social e pessoal, inclusive moral com pouco sucesso. A verdade é que sou metido a querer saber um pouco de tudo, a satirizar o desconhecido, banalizar o complicado, serenizar os afoitos, açoitar com poesias o torto e o direito, mas nada maior há que ex-engraxate de Araguari. A explicação vem a seguir.
Fui moleque mais travesso que obediente. Fui aluno adiantado que se perdeu. Chutava de "bicuda" e só encaçapava no meio da mesa. Fui irmão de uns dois quando éramos nove além de filho de forçada emancipação. Militar de uma vida inteira sem batalhas. Escritor sem livros. Garçom sem gorjetas. Agrimensor sem terras. Sorriso sem brilho. Choro sem lágrimas. Caminheiro sem destino. Medo sem causa. Beco sem saída. Padeiro sem bigode e sem queima de rosca...
Ex-engraxate eu o sou, meu primeiro ganha-pão. O tilintar daquelas moedas causavam-me maior alegria que todas as quantias oriundas do Governo Federal em salários de uma vida.
Meus amigos de coluna de lá e tantos outros autores, nos dados bibliográficos em fim de matéria, são as suas últimas profissões, com mérito sem medida, diga-se de passagem: Um é Juiz consagrado escritor, outro Advogado melhor prefeito e a educadora inconteste cidadã, mas eu me apresento pelo primeiro ofício - Ex-engraxate de Araguari. Não por modéstia ou humildade, mas mais uma vez por ser petulante. Não me faço assim o menor, mas imito o Maior Mestre: Enquanto Ele lavava os pés dos discípulos eu o imitava ajoelhando-me aos pés dos sem graxa e reluzia o sol com a justa medida da multiplicação dos pães necessários à minha sobrevivência de cruzes.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Árvore de Natal

Na voz de "Avô Rai" do Zé Ramalho


OS MALES

São tantos males distribuídos pelo planeta...
(1) É o capeta, é o capeta.
Eu sou culpado, mas tenho dó do meu irmão.
Essa sina de chacina é pelo pó e para o pó vai o cristão.
Em cada cela, heróis de guerra: os generais...
(2) É satanás, é satanás.
Países são criados num acordo de maiorais
Outros são massacrados e divididos pra nunca mais
Bem vivo hoje porque não creio no amanhã
(3) É o satã, é o satã.
Ano dois mil está aí, mas Sodoma vai reexplodir,
Está uma zorra e Gomorra vai sucumbir.
Não sou profeta, é só questão, de ter visão
(4) É o cão, é o cão.
Digam-me onde que se esconde meu libertador,
São tantas seitas que me aceita e posso entrar como pastor.
São as seminuas no meio da rua por quem me acabo
(5) É o diabo, é o diabo.
Falar da fome para o homem é de amargar
Ele afirma se dividir quem vai levar é que vai ficar
A dúvida que vem do norte espalha forte por todo sul
(6) É belzebu, é belzebu.
A mentira tem pernas longas esta é a verdade,
Com a falsidade ninguém se mete, pois teme as mortes que são manchetes.
A vida fácil e a riqueza sem o trabalho é o que espera?
(7) É besta-fera, é besta-fera.
Este Jesus que esteve na Cruz tem que descer,
Fortalecer nós pobrezinhos de pouca fé
Pra que de pé tenhamos força pra assistir
Ele repartir todos aqueles que são teus
(Ele é Deus, Ele é Deus)

domingo, 7 de novembro de 2010

Homem Digital


SHIFT DELETE - Na urna eletrônica tinha que ter este comando.


Todo aquele que restaura um HD, homem digital, retrocede e não crê no potencial de transformação da natureza, mesmo além da matéria.


Não sei se acordei meio down ou meio up e-mail load, sei que fiz uma limpeza na minha área de trabalho, sem dó nem piedade. Quantos ícones que pouco representam e que vão tomando espaço, um mega espaço, reduzindo-nos o tempo de poucos "bits" que nos resta.
O Shift Delete não permite arrependimento. O que ele apaga nem à lixeira vai. Muitas foram minhas vítimas neste tresloucado comando de renovar passado-me pelo arquiteto orkutiniano de Araguari - Alessandre Campos.
Apagar dá trabalho e é um ato que nos leva a rever certos conceitos, certas posições, certos ideais e certas amizades.
Queria também poder dar shift delete na minha memória, cada vez mais decadente, mas ela auto se realimenta - É um HD de vida própria que nada apaga. Está sempre on line mesmo que eu esteja off egante.
Quando a gente se põe a cumprir uma tarefa de renovar, Alessandre Campos, fique sabendo que não é fácil. Um comando diferente que nos impulsiona deve ser ativado.
Quantos arquivos, no cyber espaço, maldizendo Lula e Dilma e PT e Vice-e-Versa estavam truncando minha máquina e agora todos estão aí, no mínimo, por quatro anos, sem que eu possa shift deletar da minha verdadeira vida!
O renovar virtual adentrou meus documentos, minhas imagens, meus vídeos, meus favoritos e agora há um vazio a preencher. Suspeito que irei ressuscitar estes mesmos meus fantasmas.
Ainda assim a vida não anda e terei que praticar o temível finalizador de tarefas e processos chamado control alt delete. Uma eutanásia que, diante mão, não adiantará nada apenas reiniciará a carroça sem consertar a roda quebrada.
Em vez de renovar proponho uma vida nova - Um format C.
Num "FORMAT C" todo o espaço torna-se disponível, mas o tempo continua perdido.
Que nesta nova existência o navegador seja a gente mesmo e não alguém de uma janela.